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Rebuscando notícias dum passado já distante

 
           
 

 

 

primeira companhia de Bombeiros que houve em Aveiro nasceu em Janeiro de 1882, aquando do terrível incêndio que devorou o Convento de Nossa Senhora da Madre de Deus de Sá. Esta Companhia, acabada de organizar-se, defrontou-se heroicamente no pavoroso incêndio que foi o seu "Baptismo de Fogo", na noite de 16 de Novembro desse ano, na Casa de José Maria de Carvalho Branco, à Rua da Vera Cruz, hoje Rua Manuel Firmino. Em 16 de Novembro de 1884, portou-se com denodo no combate ao incêndio na casa de José António Resende, na Rua da Costeira, hoje Rua Coimbra, e que servia de Paços do Concelho.

 

Obrou prodígio de valor no incêndio de 5 de Maio de 1887 no "Hotel Line" à Rua da Alfândega, hoje Rua Clube dos Galitos e foi heróica no dia 24 de Agosto de 1899 no prédio onde hoje se encontra instalada a "Cooperativa Agrícola de Aveiro e Ílhavo" na Rua José Estêvão. Contudo, do brilhantismo invulgar, passa à decadência originada pela discórdia entre os seus membros, de que resultou o pedido de demissão do primeiro e segundo Comandantes e respectivos membros directivos, em virtude de graves dissidências ocorridas entre os Corpos Gerentes e as praças, por motivos de infracções disciplinares de maior importância em 23 de Maio de 1907.

A propósito, em 5 de Novembro de 1908, o jornal “Campeão das Províncias" inseria a seguinte local:

«Ontem e por virtude da queda de um foguete na cocheira de Manuel da Cruz, mais conhecido por Manuel da Venda, no Rocio, pegou-se-lhe o fogo, ardendo completamente apesar dos esforços dos populares que acudiram.»

E se é certo que foi este incêndio que deu origem à criação dos Bombeiros Novos, não menos certo é que já desde 20 de Março de 1908 se trabalhava afanosamente na sua fundação. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários desta cidade estava dissolvida, como vimos, desde 23 de Março de 1907, e só mais tarde se reorganizou.

E, assim, um Grupo de Homens de Boa Vontade, a que se juntaram alguns dissidentes da outra associação, reuniu-se em 28 de Novembro de 1908 na sede da extinta "Associação dos Bateleiros” hoje edifício dos Laboratórios Nostrum, próximo da capela de São Gonçalinho, e deliberou a Fundação da Companhia.

Desta reunião saiu a Comissão Instaladora composta por João Maria da Naia Graça, Presidente; José Augusto, secretário; João do Amaral Fartura, tesoureiro; Luís Soares, Luís Benjamim, João da Silva Júnior, José de Oliveira Barbosa, Jorge Pereira da Silva, vogais, que a 30 desse mesmo mês de Novembro, cerca das 21 horas, e num armazém de pescado, sito no Cais das Falcoeiras, que era pertença do vogal Luís Soares, à luz de uma vela e sobre um cabaz de peixe, se lavrou a acta da criação, fundação e instalação da / 20 / Companhia, escolhendo para patrono o denodado mestre de Bombeiros, Guilherme Gomes Fernandes. Daqui saiu a comissão organizadora e administrativa, composta por Jorge Pereira da Silva, José Augusto, João do Amaral Fartura, Roque Ferreira Júnior, José Maria de Carvalho Júnior, Manuel Nogueira, João Silva, José de Oliveira Barbosa, João Maria da Naia Graça, Carlos Augusto José Mendes, Luís Soares, Luís Benjamim.

E, assim, neste dia 30 de Novembro de 1908, ficou constituído o seu 1.º quadro activo e foram seus fundadores Luís Benjamim Nunes de Maia, João da Silva Júnior, Jerónimo Martins Raposo, Jorge Pereira da Silva, António Rodrigues Mieiro, Abel Ferreira, João dos Santos Moreira, Manuel Augusto Migueis Picado, Alfredo de Sousa Maia, José de Oliveira Barbosa, Joaquim Soares, João do Amaral Fartura, João Augusto Henriques, José Maria de Carvalho Júnior, António da Maia, João Martins Raposo, Manuel da Silva Palavra, João da Silva Araújo, Manuel dos Reis, Máximo de Oliveira, Francisco Nunes da Maia, José Augusto, José Augusto Migueis Picado, João Maria da Naia Graça, Luís Soares, Joaquim Soares, Adriano Rocha, Carlos Picado, João Nunes de Oliveira, Domingos João dos Reis Júnior, Francisco de Matos Júnior.

