Matar
o coelho com a faca na goela (não à paulada).
Não aproveitar o sangue. Esfolar o
animal e limpar o interior, lavando-o muito bem apenas com água. Deixar
a marinar em vinho branco – ficando totalmente imerso – com o ramo
de carqueja seca, os dentes de alho, a salsa, o louro, a pimenta e sal a
gosto. Voltar o coelho várias vezes, de um dia para o outro, para
o embeber bem destes sabores combinados. No
dia seguinte, picar, muito miudinho, uma cebola de tamanho normal, para um
tacho onde caiba o coelho inteiro, e regar o fundo com azeite de boa
qualidade. Levar a lume forte até alourar. Quando o refogado estiver bem
louro, meter lá dentro o coelho inteiro, depois de limpo e escorrido da
marinada. Ir virando até ficar lentamente vermelhinho, com aparência de
assado. Acrescentar, durante esta operação, sempre que necessário, o
vinho branco resultante da marinada. Está pronto quando, ao
espetar-se a carne, esta se apresentar tenra. Deixar então secar ao
lume, no tacho, até parecer assado. O refogado, além de cebola, só leva
salsa e louro.
Receita
beirã da aldeia de Santarinho, freguesia de S. Salvador, distrito de
Viseu. A avó Maria de Jesus ensinou-a à futura neta por afinidade,
quando esta, Belmira Maria Marques, hoje com 86 anos, tinha, então,
18,isto lá por 1936. A avó Maria de Jesus deveria andar pelos sessenta e
tantos… O coelho preparado deste modo destinava-se a ser comido
nas romarias, sempre acompanhado com pão de trigo. A
carne do coelho resulta tenrinha e com a aparência de cereja madurinha. |