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Guia do viajante
NO
Distrito de Aveiro
Vindo do sul, pela linha dos Caminhos de
Ferro Portugueses – Lisboa, Santarem, Entroncamento, Alfarelos,
Coimbra ou – Lisboa, Caldas da Rainha, Leiria, Alfarelos, Coimbra,
(linha de Oeste) – Figueira–Pampilhosa, pela linha da Beira Alta,
ou, ainda, Louzã-Coimbra-Pampilhosa, pode começar-se por fazer uma
visita ao Bussaco, um dos mais belos pontos de Portugal, muito
curioso e historico.
A serra avista-se a partir da estação de
Souzelas, até á da Mealhada, elevando-se a nascente, coberta de
vegetação na parte norte, a mais elevada. No sopé da serra fica o
Luzo, afamado pelas suas aguas e por ser um ponto obrigatorio de
passagem para o Bussaco. Deixar-se-há, pois, o comboio, na estação
do Luzo, linha da Beira-Alta, a primeira que se encontra depois da
Pampilhosa
Os comboios da Beira-Alta saem da
estação da Pampilhosa, lado oriental. Ha bufete e hotel. Telegrafo e
carros. Importantes fabricas de ceramica e serração de madeiras.
Páram todos os comboios. Nesta estação convém haver muito cuidado,
pois ha sempre grande movimento e com o cruzamento de linhas são
perigosas as travessias.
O preço do bilhete de ida e volta
da Pampilhosa ao Luzo, para quem não tiver tirado
bilhete directo para esta estação, é de 290 reis em 1.ª classe, 230
em 2.ª e 150 em 3.ª tendo 3 dias de validade.
Luzo
e no Bussaco ha bons hoteis, carros e
automoveis, teIegrafo e telefone para a Pampilhosa etc. Da estação
do Luzo toma-se carro que custa 100 reis cada pessoa sendo
diligencia ou 500 reis até á povoação. A visita ao Bussaco pode ...
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...fazer-se de carro ou automóvel, que
percorre a mata e chega mesmo á Cruz Alta, o ponto mais elevado do
monte, ou a cavalo em gericos ou mesmo a pé.
O Bussaco é muito visitado na
quinta-feira da Ascenção, dia em que se realisa uma importante
romaria na mata e a 27 de setembro dia da festa do Encarnadouro,
aniversario da batalha. Reunem-se, então, na soberba montanha,
milhares e milhares de forasteiros, sobretudo dos distritos de
Aveiro e Coimbra que ali se conduzem em carros, bicicletes, comboio
etc.
As aguas da serra são deliciosas, bem
como as do Luzo, que se vendem em todo o Portugal e são muito
apreciadas. A fonte que alimenta o estabelecimento termal é uma das
melhores do paiz, parecendo-se muito a sua agua com a de Envian.
O Luzo tem hoje todas as comodidades,
sobretudo na epoca das termas.
Reune-se ali uma sociedade elegante que
se espalha pelos hoteis e pelas graciosas vivendas da localidade e
arredores. Algumas destas, como o palacete pertencente á familia do
falecido estadista Emidio Navarro, no caminho da mata, são
verdadeiramente encantadoras.
O Luzo tem passeios muito pitorescos e
uma vegetação luxuriante, sempre fresca, mercê da abundancia de agua
que jorra de todos os cantos. A diaria nos hoteis regula por 1:000 a
2:000 reis. Ha club e casino e muitas festas atrativas na epoca das
termas.
O Bussaco
Quem quizer conhecer alguma coisa de
Portugal, tem de conhecer o Bussaco. Passar no centro do paiz,
atravessar o distrito de Aveiro sem visitar essa deliciosa montanha,
cheia de encantos da natureza, de monumentos e de recordações
historicas, seria uma prova de pessimo gosto do turiste ou da sua
falta de interesse pela terá portuguêsa.
