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Cine-Teatro Avenida fez anos

In: "DIÁRIO DE AVEIRO" – SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 1988 – pág. 3

 

O edifício do Cine-Teatro Avenida, construído na década de 1940, e onde se encontra instalada a sede do nosso jornal, fez anos no passado fim-de-semana que foi inaugurado, 39 anos, e foi ao longo deste tempo uma das grandiosas salas de espectáculos de Aveiro, e das mais modernas do país.

Com efeito a sala de espectáculos possuía uma capacidade para 1.370 pessoas, distribuídas por uma plateia, dois balcões e quatro frisas, dispondo de uma central eléctrica privada, de 60 Kws, com refrigeração e aquecimento, uma central telefónica com 9 linhas e três máquinas de projectar.

A obra teve início em 1944, quando em hasta pública foi vendida uma parte do terreno, propriedade da Câmara Municipal, pela quantia de 56.700.00 e mais tarde foi vendido o restante, propriedade de um privado, Bolais Mónica, que cedeu a sua parte por 45.360.00 tendo logo começado o Arquitecto Rodrigues Lima a conceber o projecto.

Para a construção deste edifício foi constituída uma sociedade, a "Empresa Cinematográfica Aveirense, Ldª, que teve um capital social de 1.500 contos, no início, dinheiro que foi todo gasto nas complicadas fundações, tendo sido aumentado por diversas vezes, fazendo parte dessa sociedade Augusto Fernandes, Joaquim Henriques, Severim Duarte, João da Costa Belo, José André da Paula Dias, Fernando Henrique Vieira Pinto Bagão, Henrique Alves Calado, Luís Francisco Cristiano, Manuel Bento, José Cândido Rodrigues Pereira, Carlos Marques Mendes e Vicente Alcântara, que na altura se revelou uma peça chave para a concessão do alvará, que estava altamente condicionada, pois possuía já esse alvará.

Sob a orientação do Eng.º Ângelo Ramalheira começaram as obras, algo atribuladas pois o subsolo alagadiço obrigou a que se procedesse à extracção das lamas e levasse injecções de areia, até uma profundidade de cerca de 20 metros, tendo a sua construção durado quatro anos.

Foi pois em finais de 1948 que se deu a obra por concluída e em Janeiro do ano seguinte procedeu-se à sua inauguração, tendo sido apresentado o filme português «Não há rapazes maus...”, realização de Eduardo Maroto e escrito por Armando Vieira Pinto, inspirado na obra do Padre Américo e que contava com a actuação de Raul de Carvalho, Maria Lalande, Assis Pacheco, Armando Ferreira, Luís de Campos, Maria Emília Vilas, Carlos Otero, Maria Olguim e Canto e Castro, entre outros nomes famosas da altura.

«Aveiro e os seus arrabaldes, a capital do nosso distrito na sua projecção representativa de toda a nossa região sobre o resto do pais, foram sempre, para mim, no seu admirável conjunto, a minha terra. Esta ideia, a ideia da nossa terra, sugeriu-me o pensamento de criar aqui, em Aveiro, uma obra que correspondesse ao grande desenvolvimento que a cidade tem tomado nos últimos trinta anos» foi esta a abertura do discurso proferido no dia da inauguração, por Augusto Bagão.

Também no ano da sua inauguração o Cine-Teatro Avenida brindou os aveirenses com um espectáculo de Carnaval, com cinema, variedades e baile, estes abrilhantados por uma Orquestra de Variedades acompanhada pelo cantor José Segarra.

No ano de 1984, a Empresa Cinematográfica Aveirense e a Sociedade Figueira Praia formaram a Aveitur Sociedade de Empreendimentos Turísticos de Aveiro, e que veio transformar por completo o Interior do edifício, mantendo o aspecto original exterior.

Com efeito, já com uma agência bancária e um Bingo, que não se encontra definitivamente instalado, o edifício vai ter um Clube de Saúde, um bar e uma esplanada interior, um estúdio de cinema para 350 lugares, e, no antigo Salão Nobre, que mantém a traça original, ficará a funcionar uma sala de exposições.

 

 

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11-05-2019