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«Para que canto do
Mundo levar o meu sofrimento?
Onde esmagar a minha própria voz?
Ah! Deus! Onde me conduziste tu?»
O grito desesperado,
Terrível,
Desce da terra ao mar,
Por entre os olivais;
Sobe da terra ao céu,
Escalando montanhas.
Os olhos arrancados,
Àquele que já foi rei,
Irmão de PROMETEU
Na tragédia do HOMEM,
E, como ele, um grito,
Cumpre o voto solene.
Ecoa a consciência
De toda a Humanidade.
Sente-se o grito,
Ainda,
E a dor está lá a marcar posição.
Mas o homem não cede;
Interpreta
O grito de revolta
Como se fosse,
Somente,
A transferência inteira duma culpa,
Só sua,
Para qualquer,
Recusando, assim, compreender
Toda a Verdade,
Que arde como fogo,
E queima,
Sem permitir
Que o Homem a veja,
Para seguir
O caminho que importa percorrer
Até chegar ao fim,
Inacessível
E impossível
De atingir,
Alvo das setas loucas
Que caem no caminho poeirento,
Cheio de encruzilhadas
E ciladas
E que nunca conduz
Àquele lugar
Onde importa chegar
E donde vem
A LUZ! |