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Vejo-os passar
Arrastando os pés,
Carregando mágoas,
Arrastando dores…
Olhos sem vida,
Olhar sem sonhos –
Tanta ilusão perdida! –
Mudos, tristonhos,
Lá vão, iludidos,
Pelo mundo esquecidos,
Os pobres coitados
Tão perto do fim,
Do fim de pecados
Que não cometeram,
E nem foram culpados.
Tristeza, má sina,
Desgostos…enfim,
Lá vão carreando…
A chegar ao fim.
Já foram crianças.
Tiveram paixões,
Gostando da vida
Plenos de esperança,
De amor, de ilusões…
Os anos passaram.
A vida voou…
Paixões se apagaram.
O fogo acabou.
Os filhos, os netos,
Já não os procuram.
Proscritos da vida,
Párias do amor,
Corpos sem tectos
A esconderem dor,
Só vão ter descanso,
Só vão ter flores,
Quando a vida for.
Acabam-se as dores.
20-01-2005
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