Detentor de uma
«extraordinária fauna léxica que a um tempo nos subjuga e
desorienta.» (Eugénio Lisboa dixit).
Pintor, desenhador, gravador,
cenógrafo, professor e grande pedagogo; grande poeta (com vários
heterónimos, sendo um deles João Pedro Grabato Dias).
Em Portugal e Moçambique
sempre irreverente, sempre criador, sempre um homem livre.
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Não quero que o meu bem amado tetraneto passe a vida a ver por
filmes antigos o mundo de hoje, o que resta. Quero-o no mundo dele,
que é o nosso, talvez um pouco mais ajardinado, é o termo,
não sei se percebem, repenicado. E isto não é um mal, pelo que a
natureza terá que suportar que o homem tenha um metro de bolso e se
sirva dele, que tenha uma ideia de economia e regra e colabore pondo
árvores em fileira certinhas, sabendo bem que as árvores safam-se
sempre gesticulando pelos cabelos e personalizam-se perfeitamente
sem sair da forma.
Assim quereriam alguns, em
certinha fileiras, os humanos. Esquecem-se que um homem gesticula
melhor com os pés e está farto de raízes até à raiz dos cabelos!
João Pedro Grabato Dias,
A Pressaga. Ode didáctica, Ed. do autor, 1974, p. 78. |