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No ano de Cristo de 1117, ou seja 1155 da era de Cesar, pelo mez de novembro, passou a infanta-rainha D. Tereza, mãe de Afonso Henriques, nosso 1.º rei, uma carta de previlegio a Gonçalo Eriz, concedendo-lhe a sua vila ou quinta de Osseloa (hoje Assilhó), que confináva com terras de Santa Maria da Feira, onde a carta foi assinada. A vila ficava na estrada que vinha do Porto.

A carta do couto não foi concedida, a titulo de generosidade, mas com a clausula de estabelecer uma albergaria no meigonfrio sobre a estrada, da qual foi primeiro albergueiro Gonçalo Cristo. A ilustração que publicamos do cruzeiro da albergaria indica que essa albergaria fornecia aos albergados. Parece que os terrenos de Osséloa eram muito agrestes, pois, entre os tributos a pagar, figuravam as mãos de cada urso que ali fosse caçado. A carta já não existe no original, mas unicamente uma copia autentica. Em 1258 (era de 1296) houve uma questão suscitada por direito da albergaria, tendo de intervir D. Egas, bispo de Coimbra. A albergaria já não existe. Néla esteve muito tempo instalada a cadeia João Patricio Alvares Ferreiracomarcã, mas, mais tarde, foi vendida e demolida, achando-se, no seu logar, construido o palacete do sr. João Patricio Alvares Ferreira, que se vê numa das ilustrações que publicamos. Da albergaria só existe a lapide, que não é a primitiva, e foi colocada na parede interior, lado direito, do atrio da nova cadeia. A albergaria prestava utilissimo refugio aos passageiros, que se viam perseguidos pelas quadrilhas de malfeitores de Valegrande (hoje Valemaior) linda povoação a 3 kilometros de Albergaria, onde existe a mais importante fabrica de papel da Companhia do Prado, de que também publicamos uma ilustração.

 

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A vila de Albergaria possue uma magnifica cadeia (unica de província), explendidos Paços do Concelho e uma egreja rasoavel. Nesta existe um belissimo altar-mór de talha dourada, bastante descuidado, mas apreciavel.

A estação do Caminho de Ferro do Vale do Vouga é, certamente, a mais bem situada de toda a linha.

A vila tem lindos passeios, mas os principaes são ao Vouga, Bico do Monte e Tunel d'Angeja. Nesta freguezia existia o antigo solar dos Marquezes d'Angeja, ainda ha poucos anos demolido, do qual apesentamos de armas, que ainda hoje existem nas mãos dos herdeiros do saudoso Antonio Nunes Ferreira. E' abundante de peixe do Vouga e da pateira de Frossos; nesta costumam aparecer pimpões de varias côres, mas principalmente vermelhos, aqui muito apreciados para aquarios.

No lugar de Paus (antiga vila e séde de concelho) existem muitos fornos de telha ordinaria, mas que tem muita venda. A sua população é de 13:525 habitantes, e dista 18 kilometros de Aveiro. A vila tem só uma freguezia (Santa Cruz) e o concelho compõe-se de 8 freguezias com 3:441 fogos, segundo o Censo da população de 1900. E' comarca de 3.ª classe, criada pelo decreto de 20 de setembro de 1890, e instalada em 7 de outubro do mesmo ano pelo Juiz, dr. José Diniz da Fonseca. Tem mercado dominical muito abundante sendo o principal comercio do concelho – arrôz, louça de barro, madeiras, telha e milho. Ficam neste concelho as importantes minas de cobre de Palhal e Telhadela, a primeira das quais principiou a ser explorada em 1854. A capela do Bico do Monte, sob a invocação de Nossa Senhora do Socorro, foi mandada erguer por um grupo de devotos, em 1857, por se verem livres do flagelo da epidemia do colera-morbus, que dois anos antes invadiu todas as casas.

 

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A demarcação das terras da Albergaria foi feita a 5 de junho de 1628 pelo provedor Jorge d'Andrade Corrêa, com nove marcos, e, por sentença de 27 de maio de 1627, lavrada pelo celebre Tomé Pinheiro da Veiga, foi colocado á entrada da vila (hoje Salgueirinho), um padrão em que se dizia que ali principiava a albergaria de D. Tereza. Dizem que esse padrão foi arrancado e está fazendo parte do cruzeiro do Bico do Monte!

Tem um chafariz de um belo gosto architectonico, obra do constructor albergariense José da Silva Vidal. Desta vila eram naturais os grandes liberais dr. José Henriques Ferreira, e seu irmão João Henriques Ferreira, o qual, nas lutas entre liberais e miguelistas, foi enforcado, tendo estado a sua cabeça espetada num pau em frente das suas janelas durante trez dias.

A vila é sadia, e o povo é de sua indole disposto ao bem, trabalhador e hospitaleiro, para não renegar a tradição da velha albergaria.

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