A mata do Bussaco é propriedade do
estado. Esse monte priviligiado foi, desde remotos tempos, um
refugio dos doentes e dos desiludidos do mundo. Os romanos tiveram
nele um Castrum e no seculo VII foi edificado um convento no seu
ponto mais alto. Parece que destruido pelos mouros, foi mais tarde
reedificado por um prelado aos monges carmelitas que aí se
estabeleceram e residiram até que Antonio Joaquim de Aguiar,
ministro de D. Pedro IV, acabou com as ordens religiosas, por
decreto de 28 de maio de 1834.
Sobre o convento e mata do Bussaco
contam-se varias lendas romanticas. O convento pode visitar-se,
sendo muito curiosas as celas que se teem conservado intactas e a
egreja que contem algumas obras de valor artístico. Numa dessas
celas dormiu Wellington na vespera da batalha com Massena.
Junto do antigo convento eleva-se o
Bussaco-Hotel, de construção recente, em estilo manuelino e que é
propriedade do Estado. E’ um edificio magestoso e rico, com ornatos,
azulejos e pinturas dos nossos melhores artistas. O local em que
está situado, é dos mais lindos da mata. As vistas são magnificas, a
vegetação riquissima e cerrada. Junto ficam alguns jardins, a
estação dos correios e telegrafos e outros edifícios.
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Os reis vinham aqui passar algumas
temporadas. D. Manuel esteve no Bussaco durante perto de um mez,
poucos dias antes da revolução que o depoz.
São dignos de admiração muitos
exemplares de arvores da floresta, principalmente os cedros, alguns
gigantescos, os fetos e algumas especies exóticas trazidas das
expedições portuguêsas.
Saindo-se do Hotel e subindo pela rua á
direita encontra-se o sitio da Batalha onde se vê o monumento
erguido ao exercito anglo-Iuzo que ali se bateu contra os soldados
franceses do general Massena, a quem Napoleão Bonaparte chamava o
Filho querido da Vitoria e que comandou a 3.ª invazão de
Portugal em 1810.
O exercito anglo-português, comandado
superiormente por Wellington, que havia de ser o vencedor de
Napoleão em Waterloo, infligiu a Massena uma grande derrota na
encosta desta serra. O monumento erguido em 1873, consta de um
obelisco de pedra coroado por uma estrela em cristal. A' volta
veem-se alguns canhões que entraram em combate. Perto fica a capela
das Almas do Encarnadouro que serviu de hospitaI de sangue
durante a batalha e que foi muito danificada pela artilharia.
Podem-se ver aí varios quadros, cartas, espingardas, balas e outras
recordações do memoravel combate de 27 de setembro de 1810, que foi
o primeiro dos desastres de Napoleão e o primeiro assinalado triunfo
do grande rival que mais tarde o devia esmagar na planície de
Waterloo.
Quando do centenario da guerra
Peninsular realisaram-se ali grandes festas.
Deixando a esplanada do monumento, que é
toda cercada por um longuissimo muro, entra-se novamente, pela porta
chamada de Sula. Sóbe-se á Cruz Alta donde se admira um dos mais
grandiosos panoramas de Portugal. A nascente fica a serra de Estrela
que se vê coberta de neve durante grande parte do ano, a sudoeste a
serra da Louzã, a poente o Cabo Mondego e a costa da Figueira a
Aveiro, com as suas areias brancas e o farol da barra desta cidade.
Um pouco a nordeste, a serra do Caramulo.
Descendo, abandonando o caminho de
carro, encontra-se a Via Sacra ou Caminho da Paixão,
com as suas capelas isoladas onde viviam e faziam as suas
penitências os frades ermitães. E’ muito curiosa a vista da
Varanda de Pilatos sobre o arvoredo da floresta.
Para o sul dá a porta de Coimbra, onde
estão gravadas as bulas pontificias que excomungavam quem cortasse
arvores da mata. Ha na serra algumas cascatas e muitas fontes, sendo
a mais notavel a Fonte Fria, com as suas escadas pela
encosta, rodeada de fetos e heras e ceIebre pelas poesias e trechos
literarios que tem inspirado.
