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Não consentem os deuses mais que a vida
(1)

 

Não consentem os deuses mais que a vida.
Tudo pois refusemos, que nos alce
              A irrespiráveis píncaros,
             
Perenes sem ter flores.

Só de aceitar tenhamos a ciência,
E, enquanto bate o sangue em nossas fontes,
              Nem se engelha connosco
              O mesmo amor, duremos,

Como vidros, às luzes transparentes
E deixando escorrer a chuva triste,
              Só mornos ao sol quente,
              E reflectindo um pouco.

17/07/1914 (Athena, n.º 1, Outubro de 1924)

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(1) Heterónimo Ricardo Reis


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