A Companhia teve a sua primeira sede em Fevereiro de 1909 na Rua da Corredoura, hoje Rua do Batalhão de Caçadores 10, numa casa de António Ferreira Félix, que para tal a cedeu por 18.000 reis anuais, pagos em duodécimos. Ali fizeram os carpinteiros-bombeiros, e em tempos livres, cinco lanços de escadas e uma carreta com todos os apetrechos.

A segunda sede foi instalada, em 15 de Abril de 1912, na Praça Luís Cipriano, hoje Praça Humberto Delgado.

Em 1913 comprou-se a primeira bomba braçal e, em 24 de Junho de 1915, chegou a segunda bomba e deu-se até o caso curioso de ter de abrir-se uma estação na Rua do Sol, hoje Rua Sargento Clemente de Morais, num armazém cedido por José Gamelas, porque o Quartel era demasiado pequeno.

O terceiro quartel-sede foi construído no Largo Maia Magalhães e teve o seu início em 1920, ficando concluído em 1922. Tinha de frente 14 metros e 12 de fundo e uma cerca com 1000 metros quadrados.

A planta do quartel foi feita pelo primeiro comandante efectivo que os Bombeiros Novos tiveram, Carlos Augusto José Mendes, e foi nesse local que, depois desse edifício ter sido demolido, se ergueu o actual quartel.

A primeira saída dos Bombeiros Novos, o seu "Baptismo de Fogo", foi para a Rua dos Tavares, em 13 de Janeiro de 1909, na Pensão da Ti Feliciana. Foi um fogo na chaminé por "falta de limpeza", e nesse combate esteve presente um carro manual com escadas. Os prejuízos andaram pelos 6.000 reis.

Em 2 de Fevereiro de 1914, houve uma saída para a Rua de Jesus, às 17 horas, numa casa defronte do antigo Convento de Jesus e habitada pelo sacristão do Convento, que era pertença da Câmara Municipal. Fogo / 21 / no junco que cobria o pavimento, provocado por qualquer brasa caída para o chão, causando prejuízos sem importância. Foi a primeira saída da primeira bomba braçal.

Em 13 de Outubro de 1915: fogo num prédio, com loja, na Praça de Ílhavo, propriedade de Ana Vareira. O material e bombas foram transportados numa carreta.

Em 8 de Agosto de 1926: fogo na estação da C. P., na Pampilhosa. Arderam um armazém e 29 carruagens; a ida e regresso dos Bombeiros fez-se de comboio. É de notar que, neste tempo, ainda não se possuíam viaturas motorizadas.

Em 1926 comprou-se um "chassis" que depois se adaptou a Pronto-Socorro, a que foi dado o nome de Papo-Seco. As rodas deste carro eram de raios [de madeira].

Em 1927 comprou-se um "chassis" Ford que depois se carroçou em Pronto-Socorro. As rodas deste carro eram também de raios. Neste mesmo ano, comprou-se a primeira moto-bomba de marca Norton, que custou 13.740$00. Foi inaugurada em 30 de Novembro, criando-se o quadro de motorista.

Em 1930 comprou-se o "chassis" Stutz, sendo nele montado o Pronto-Socorro "Aveiro".

Em 1940 comprou-se um "chassis" a que, depois de carroçado, se deu o nome do benemérito Dr. Nascimento Leitão. Estava equipado com moto-bomba D.K.V., oferecida pelo mesmo benemérito.

Em 1942 carroçou-se o Pronto-Socorro "Vouga".

 

Em 1930, por iniciativa de Humberto Trindade e José Teles de Meneses, elementos directivos, realizou-se, em 31 de Agosto, pelas 15 horas, o primeiro Circuito do Centro de Portugal de Motocicleta, patrocinado pelo Moto Clube de Portugal, num percurso de 200 Kms, em 40 voltas no triângulo das estradas Barra à Costa Nova, Forte e Barra, e cujo produto líquido reverteu a favor desta companhia. Neste circuito inscreveram-se: Manuel Machado, Augusto Rei (o americano), Ângelo Ferreira Bastos, Mário Teixeira (campeão de Portugal neste ano), Manuel Rodrigues da Silva, José de Figueiredo, Henrique Emiliano e Fernando de Sousa. Os prémios, de elevado valor, eram constituídos por uma Taça, medalhas de oiro e objectos de arte.

