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Bombeiro, sinónimo de amor!

Ronca a sirene! O som transmite-se nos espaços e leva a todas as casas da localidade a ansiedade e a interrogação.

Mesmo sem ondas hertzianas, nem sistemas de Morse, o significado desse som é imediato e inteligível por quantos o ouvem. E uma palavra se associa a esse som: Tragédia.

Porém, um receptor há que o capta de maneira especial e talvez mais compreensível, quiçá mais preocupante: O BOMBEIRO, que, sem hesitações, deixa refeição, abandona convívio, trabalho, descanso, carinhos da família... e corre ao cais de embarque do socorrismo equivalente ao seu quartel.

Que pensar de tal atitude?

Que há no Bombeiro que, num instante, o faz, indiferente ao aconchego da vida familiar ou à comodidade e alegria de viver em sociedade ou à responsabilidade dos seus deveres profissionais, tudo deixar e acorrer a tão dramático chamamento?

É a angústia do sofrimento alheio.

É o sentimento, natural e belo, de servir o próximo.

É o sentir-se homem e irmão do outro homem.

É a consciência do direito e do dever de, como ser humano, compreender ser igual aos seres humanos, pois que todos eles imbuídos da chama íntima do AMOR Verdadeiro...

Toca a sirene, ou soa, pelas ruas, o «ni-nó-ni... ni-nó-ni...» das ambulâncias ou dos pronto-socorros, o Bombeiro lá segue, ansioso, a caminho do «desconhecido» que o espera, e que tanto pode ser o fogo desbastador das florestas, das habitações ou fábricas, como o acidente trágico no mar, nos rios ou nas estradas.... Bombeiro Voluntário porque aderiu, por si e por Amor, a colocar-se à disposição das necessidades trágicas do irmão-homem como na protecção da própria Natureza que o acolheu como SER, sem se preocupar com a retribuição material....

E é assim através dos tempos...

E tem sido assim, ao longo de mais de cem anos, com os Bombeiros Voluntários de Aveiro — os meus Bombeiros Velhos!...

/ 11 / Sempre acreditaram em vós e para os quais continuareis a representar, apesar de não viverem esta alta hora da colectividade, a Esperança de um Socorrismo alicerçado no Amor.

Que pelos séculos futuros se mantenha, também, a vossa Fidelidade a esse lema dinâmico de bem-fazer que os BOMBEIROS VELHOS de Aveiro ostentam nas suas próprias insígnias: «SEMPER FIDELlS»!

BEM HAJAM!...

Um século já voltado, e quantos trabalhos, quanta dor e quanto sangue estancados, quanto Bem distribuído... E, também, quanta incompreensão, quantos desgostos, quanta angústia perante a impotência de uma acção mais eficaz, quanto desespero por não possuir os meios que lhe facilitassem a sua acção benfazeja!...

Mas, acima de tudo, quanta alegria pelo dever cumprido, quanta satisfação íntima por, através da sua missão, ter completado a obra colaboradora do próprio Deus-Criador!...

BOMBEIROS VELHOS de Aveiro, orgulho de tantas gerações e orgulho da Cidade, agora que se avizinha a realização do nosso Sonho, e que foi o sonho daquelas mesmas gerações de servidores, deveis manter-vos dignos desses antepassados, dignos de todos os homens que, durante cem anos da vossa existência associativa.

Joaquim A. S. Mendonça
Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Velhos

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