*
*
*
Quem do Luzo quizer seguir para Vizeu,
Guarda, Serra da Estrela, Beira Baixa, Espanha ou França, segue a
linha da Beira Alta.
Do Luzo pode tomar-se um carro para
Anadia, ou para a Mealhada, pois nem um nem outro trajeto é
fatigante e qualquer dos passeios é lindo, sobretudo no verão e na
epoca das vindimas.
Voltando á Pampilhosa
tomar-se-ha, de novo, para seguir para o
norte, a linha Lisboa-Porto. A primeira estação á direita é ...
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Mealhada
vila, séde de concelho, pertencente á
comarca de Anadia. Pássa-lhe junto o pequeno rio Certuma. Centro
vinhateiro muito importante, teatro, praça de touros, hotel, fabrica
de tecidos de malha, etc.
Como dissémos, o passeio de carro, até
ao Bussaco, é agradavel, atravessando grandes extensões de vinha
pertencentes ainda á região dos afamados vinhos da Bairrada.
As festas de Sant'Ana, com touradas e
outros atrativos, no mez de agosto, chamam á Mealhada grande numero
de forasteiros. Desta vila teem saído alguns homens muito hábeis. O
dr. Costa Simões, natural da vila, foi um dos mais ilustres
professores de medecina da universidade de Coimbra.
CURIA.
– Apeadeiro á esquerda, servindo as conhecidas e florescentes termas
que ficam a dois quilometros da linha ferrea, a poente e que
descrevemos noutra parte. Pertence ao concelho de Anadia e está
ligada á vila por boa estrada.
Ha carros e bons hoteis.
A Curía cujas aguas teem alcançado
rapidamente um enorme sucesso na cura do artritismo e de muitas
outras moléstias, reumatismo, gota etc.. deve ser dentro em breve
uma estancia de luxo e de grande comodidade. As suas aguas são unicas em Portugal e muito semelhantes, mas ainda muito superiores
ás de Contrexeville.
Da Curia ha boa estrada para
Mogofores.
Estação importante do lado de Oeste. Pequena povoação mas que muito
se tem desenvolvido ultimamente e que possue bons edifícios
particulares, magníficas quintas e vivendas pertencentes a algumas
das mais distintas famílias do paiz.
Quasi junto á estação fica o palacete do
velho republicano sr. Albano Coutinho, que foi o primeiro governador
civil do distrito depois da proclamação da Republica.
Em Mogofores pode tomar-se um carro a
150 reis cada pessoa, para
Anadia
que fica a 3 kilometros de distancia. Atravessa-se a estrada
Porto-Lisboa (Mala-Posta) passa-se ao monte de Crasto, donde se
disfruta um bom panorama, passa-se a Arcos e entra-se na vila que é
toda cercada de vinhas e que tem arredores encantadores, com
pequenos açudes nos ribeiros e muita vegetação.
Varias fabricas de licores, vinhos finos
e tipos champagne muito apreciados. Centro da região vinhateira da
Bairrada. Produção vinicola muito importante. Cerração de madeiras
etc.
Quintas de famílias ilustres e vivendas
de muitos titulares. E' a terra do antigo chefe do partido
progressista, o sr. José L. de Castro, que ali reside.
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Uma das quintas mais importantes é a do
sr. Marquês da Graciosa, cujo palacio se vê á esquerda com ornatos
manuelinos. Os seus jardins estão decorados com verdadeiro gosto.
Da Anadia pode, como dissémos, fazer-se
o trajeto até ao Bussaco em carro. Deixando a estrada do Bussaco,
pode chegar-se ao
Vale da Mó
pequena povoação encravada nos montes,
mas cujas aguas ferreas são das melhores do paiz. Tem hoteis, mas
modestos, pois que as aguas não estão exploradas. O sr. D. Pedro
Dupain, contudo, fez uma proposta à Camara da Anadia para a
exploração desta nascente que é de um futuro garantido, muito
aconselhada pelos medicos, desde longa data, e muito frequentada
apezar da falta de comodidades.
