|
|
|
|
Um
cigarro
|
|
O fumo do meu cigarro é azulado;
o cigarro é branco, com ponta em fogo;
é manso, deleitoso, mas sabe a logro.
Distrai, o companheiro amaldiçoado.
Para mim, não é vício, o meu cigarro;
falso, é engano que me não engana.
É doce, é acre, queima sem chama.
Faz-me companhia, a ele me agarro.
Sozinha, sentada à mesa do café,
sigo, distraída, o fumo azulado
e seus requebros de vetusta chaminé.
A dama, à minha frente, olha-me, contrariada.
Através da fumaça... sei quem ela é:
fuma os seus cigarros... mas é viciada.
Aveiro, 1990
|
|
|
|
|
|