«Primavera
de 1956. Em pleno consulado de Salazar. Com a censura e a
polícia política actuando a seu bel-prazer.
Indiferentes a possíveis riscos, os Democratas do Distrito
decidiram comemorar a histórica data de 16 de Maio de 1828.»
Melhor que
quaisquer outras, estas palavras, já publicadas no n.º 21
desta REVISTA, espelham o ambiente em que foi proferida a
Conferência de JAIME CORTESÃO que adiante se reproduz.
Tanto a
Conferência de Jaime Cortesão como a apresentação deste, por
Mário Sacramento, não foram escritas. Se hoje as podemos
arquivar para que os vindouros conheçam esse momento exemplar
da história de Aveiro, isso se deve a uma gravação feita para
furtar à sanha destruidora da PIDE essas peças de cultura e
desassombro.
A gravação
foi deficiente — eram pouco aperfeiçoados os recursos técnicos
empregados — e não poderá deixar de reflectir-se, no texto,
essa deficiência.
Só o
esforço e a devoção do João Sarabando e do Armando Seabra
conseguiram ultrapassar os escolhos e permitir não se
perdessem, totalmente, as palavras de oiro então proferidas.
Não se
corrigiu quando a dúvida surgia e a certeza não existia. Era
difícil e perigoso. A veneração por quem dissera as palavras
era demasiado grande para que se corresse o risco de errar, ao
reproduzir, por escrito, o que de improviso fora dito.
Nesse
respeito havido a homenagem necessária e justa. |