Mar! Como é belo o mar
numa tarde de inverno e sem nuvens.
Mar! Infinitamente misterioso,
canta baladas em som agudo, mas harmonioso.
Praia de areia fina e branca...
O mar te beija, te sorve, te morde
com suas ondas (corpos sem bocas),
satisfazendo, com raiva, suas ideias loucas.
Mar! Beijas a praia em suas entranhas.
E a praia te recebe, humilde e submissa,
tal como uma Mulher, sem forças e cansada,
recebe o seu Senhor, dócil e resignada.
E o corpo da praia fica rendido
à embriaguez do mar embrutecido;
fica húmida daqueles arremessos,
gemendo, baixinho, lúgubres e tristes versos.
Praia de areia fina, o Mar, teu apaixonado,
é brusco, barulhento; é um punhal
cravado no teu seio, aberto ao seu Senhor.
E esse viril amante, vem, afinal,
beijar-te, hora a hora, fiel em seu amor.
Praia da Vieira, 1953