Oliveira
do Bairro
Estação ao nascente. A vila fica no
alto, um pouco distante do caminho de ferro. Carros para Agueda.
Séde de concelho. Pertence á comarca de Agueda.
Importante fabrica de ceramica. Grande
industria de vinhos finos, espumosos, licores, aguardentes, etc.
Centro vinhateiro de uma grande produção. O tipo dos vinhos é o da
Bairrada.
Caminho para a Pateira de Fermentelos,
que fica a 7 kilometros de distancia. A vila tem lindas vistas
principalmente sobre a depressão do nascente e a região é riquissima.
Tem mercado aos domingos muito concorrido.
O preço dos carros até à Pateira de
Fermentelos que é um dos mais surpreendentes pontos de vista de
Portugal e uma das suas mais pitorescas lagôas, regula por 600 a 1:000 reis com 4 logares, carros de duas rodas, alguma coisa
incomodos. Ha contudo outros veículos melhores para alugar. Não ha
hotéis.
OlÃ
apeadeiro a nascente. Serve tambem para Fermentelos.
QUINTÃS,
Estação. Estrada para Eixo, Ilhavo e Aveiro. Desenrola-se a partir
desta estação um panorama todo novo e um dos mais atraentes do paiz,
verdadeiramente original. Desaparece a vinha que passa a ser
cultivada em pequena escala e estendem-se as riquissimas terras de
milho, trigo e horta. A propriedade está muito dividida e a
população muitissimo densa.
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AVEIRO
A estação fica um pouco afastada da
cidade que se vê logo depois das Quintãs cercada por uma linda
paisagem: campos cheios de verdura, todos cultivados, planos,
floridos e alegres, com povoações muito airosas de casas brancas, a
ria com os seus inumeros canais, as salinas e os barcos, até á
Gafanha e ao mar, que se avista por traz da cinta de areia.
O carro da estação à cidade custa 100
reis cada pessoa. Para Ilhavo ha sempre carros a 100 reis cada
passageiro também. Fretado, 500 a 700 reis para a cidade, 800 a
1:500 reis para Ilhavo. O mesmo para Eixo. O mesmo para Angeja, ou
Cacia. Esgueira fica ao nascente da linha, depois de Aveiro, antiga
vila, de agradavel aspecto. Antes de chegar á cidade a linha passa
por Arada a poente e S. Bernardo a nascente, logares populosos,
agrícolas, de terrenos férteis.
Ao fim da rua da Estação (Avenida
Almirante Reis) vê-se o quartel de cavalaria 8 e infanteria 24. O
edificio é um dos melhores do paiz.
Entra-se depois na rua do Gravito,
passa-se ao Mercado Manuel Firmino, junto do qual fica o Hotel
Central. Duas pontes sobre um braço da ria, estabelecem a ligação com
a outra parte da cidade. A' direita, quem sobe as pontes, fica, em
frente do cais, o Hotel Cisne (Boa Vista) sobre a estrada da Barra.
Em frente ás pontes, o Largo Luiz Cipriano e do lado direito a
redacção e oficinas d'A Liberdade; subindo a rua da Costeira
e Praça da Republica ou Largo Municipal, com a estatua ao grande
tribuno José Estevam, a estação dos correios e telegrafos, o Liceu,
o Teatro e os Paços do Concelho, com tribunal e cadeia.
Junto do edificio do Correio as
Conservatorias do Registo Civil e Predial.
Ao cimo da Costeira, a egreja da
Misericordia, templo de construção solida e elegante, onde há
algumas esculturas como a do Senhor Ecce-Homo de grandissimo
valor. A fachada do templo tem merecimento. Junto fica o Hospital
num mau edificio sem nenhumas condições de higiene, sustentado pela
Mizericordia, mas muito pobre. Espera-se a conclusão do novo
edificio, num ponto retirado da cidade, feito com sacrificios e cuja
construção tem sido muito demorada por falta de meios.
