NO INTERESSE DOS VOSSOS FILHOS, LEIAM
ATÉ AO FIM.
Após deixar os
livros no sofá, ela decidiu lanchar e entrar on-line. Assim,
ligou-se com o seu nome de código (nick): Docinho14. Procurou
na lista de amigos e viu que Meteoro 123 estava ligado.
Enviou-lhe uma mensagem instantânea.
Docinho14 – Oi! Que sorte estares aí! Pensei que alguém me
seguia na rua hoje. Foi mesmo esquisito!
Meteoro123 – Vês muita TV. Por que razão alguém te seguiria?
Não moras num local seguro da cidade?
Docinho14 – Com certeza. Acho que imaginei isso, porque não vi
ninguém quando me virei.
Meteoro123 – A menos que tenhas dado o teu nome on-line. Não
fizeste isso, pois não?
Docinho14 – Claro que não. Não sou idiota, já sabes.
Meteoro123 – Jogaste vólei depois das aulas, hoje?
Docinho14 – Sim. E ganhámos!
Meteoro123 – Óptimo! Contra quem?
Docinho14 – Contra as Vespas do Colégio da Sagrada Família. Os
uniformes delas são um nojo! Pareciam abelhas.
Meteoro123 – Como se chama a tua equipa?
Docinho14 – Somos os Gatos de Botas. Temos garras de tigres
nos uniformes. São impecáveis.
Meteoro123 – Jogas ao ataque?
Docinho14 – Não. Jogo à defesa. Olha: tenho que ir. Tenho que
fazer os TPCs antes que cheguem os meus pais. Xau!
Meteoro123 – Falamos mais tarde. Xau.
Entretanto,
Meteoro123 foi à lista de contactos e começou a pesquisar
sobre o perfil dela. Quando apareceu, copiou-o e imprimiu-o.
Pegou na caneta e anotou o que já sabia de Docinho até agora:
Seu nome -
Susana
aniversário - Janeiro 3, 1993.
Idade - 13.
Cidade onde vive - Porto.
Passatempos - vólei, inglês, natação e passear pelas lojas.
Além desta
informação, sabia que vivia no centro da cidade, porque lho
tinha contado recentemente. Sabia que estava sozinha até às
18:30, todas as tardes, até que os pais voltassem do trabalho.
Sabia que jogava voleibol às quintas-feiras de tarde com a
equipa do colégio, os Gatos de Botas. O seu número favorito, o
4, tinha-o estampado na camisola. Sabia que estava no oitavo
ano, no colégio da Imaculada Conceição. Ela tinha contado tudo
em conversas anteriores on-line. Agora tinha informação
suficiente para encontrá-la.
Susana não
contou aos pais sobre o incidente ao voltar do parque. Não
queria que ralhassem com ela e a impedissem de voltar dos
jogos de vólei a pé. Os pais sempre exageram e os seus eram os
piores. Ela bem que gostaria de não ser filha única! Talvez,
se tivesse irmãos, os pais não fossem tão superprotectores.
Na
quinta-feira, Susana já se tinha esquecido que alguém a
seguira. O seu jogo decorria quando, de repente, sentiu que
alguém a observava. Então, lembrou-se. Olhou e viu um homem
que a observava de perto. Estava inclinado contra a cerca na
arquibancada e sorriu quando o viu. Não parecia alguém de quem
pudesse ter receio. E rapidamente desapareceu o medo que
sentira. Depois do jogo, ele sentou-se num dos bancos,
enquanto ela falava com o treinador. Ela apercebeu-se do seu
sorriso mais uma vez quando passou ao lado. Ele acenou-lhe com
a cabeça e ela devolveu-lhe o sorriso.
Ele confirmou
o nome pelo número, nas costas da camisola. Sabia que a tinha
encontrado. Silenciosamente, caminhou a uma certa distância
atrás dela. Eram só uns quarteirões até casa dela. Quando viu
onde morava, voltou ao parque e entrou no carro.
Agora, tinha que esperar. Decidiu comer algo até que chegasse
a hora de ir à casa da rapariga. Foi a um café e sentou-se.
Mais tarde, nessa noite, Susana ouviu vozes na sala.
– Susana, vem cá! – chamou o seu pai.
Parecia perturbado e ela não imaginava porquê. Entrou na sala
e viu o homem do parque no sofá.
– Senta-te aí. – disse-lhe o pai. – Este senhor acaba de nos
contar uma história muito interessante acerca de ti.
Susana sentou-se. Como poderia ele contar-lhes qualquer coisa?
Nunca o tinha visto senão nesse mesmo dia!
– Sabes quem eu sou? – perguntou o homem.
– Não! – respondeu Susana.
– Sou polícia e teu amigo do Messenger. Sou o Meteoro123.
Susana ficou pasmada: – É impossível! Meteoro123 é um rapaz da
minha idade! Tem 14 e mora em Braga!
O homem sorriu.
– Sei que te disse tudo isso, mas não é verdade. Repara,
Susana, há gente na Internet que se faz passar por miúdos; eu
era um deles. Mas enquanto alguns o fazem para molestar
crianças e jovens, eu sou de um grupo de pais que o faz para
proteger as crianças dos malfeitores. Vim para te ensinar que
é muito perigoso falar on-line. Contaste-me o suficiente sobre
ti para eu te achar facilmente. Deste-me o nome da tua escola,
da tua equipa e a posição em que jogas. O número e o teu nome
na camisola fizeram com que te encontrasse facilmente.
Susana gelou. – Quer dizer que não mora em Braga?
Ele riu-se:
– Não, moro no Porto. Sentiste-te segura achando que morava
longe, não é? Tenho um amigo cuja filha não teve tanta sorte:
foi assassinada enquanto estava sozinha em casa. Ensinam-se as
crianças e jovens a não dizer a ninguém quando estão sozinhos;
todavia, contam isso a toda a gente pela Internet. As pessoas
maldosas enganam e fazem-se passar por outras para tirar
informação de aqui e de ali on-line. Antes de dares por isso,
já lhes contaste o suficiente para que te possam achar sem que
tu te apercebas. Espero que tenhas aprendido uma lição e que
não o faças de novo. Conversa com os teus colegas acerca
disto, para que não façam o que tu fizeste e possam estar
seguros.
– Prometo que vou contar!
AGORA: Por favor, fornece o
endereço desta página aos teus amigos de forma a que possam
ler o artigo, fiquem alertados para situações semelhantes e não forneçam informações
sobre si próprios. O mundo em que hoje vivemos é demasiado
perigoso e todas as cautelas nunca são demais!
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