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Chegaste dos mares de açafrão
Trazendo contigo sabores...
O cheiro da pimenta ardia
O cansaço posto nos olhos...
E adormeceste, num qualquer
Cais, o teu cansaço nos olhos,
Pois outras velas se ergueriam,
Pensavas, em lugar das tuas.
Foi nesse sono fatigado
Que foste largado nas chamas
Famintas que então te deixaram,
Esquecido, em mantas de algas
E peixes dourados; só eles
Te animaram para uma nova
Vida, só assim acordaste.
Então, rompendo as calmas vagas
De moliço, com ânsia ardente,
Marcavas encontro com a vida.
Cercado em muralhas de sal,
Deixavas nascer, nesse porto
Seguro, a tua alma destruída.
O tempo passou e nasceste
Assim,
saboreando a maresia.
Já a tarde nascia e tu,
Sem pensar, pró Tejo partias;
Os dias depressa voaram
E depressa a saudade cresceu.
Cansado, de Sol após Sol,
Seres tão inundado pela
Juventude tão curiosa,
Persegues agora o sonho
De tornares a adormecer no
Céu do teu coração, pois o
Céu onde adormeces não é
O céu do teu coração e a
Vontade de querer voltar cresce...
A saudade das tardes de
Conversas de anzol, do aroma
Das dunas trazido pela
Nortada, mas,
o que querias,
Era poder dormir com o
Teu tão acariciante feixe
De ilusões infinitas que
Tão te aquecem o teu coração!...
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