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Ninguém
nos diga que não há passagem
para além de nós e nos antípodas;
há sempre um lugar onde a alunagem
e a finisterra são recíprocas...
Não nos intrujem com mapas só de alúmem
ou skys de estrelas para a lua;
vossas mentiras logo em si resumem
haver dentro de nós já essa rua...
É bem de terra o sangue e o asfalto
que em nua mão levamos à fronteira;
e é descalços que vamos e a salto,
faca nos dentes, à cinta a cremalheira...
Arredem pois da frente e sobre nós,
borrem-se de medo ou esperança
pois bem sabemos dos contras e dos prós
que vos salivam os cornos e a pança...
Vamos já a caminho e são verdes
os rudes focos das nossas lanternas
e já latis de raiva por não terdes
a elasticidade firme destas pernas...
Porque afinal vós sois os manquejoulas,
os que cedestes já vossas muletas,
o chiadoiro, o rabo e as gaiolas
em que os mandões vos doiram de grilhetas!
Pinto
da Costa - Aveiro, 1988
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