"O homem tinha
tomado conta de mim a uma hora da tarde e deixou-me exactamente duas
horas depois.
Quando me deixou
eu estava longe de mim e longe de tudo.
Resolvi sair da
aldeia e avançar pelo campo. Tomei uma estrada poeirenta onde
passava de vez em quando um carro. Então chorei como uma criança...
Taliesin não me saía (nem me sairá) dos olhos; até a cor do pó da
estrada me lembrava Taliesin. Avancei não sei até onde. Não podia
pensar concretamente. Qualquer coisa se apoderara de mim. Sentei-me
algures. Descansei. Tinha razão o poeta: "olhos que nunca se molham,
nada vêem quando olham". Naquelas duas horas eu tinha sofrido, estou
certo, um dos maiores choques, talvez o maior, da minha vida de
arquitecto.
Taliesin é, mais
do que um edifício, uma paisagem. /.../ Eu compreendo Writh e o seu
chapéu, compreendi as suas formas e o seu amor à terra, o seu
pensamento e o sentido das suas coisas..."
Fernando Távora, 1960 |