De um momento para o outro deixou de
aparecer nos lugares do costume. "Que é feito do Pedro Vilhena?" –
ainda apetece perguntar, hoje, tal a forma como ele nos disse "até
logo!".
Com o seu passo saltitante, de
pequena corrida, parece que ainda o vemos a tomar a sua "bica" e a
falar, mais com gestos do que com a palavra, das suas aventuras no
laboratório de fotografia, dos títulos que haveria que pôr nesta que
noutra imagem, dos enquadramentos conseguidos, dos contraluzes
agarrados em feliz disparo, do pôr do sol que também a ele acabou
por chegar. |
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As montagens fotográficas já estavam
feitas a pensar numa sua exposição que ele, Pedro Vilhena, de há muito
vinha preparando.
Muitos dos títulos já estavam dados.
Outros quedaram-se pelo caminho dum espaço vazio nas costas dos
trabalhos.
Oitenta e oito fotografias escolhidas de
milhares, enquadradas, prontas a expor, assim ficaram, no dia em que ele
disse também "até logo!".
E dessas fotografias, um grupo de seus
amigos — o José Ramos, o Paulo Campos, o Carlos Ramos, o Manuel Gamelas,
e este que escreve estas linhas em nome de todos — viu-se confrontado
com a dificuldade de proceder a uma escolha que, por certo, o seu autor
teria feito e que alguns — o Gamelas e o Campos — quereriam fazer.
Vencidos pelo número dos que entenderam que nenhuma selecção seria
correcta na ausência do único juiz possível — o Pedro Vilhena — aí estão
essas mesmas oitenta e oito fotografias
(1) com total respeito pelo material que ficou no
dia em que foi dito o "até logo" final.
Amigos que com Pedro Vilhena conviveram
em lides fotográficas entenderam, por bem, prestar-lhe homenagem com a
mostra de seus trabalhos.
É o estar lado-a-lado, neste abraço que
continua a apetecer a fotográfica cavaqueira amena que inevitavelmente
nos faz ter Pedro Vilhena sempre presente.
Ele aí está e aí fica nas suas imagens.
Na exposição que ele queria e que não chegou a fazer... Mas que nós
fizemos, realizando o seu desejo.
Pelo
Grupo de Amigos, GASPAR ALBINO — Natal de 1988 |
(1) –
Deste espólio fotográfico só chegou até ao nosso conhecimento aquilo que
ficou registado no catálogo que nos foi oferecido pelo amigo Gaspar
Albino, quase 20 anos volvidos após a realização da exposição, e que
aqui reproduzimos. Se os familiares do fotógrafo guardam ainda as
fotografias e as quiserem emprestar por alguns dias, elas passarão a
figurar no arquivo digital histórico que, aos poucos, vai engrossando no
espaço «Aveiro e Cultura», graças a uma iniciativa que não seria
possível sem a existência do projecto Prof2000, que o Ministério da
Educação vem mantendo para bem dos nossos jovens estudantes e da
sociedade lusófona, em geral. (HJCO) |