Enquanto
arquétipo, o animal representa as camadas profundas do inconsciente
e do instinto, simbolizando princípios e forças cósmicas, materiais
e espirituais.
Usado
nas mais diversas expressões mitológicas e religiosas, como por
exemplo na judaico-cristã, desde sempre o encontramos nos percursos
da arte. Da Bíblia até às representações cristãs da Idade Média,
o animal — neste último caso, a besta —, a maior parte das
vezes simbolizando o mal, fazia a sua aparição na arquitectura,
escultura e pintura, para já não lembrar as arrepiantes histórias
contadas ao correr da pena ou dos serões..
Exemplo
das forças demoníacas era o macaco, cuja figura se ligava ao mal e
à luxúria, representando, sobejas vezes, Satanás.
No
entanto, o cristianismo não se recheou, apenas, de significados maléficos
no que tocava aos animais.
Muitos
deles houve que simbolizaram confortos de alma. E se as bestas
medievais desapareceram, em geral, do convívio cristão, essas
outras figuras de boa lembrança continuaram séculos fora,
presentes não só na grande expressão artística como, até, nos
rituais que se mantêm.
O
burro retratado na pintura e na escultura, em geral nas cenas do
nascimento de Jesus, na fuga para o Egipto e na entrada de Cristo
em Jerusalém, simboliza a humildade.
O
camelo é a imagem da temperança, embora também possa significar
realeza e dignidade.
O
cordeiro simboliza o próprio filho de Deus.
O
galo é a encarnação da vigilância. Acompanha, normalmente S.
Pedro, expressando a sua negação e arrependimento.
Para
a paz e a pureza o símbolo é a pomba.
Fidelidade
verdadeira é a canina, como se costuma dizer. O cão é, pois, a
figuração dessa virtude. Surge junto a S. Domingos, frade da ordem
dos dominicanos, cuja palavra (Domini canes) significa 'cães
do Senhor'...
in
«Público», Suplemento n.º 1055 de 24/01/1993
(adaptado)
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