Melancolia

porque moras dentro de mim,
nesta casa desarrumada,
duma dona sem gosto?
Porque não vais de abalada,


nas asas do vento,
procurar outro posto,
outro tecto, outro alojamento?
Deixa-me ser como fui:


morada do optimismo,
mobilada a preceito,
com francas gargalhadas
e alegria no peito...
viver sem ti,
viver a meu jeito!


Vai-te, vai-te, melancolia;
leva contigo a escuridão desta noite,
para eu ver, dentro de mim,
a luz do dia.
Vai-te, vai-te embora, melancolia...

               Aveiro, 1993

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