Aos vinte e cinco dias do mez de Janeiro de mil
nove centos e quatro, achando-se reunidos, no andar superior ao
occupado pelo Club Mário Duarte, no edifício situado na Praça Luis
Cypriano, para cima de setenta indivíduos sem distinção de classe,
pelo Snr. Augusto Carvalho dos Reis foi dito que tendo os
acontecimentos recentemente passados na Sociedade do Recreio Artístico
feito nascer no animo de muitos a ideia sympathica da fundação d'um
novo Clube recreativo, como protexto vehemente contra o desleal,
arbitrário e vexatório procedimento havido contra grande número de
sócios d'aquella aggremiação no uso pleno de todos os seus direitos e
regalias, — convidara todos os presentes a comparecerem n'esta salla
para que se pronunciassem sobre a conveniência e opputornidade de
fundar em Aveiro um novo club recreativo. Que o seu apello tinha sido
acceite com o mesmo enthusiasmo com que brotara tão sympathica ideia,
bem o provava o considerável número dos que ao seu convite haviam
accedido. Por tal motivo a todos protestava o seu reconhecimento; e
feita a exposição do fim que ali os reunira propunha para presidir aos
trabalhos preparatórios o Snr. Manuel Gonçalves Moreira, cujo elogio
se abstinha de fazer por desneccessário. E sendo esta proposta
approvada por aclamação unânime, occupou o
Snr. Manuel Gonçalves
Moreira, o logar da presidencia, convidando para secretários
Francisco
Ferreira da Encarnação e António Augusto de Sousa, o que foi aceite
pela Assemblêa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Usando seguidamente da palavra agradeceu o Snr.
Presidente d' Assemblêa a honra com que accabaram de o destinguir e a
prova de confiança que lhe davam escolhendo-o para presidir á reunião
que se ia celebrar. Pela sua parte fazia declaração
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cathegorica e sincera de que encontrariam sempre em si a vontade mais
decidida e incondicional em favor de tudo quanto fosse justo para o
progredimento e triunpho das deliberações defenitivas que a Assemblêa
houvesse melhor tomar. Dito isto, e visto que a Assemblêa já estava
orientada sobre o fim que ali os reunira, punha á discussão o primeiro
ponto a tratar que era a conveniência e opputornidade da fundação d'um
novo club de recreio, dando para tal fim a palavra a quem a pedisse. E
como a Assemblêa se pronunciasse unanimemente pela fundação, pelo
mesmo Snr. Presidente foi dito que era opinião sua, e que sem embargo
de melhor juizo submettia á consideração dos presentes, que o novo
Club funcionasse sob a denominação de CLUB DOS GALLITOS. De Gallitos,
disse o Snr. Presidente, nos haviam apodado os nossos desleais
adversários do Recreio Artístico, pretendendo assim lançar sobre o
nosso nome uma nota de despertígio e rebaichante disconsideração; a
melhor resposta, porém, a dar a tão inofensivo appodo, em que pese aos
que nos são adversos, é, no seu intender, adoptar, como nome de
guerra, para a nova agremiação o nome de CLUB DOS GALLITOS. O que
posta à votação foi approvada por unanimidade. . . . . . . . . . . . .
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Entrando-se em seguida na discussão da bandeira
a adoptar como distintivo d'este Club propoz mais o Snr. Presidente
que a bandeira tivesse por emblema em campo raso e branco um gallo
vermelho em altitude de cantar appoiado n'uma das patas e mantendo
segura na outra uma rolha: O que egualmente foi approvado por
acclamação e sem divergência de upiniões, Mais se deliberou que os
socios do Club dos Gallitos, fossem de duas cathegorias; ordinários e
annuaes, devendo esta ultima cathegoria compreender apenas indivíduos
extranhos á cidade ou, que vivam fora do sem perimetro, sendo a joia
dos primeiros de seiscentos reis e a sua mensalidade de cento e
sessenta reis; e a anuidade dos segundos de seis centos reis sem
pagamento de joia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . .
Passando-se em seguida à discussão dos nomes dos
cavalheiros que haviam de constituir a comissão installadora do Club
com atribuições plenas para provisoriamente administrar, deregir e
empregar todos os meios para o mais rápido engradecimento do CLUB DOS
GALLITOS, ficou assente, depois de várias
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propostas unanimes na sua essencia que a alludida comissão ficasse
constituida: – Manuel Gonçalves Moreira, Presidente da Assemblêa Geral;
António Maria Ferreira, Vice-Presidente da Assemblêa Geral; Francisco
Ferreira da Encarnação, Primeiro Secretário; António Augusto de Sousa,
Segundo Secretário; Manuel Lopes da Silva Guimarães, Presidente da
Direcção; Eugénio Ferreira da Costa, Vice-Presidente da Direcção;
Augusto Carvalho dos Reis, Tesoureiro;
Paulo Gonçalves Moreira,
Primeiro Secretário; Alfredo Gaspar d’Oliveira, Segundo Secretário;
José de Pinho, Vogal;
Francisco Maria dos Santos Freire, Vogal;
Manuel
Fernandes Lopes, Vogal; Pompeu da Costa Pereira, Vogal; Comissão
Fiscal: – João da Cruz Bento,
João Maria da Naia Graça, e
Domingos
Martins Villaça. E não tendo mais ninguém pedido a palavra, pelo
Presidente fui agradecido á Assemblêa em nome de todos os eleitos a
honra que lhe dera escolhendo-os para a Direcção provisória de todos
os negócios do CLUB DOS GALLITOS, em seguida ao que levantou a sessão
da qual se lavrou a presente acta que vae ser assignada pelo
Presidente eleito da Assemblêa Geral, pelo Segundo Secretário, e por
mim Primeiro Secretário Francisco Ferreira da Encarnação, que a
escrevi.
Ass.) Manuel Gonçalves Moreira
António Augusto Sousa
Francisco Ferreira da Encarnação