Aida Viegas, Lampejos, Aveiro, Edições AVI, 1996, p. 43.

Crianças

Há flores que desabrocham
Sem ter vaso nem jardim
Falam, choram, saltam, pulam 
     E vêm rir-se p’ra mim.

Há passaritos sem penas
Que ensaiam voos sem fim.
Saltitam, trinam, chilreiam 
     E vêm rir-se p’ra mim.

Há borboletas de cores
Que vão do negro ao marfim
Poisam beijando as flores 
     E vêm rir-se p’ra mim.

Há raiozitos de luz, 
Vindos lá do sol carmim, 
Que iluminam nossa vida
     E vêm rir-se p’ra mim.

Há anjos puros do céu
Que em revoadas sem fim, 
Brincam contentes na terra
     E vêm rir-se p’ra mim.

Há estrelas no firmamento
Que fugiram do festim.
Caíram soltas no chão 
     E vêm rir-se p ‘ra mim.

Borboletas, passaritos 
Flores de belo jardim, 
Anjos, estrelas, luzes, cores
     São as crianças, enfim!

São a alegria do mundo.
Hoje e sempre foi assim.
Choram e riem p’ra todos. 

     Choram e riem p’ra mim


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