Segue a rua Direita, e no mesmo
sentido, entre o Teatro e Paços do Concelho, uma rua nova que
conduz á Praça Marquez de Pombal hoje o melhor local da cidade em
frente ao edificio do Governo Civil e repartições publicas. O
edificio do Liceu, que se vê no Largo Municipal, é bom e deve-se a
José Estevam. A estatua do grande orador e liberal é um trabalho
muito perfeito. No pedestal enumeram-se os seus feitos militares nas
campanhas da Liberdade, combatendo contra o absolutismo miguelista
na defeza da Porto, os seus discursos mais notáveis, que são
verdadeiros monumentos da oratória parlamentar, os serviços
prestados a Aveiro e as datas do seu nascimento e da sua morte.
Jose Estevam era filho de Luis Cipriano
Coelho de Magalhães que foi um homem dos mais considerados do seu
tempo e um grande liberal.
A casa onde nasceu o grande tribuno pode
ver-se ainda na rua José Estevam, ao lado direito de quem chega ás
pontes, subindo.
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Os restos de José Estevam, bem como de
seu pae Luiz Cipriano Coelho de Magalhães estão depositados num
simples jazigo de família, no Cemiterio Publico, onde se
podem ver também as campas de outros soldados das campanhas
constitucionais e um pequeno monumento encerrando as cabeças dos
Martires enforcados nas calçadas do Porto pelas suas ideias liberais
e que foram espetados deante da casa das familias nesta cidade.
No mesmo cemiterio foi sepultado o corpo
do desditoso administrador de Cabeceiras de Basto, João Augusto de
Mendonça Barret, natural de Aveiro e que ali foi morto pelos
revoltosos monarquicos em Julho de 1912.
Na Praça Marquez de Pombal ha a egreja
das Carmelitas que tem magnificas talhas e o palacete dos antigos
viscondes de Almeidinha onde hoje está instalado um colegio para
meninas.
O edificio das repartições publicas
nada tem que o recomende. Uma grande casa posta em branco. E’,
contudo, um edificio amplo e limpo.
O governo civil fica no primeiro
andar á direita de quem sobe a escadaria. No 2.º andar, a repartição
das Obras Publicas. No rez do chão, a Fazenda Distrital (Inspecção
de Finanças).
Na rua, á esquerda do edificio, fica a
egreja da antiga Sé, e ao cabo da mesma rua, á direita, o Jardim
Publico onde ha uma alameda aprazivel e que tem bonitas vistas
sobre Verdemilho e sobre a Gafanha e a ria.
Em frente do jardim, a poente, o
edificio em construção para o hospital e parque do srs. Barões de
Cadoro, (Carlos Faria).
No jardim ha Water closet
municipal. Pedem-se as chaves ao jardineiro.
Perto, fica o antigo convento de Santo
Antonio, donde ainda hoje sai a procisão da Cinza. Dentro da quinta
de Santo Antonio há uma pequena praça de touros para corridas
por amadores que comporta apenas 800 pessoas.
No jardim toca musica, aos domingos e
quintas-feiras, a banda do 24 de infantaria. Nos meses de maio,
junho e Julho, principalmente, o jardim é concorridissimo,
juntando-se nele tudo quanto ha de elegante em Aveiro. Dão-se
festivais noturnos, iluminações com balões venezianos, dansas e
cansões pelos ranchos de tricanas etc.
Saindo do jardim pelo largo de Santo
Antonio, encontra-se o edificio dos Asilos, vasto e
higiénico, que, embora modesto, é digno de ser visitado pelo asseio
que nele existe e pela boa educação que ali é ministrada aos
internados. O Azilo-Escola de Aveiro, Secção Barbosa de Magalhães,
para que concorrem todas as camaras do distrito e onde são admitidas
creanças de todos os concelhos, pode considerar-se modelar na sua
educação, orientada num sentido moral e inteiramente pratico. Do
azilo teem saído muitos rapazes que hoje são bons comerciantes e
industriais honestos e trabalhadores.