Em 1931, 30 de Agosto, realizou-se o II Circuito do Centro de Portugal.

Em 28 de Agosto de 1932, e no mesmo mês do ano seguinte, realizaram-se os III e IV circuitos.

 

Em 1933, para comemorar os 25 anos de actividade, construiu-se um prédio na Rua do Seixal, hoje Rua Voluntários Guilherme Gomes Fernandes. José de Pinho elaborou o projecto. A primeira pedra foi lançada, solenemente, pelas 17 horas de 1 de Maio pelo então governador civil, major Mário Gaspar Ferreira. Tal edifício Pela lotaria de St.º António em 16 de Junho de 1934, foi a cautela sorteada ao contemplado n.º 5185 que era pertença do zelador municipal Francisco do Nascimento Correia.

Em 23 e 25 de Fevereiro de 1936 realizou a companhia um corso carnavalesco e Batalha de Flores no canal central e ruas / 22 / marginais. Comprou-se um "chassis" marca Studebaker por 30.000$00 que, depois de carroçado em Pronto-Socorro pelos irmãos Costa desta cidade, foi inaugurado em Agosto de 1936, a que se deu o nome de "Vera Cruz". Foi um dos Pronto-Socorros mais bonitos e operacionais do seu tempo.

Em Março de 1953 adquiriu-se uma escada Magirus rebocável e um jeep Willys.

Em 30-11-1955 inaugurou-se o Pronto-Socorro São Gonçalinho e, em 1958, inaugurou-se o primeiro Pronto-Socorro de Nevoeiro.

Em 1962 inaugurou-se um Land-Rover e, em 1963, adquiriu-se a primeira ambulância da companhia.

Em 1971 inaugurou-se o segundo Pronto-Socorro de nevoeiro e dois barcos de socorros a náufragos.

Em 1973, criou-se o corpo de Mergulhadores e adquiriu-se um Volkswagen que foi adaptado a carro-cozinha. Entretanto, a corporação foi equipada pelo I.S.A. com uma viatura Land-Rover e atrelado, porta-cabos, duas lanchas em fibra e respectivos motores, para a prevenção nas praias interiores, durante os meses de Verão.

Em 30-11-1977 inaugurou-se um Pronto-Socorro médio de intervenção imediata e uma ambulância.

Criou-se depois a Secção de S. Jacinto, equipada com uma ambulância.

No decorrer dos últimos anos, o quartel foi apetrechado com quatro ambulâncias, um autotanque, um tractor Valmet, um Jeep 1.200 polivalente, várias moto-bombas e diverso material. Por último, foi adquirido um moderníssimo Pronto-Socorro de fabrico alemão, a última palavra da marca Magirus.

 

REGISTO DE COMANDOS

1.ºs COMANDANTES

1.º Carlos Augusto José Mendes – desde 1/12/1909 a Outubro de 1913;

2.º Fortunato Mateus de Lima – desde 5 de Outubro de 1913 a 24 de Janeiro de 1916;

3.º José Maria Pereira – desde Fevereiro de 1916 a 5 de Agosto de 1917;

4.º Capitão António Pereira de Brandão – desde 29 de Dezembro     1918 a 1926;

5.º Alberto Reis – desde 26 de Dezembro de 1926 a ??;

6.º Capitão Serra ?;

7.º Tenente Artur Ferreira – 25-4-1936 a 5-2-1937;

8.º Tenente Augusto Natividade e Silva – desde 3 de Agosto de 1938 a 1-4-1973;

9.º Eng.º João de Oliveira Barrosa – desde 6-4-73 a ?

2.ºs COMANDANTES

1.º Luís Nunes de Maia;

2.º José Maria de Carvalho;

3.º João de Amaral Fortuna – desde 1918 a 20 de Dezembro de 1927;

4.º Antero Pereira – 16 de Janeiro a 21 de Fevereiro de 1928;

5.º Belmiro de A. Fartura – 28 de Dezembro de 1928 a 4 de Abril de 1960;

6.º Manuel Rigueira – desde 30-11-1977 a ?

AJUDANTES

1.º Manuel Rigueira – desde 26 de Novembro de 1961 a 30-11-1977;

2.º José Matos de Carvalho – a partir de 27 de Janeiro de 1978.

 
 

Manuel dos Santos Rigueira

 
 

págs. 19 a 22

   

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