Fernando Távora e auto-retrato. Foto
de Guilherme Ribeiro.
Edifício da autoria de Fernando
Távora, situado na Praça da República, em frente à Câmara
Municipal de Aveiro.
Retrato da filha Luísa Teresa
por Fernando Távora. |
FERNANDO
TÁVORA nasceu no Porto em 1923 e morreu em 2005. Em 1952,
formou-se pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde fez
parte do corpo docente.
Álvaro Sisa,
seu aluno, referindo-se à sua pedagogia, disse que esta "não tem
a ver com modelos, com respostas sistemáticas, know-how.
/.../ Mas que tem a ver com humana condição, abertura,
prudência, compreensão, permissividade por vezes, dúvida,
vontade, intransigência. Um leque de contradições, a que não
bastam 180°, do qual nascem lições de Arquitectura".
Em 1963,
aquando do estudo realizado para a zona central de Aveiro, no
plano de pormenor, inovando, indicou uma forma diferente de
tratar a questão da renovação da área central. Como refere Nuno
Portas "... o canal é revalorizado, a praça introvertida e
apenas fechada para o canal pelo edifício municipal de serviços.
A torre mirante, de alcance para além do horizonte da cidade,
seria essencial à compreensão da estrutura do conjunto".
Em 1954,
Fernando Távora projectou o Edifício Municipal e Biblioteca,
popularmente chamado de "edifício cor-de-rosa", no local onde,
segundo o mesmo, se situou o solar de seus antepassados,
edifício que Sisa Vieira afirma que "se desprende em objecto
arquitectónico" e que Távora justifica "para garantir a
identidade e dignidade cívica do edifício". Para Bernardo Ferrão
"...o seu desenho procura uma integração ambiental, aceitando e
prolongando o discurso arquitectónico pré-existente", concluindo
que "a composição das fachadas, o tratamento cuidadoso das áreas
exteriores, a autonomização do desenho de pormenor e o
acabamento cromático, /.../ fazem pressentir a influência da
arquitectura historicista de Albini e Gardella que Távora
conhecera /.../ assim como a das tipologias habitacionais
correntes de Veneza". Durante muitos anos, o "Edifício Fernando
Távora" albergou a Biblioteca Municipal e Arquivo Distrital, o
Salão Cultural, a Repartição de Finanças e a Oficina de Turismo.
Hoje mantém-se aí o Salão Cultural, é sede de algumas
associações culturais, e encontram-se nele os Serviços de
Cultura da Câmara Municipal, Aveiro Digital, a Livraria da
Câmara e, de forma residual, no rés-do-chão, um espaço que tem
servido para exposições temporárias.
Claudette Albino |