Todos de lá saem sabendo um oficio e o
proprio director do Azilo, sr. padre Lourenço da Silva Salgueiro, é
o primeiro a cuidar de arranjar colocações aos seus discipulos. A
educação neste Azilo foi sempre rasgadamente liberal. Ha tambem o
Azilo para raparigas, Secção José Estevam, que está instalado
noutro local e que presta também muitos serviços.
Em parte do edificio está aquartelado um
batalhão do 24 e instalada a séde do regimento.
Encontra-se depois o Largo de Camões
(antigo largo do Espirito Santo), onde ha um chafariz antigo. Para
sul segue a estrada de Ilhavo e Vagos e a de Oliveira do Bairro,
Anadia. Neste largo fica a séde do vice-consulado de Espanha.
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Voltando novamente para a cidade toma-se
á direita, pela rua Miguel Bombarda e encontra-se a egreja de S.
Domingos, com um magnífico cruzeiro e portico artistico. Ha um
tumulo nessa egreja que se diz ser de D. Catarina de Athaide, a
Natercia de Camões. Tem havido grandes controversias sobre esse
assunto. A' esquerda fica o antigo convento de Santa Joana e
egreja de Jesus. No edificio do convento estão hoje
instaladas as escolas centrais do sexo masculino e a Escola
Distrital para o Magisterio Primario (ensino normal). A egreja
de Jesus é uma preciosidade do mais subido merecimento. Todo o
templo é revestido de talha dourada. com explendidos azulejos. A
capela-mor, então, é unica no paiz, sendo a sua talha riquissima. Ha
paramentos e alfaias do culto de muito valor e que podem admirar-se
no
MUZEU de arqueologia, que fica
junto, instalado nas salas que pertenceram ao colegio do convento e
que foi fechado com a proclamação da Republica e consequente
extinção das ordens religiosas.
No côro do rez do chão da egreja fica o
tumulo da princeza Santa Joana, filha de D. Afonso V e que viveu
neste convento. E' também uma obra explendida, em marmore imbutido.
O muzeu, que encerra muitas
preciosidades dignas de demorada atenção, foi organisado pelo
distinto arqueologo e critico de arte sr. Marques Gomes, tendo
merecido esse trabalho os mais rasgados elogios de quantos
intendidos o teem apreciado. Ha ainda digno de ver-se o precioso
portico da Capela do Senhor das Barrocas, perto do quartel de
cavalaria 8, na estrada de Aveiro a Esgueira.
A cidade, a não ser o trafego da praça
do Peixe, o movimento dos canais da ria e as tricanas
lindissimas, cuja graça e cujo donaire só se apreciam bem, nos dias
de festa e nos domingos, pouco mais tem que ver.
Ha alguns estabelecimentos bons, cujos
anuncios publicamos. No Largo do Comercio, junto aos Arcos, ergue-se
um obelisco construido pelo Club dos Galitos quando do
centenario de José Estevam. A Escola Industrial Fernando Caldeira
fica perto, também, vendo-se das pontes, á beira da ria e junto ao
Club Mario Duarte.
Neste braço da ria que atravessa a
cidade, teem-se dado festas grandiosas. As iluminações e serenatas
que aí se fazem são sempre encantadoras.
Passeios nos arredores
Para se fazer uma ideia do que é a ria
de Aveiro e a vida desta região, sem egual no paiz, da sua paisagem,
da sua atividade e da sua riqueza, convem dar um passeio de barco,
ou pelo menos um passeio de carro ou automóvel até
á Barra
que fica a 7 kilometros de distancia da cidade. A estrada acompanha
o canal das Piramides e segue pela beira de um dos principais braços
da ria até á ponte da Gafanha.
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