Jardim dos Campos

Sob o ponto de vista turístico, Ovar também é uma região privilegiada.

Possui os mais variados motivos, desde o encanto da paisagem campestre, onde avultam imponentes pinhais, até à sedução da vida marítima, plena de interesse e saboroso pitoresco.

De remota antiguidade, até aos nossos dias foi sempre centro piscatório notável. Os seus habitantes, que a lenda apresenta como descendentes de antigos navegadores gregos, ainda hoje conservam a tradicional bravura, marcando o seu lugar entre os melhores marinheiros de Portugal.

Segundo alguns escritores, a fundação de Ovar verificou-se cerca de 1372 anos antes de Cristo, quando Baccho, filho de SemeIe, se estabeleceu na Lusitânia acompanhado por muitos gregos. Travou boas relações com os povos aborígenes e deu-lhes, até, um rei chamado Lysias.

Estes invasores, segundo a lenda, pertenciam à formosa raça pelagiana, e fundaram várias povoações no litoral lusitano, como já haviam feito, também, na Bretanha.

Os antigos costumes dos varinos, modo vagaroso e cantado de falar, o trajo, o tipo cheio de carácter, o antigo hábito de andarem descalços, a sua frugalidade e a indiferença com que se expõem ao rigor das estações, a proverbial indolência para tudo que não seja pesca ou navegação – indolência já hoje muito menor –assemelham-nos, notavelmente, ao homem do mar provençal.

Este usa, como o varino, calças largas e curtas, faixa larga e grande carapuça, tal qual como os marítimos das Ilhas Jónicas – descendentes directos dos mesmos pelagianos.

Ovar - Fonte do HospitalA etimologia de Ovar ainda é pouco conhecida. Segundo alguns, a terra começou a designar-se / 82 / Ovar por ser o local onde os pássaros marinhos iam deixar os seus ovos. Pinho Leal insurge-se contra esta hipótese. Segundo este conhecido autor, Ovar devia ter sido fundada por marítimos bretões, descendentes dos navegadores gregos da raça pelagiana. Estes navegadores designaram a nova povoação por Var, nome dum rio e duma vila marítima bretã. Var transformou-se depois em Ovar, porque os antigos tinham o costume de juntar o artigo ao nome próprio.

Actualmente, Ovar é uma linda vila onde não faltam, a par dum invulgar pitoresco, as melhores comodidades impostas pela vida moderna.

É uma vila das mais progressivas do distrito de Aveiro, com grande importância comercial e agrícola, porque a sua população não se dedica, exclusivamente, à vida marítima, mas pende para outros negócios, dando grande impulso à agricultura.

Há mesmo no concelho de Ovar actividades agrícolas modelares, que se impõem, como a firma Colares Pinto, Irmãos, do Carregal, que tem dado o maior incremento à indústria de lacticínios, constituindo um salutar exemplo de valorização económica dos recursos naturais de Ovar.

Muitos outros exemplos se podem citar, porque a população de Ovar é hoje das mais laboriosas, e desse labor – que até se evidenciou na emigração – tem feito base dum sentido de independência económica, que muito se distingue na região de Aveiro.

Correspondendo a esse espírito progressivo, a Municipalidade tem procurado dotar o concelho com melhoramentos apreciáveis que lhe preparem o futuro.

Além da vila de Ovar, outros centros urbanos importantes há no concelho, que muito contribuem para a sua prosperidade.

Cortegaça, povoação antiquíssima, não se contenta com os seus pergaminhos históricos e tem desenvolvido, intensamente, as suas indústrias de cordoaria, tapeçaria, vasilhame e apetrechos náuticos, indústrias acreditadíssimas no país e cujos produtos têm grande exportação para as colónias.

Esmoriz, com a sua situação privilegiada à beira-mar, também é grande centro industrial de cordoaria, tapeçaria, serração de madeiras e tanoaria.

Furadouro, centro formado por pescadores, é já hoje uma povoação alegre e modernizada, e com futuro turístico graças ao encanto natural da sua praia.

Ovar - Monumento aos Mortos da Grande GuerraOvar é tudo isto, e muito mais que não cabe num artigo; podendo afirmar-se que, no seu conjunto marítimo, agrícola e industrial, é dos concelhos mais prósperos e de maior futuro do distrito de Aveiro.

E devemos acrescentar que essa prosperidade muito se deve ao génio industrioso dos filhos de Ovar. Já fica longe a indolência de outros tempos.

Sobretudo, pelas suas tradições marítimas que imprimem feição pitoresca aos usos e costumes de grande parte da população, Ovar tem o maior interesse turístico.

 

 

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