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96.º Aniversário da Fundação

Breve Resenha Histórica

Decorrentemente de grave dissidência ocorrida em 23 de Maio de 1907 entre os dirigentes e elementos do comando de um lado; e, de praças no outro, deu-se uma grave cisão na então existente Companhia de Bombeiros de Aveiro, a qual havia sido fundada em 1882. Desta cisão resultou mais tarde, a fundação da Companhia de Salvação Pública Guilherme Gomes Fernandes – "Bombeiros Novos", consumada durante uma reunião de vários dissidentes dos Bombeiros de Aveiro e de outras personalidades, decorrida na noite de 30 de Novembro de 1908. Desta reunião saiu a Comissão Instaladora da novel Companhia, tendo sido também constituído nesse mesmo dia o seu primeiro "Quadro Activo e de Fundadores" (primeiro Corpo Activo?).

A Companhia teve a sua primeira sede, a partir de Fevereiro de 1909, à Rua da Corredoura, hoje Rua Caçadores 10, na qual se manteve até 15 de Abril de 1912, para mais tarde se transferir para a Praça Luís Cipriano, hoje Praça Humberto Delgado.

Neste período a Companhia iniciou um processo de aquisição de equipamento para o seu Corpo de Bombeiros, devendo referir-se neste contexto a aquisição, em 1913, da sua primeira bomba braçal; e, de uma outra, dois anos depois, a 24 de Junho de 1915.

Dada a exiguidade das suas instalações, e, mesmo depois de ter aberto uma pequena sucursal na Rua do Sol, hoje Rua do Sargento Clemente de Morais, os dirigentes dos Bombeiros Novos decidiram-se pela construção do seu terceiro quartel-sede, a localizar no Largo Capitão Maia Magalhães, a qual teve início em 1920 e veio a ser concluída dois anos depois. Este quartel veio mais tarde a ser demolido para dar lugar ao actual, o qual foi, por sua vez, inaugurado em 1983. Este novo quartel que à época foi considerado uma mais valia para o serviço dos BN, é hoje manifestamente insuficiente para um correcto aquartelamento do actual Corpo de Bombeiros, razão pela qual a actual Direcção encetou há já alguns anos diligências no sentido da construção de um novo quartel, estrategicamente melhor situado na ZA atribuída aos BN; e que detenha características que se coadunem com as actuais necessidades da Associação e do seu Corpo de Bombeiros.

Pouco tempo depois da inauguração do novo quartel do Largo Capitão Maia Magalhães, os Bombeiros Novos iniciam um processo muito dinâmico de aquisição de equipamento e de viaturas, por forma a fazer face à intensa actividade operacional, a qual recrudesce constantemente. Até ai existia apenas, além das bombas braçais já referidas, um carro manual com escadas de madeira, de cujo emprego há vastas referências. Assim, o processo de apetrechamento do Corpo de Bombeiros com viaturas motorizadas e demais material específico de combate ao sinistro, inicia-se em 1926 com a aquisição de um pronto-socorro, construído sobre um "chassis" com rodas de raios de madeira; e de uma moto-bomba marca "Norton", a qual entrou ao serviço no dia 30 de Novembro daquele ano. No ano seguinte, e, até 1942, os Bombeiros Novos adquirem mais cinco prontos-socorros, sendo um deles, adquirido em 1940, equipado com uma moto-bomba marca" DKW ". Dentre estas viaturas, merece especial destaque o pronto-socorro "Vera-Cruz", o qual, tendo sido carroçado em Aveiro, foi uma das mais operacionais e bonitas viaturas de bombeiros da sua época.

O processo de apetrechamento e de substituição de material do Corpo de Bombeiros que, no entretanto, se ia consumindo pelo seu intenso uso, prossegue com a aquisição, em 1953, de uma escada rebocável "Magirus", mais tarde substituída pela actualmente existente. Esta aquisição marca um ponto alto no processo de apetrechamento do CB, o qual prossegue com notável dinâmica. Assim, neste contexto, destaca-se a entrada ao serviço, em 30 de Novembro de 1955, do pronto-socorro "S. Gonçalinho", o qual se preserva hoje como viatura antiga destinada ao futuro espaço museológico dos Bombeiros Novos. Releva-se também, por se constituir em mais valia operacional, a entrada ao serviço, em 1958, do primeiro pronto-socorro de nevoeiro do Corpo de Bombeiros, o qual só veio a ser reforçado por uma viatura congénere em 1971. Neste período áureo do apetrechamento, os BN adquirem em 1965 a sua primeira ambulância, a qual, a breve trecho, teve de ser reforçada, atentas as exigências de serviço de socorro e de transporte de sinistrados e de doentes que já à época se fazia sentir. Hoje os BN contam com onze ambulâncias, as quais, por vezes, não são suficientes para a satisfação de todos os pedidos.

O ano de 1973 é decisivo na definição da vocação marítima dos BN, uma vez que aquartelados desde há décadas na freguesia de Vera-Cruz, sempre estiveram em contacto com a ria e com o mar, sendo também certo que o seu recrutamento incidiu, no passado, quase em exclusividade, nos homens do bairro Beira-Mar. De facto, depois da cedência pelo ISN do material específico de socorros a náufragos, no qual se inclui uma viatura marca "Land-Rover" com atrelado; e de duas embarcações miúdas em fibra. Ainda neste período, e, depois da atribuição da missão de prevenção do acidente nas praias interiores, os BN formam a sua 1.ª Equipa de Mergulhadores, a qual veio a ter uma existência efémera, por motivo do abate aos efectivos dos BN de alguns dos seus elementos por motivos vários, dentre os quais se releva o cumprimento das obrigações militares em ambiente de aumento de efectivos das Forças Armadas Portuguesas. A falta desta equipa de mergulhadores fez-se sentir em várias ocasiões, razão pela qual a actual Direcção e Comando dos BN decidiram reactivar este importante serviço. Assim, depois de decorrido um longo processo de planeamento e de aprontamento ao longo dos anos 2000 e 2001, a nova Equipa de Mergulhadores entrou oficialmente ao serviço em princípios de 2002.

Em 1997, porque aos BN tivesse sido cometida a responsabilidade operacional na zona lagunar da Ria de Aveiro até S. Jacinto, e, desta povoação até ao Muranzel, o então Comandante Eng.º João Barrosa, ciente da dificuldade de aceder àquela zona em tempo útil duma primeira intervenção em caso de sinistro, decidiu aí destacar um Secção de Bombeiros, a qual, além do material indispensável para uma primeira intervenção, recebeu uma ambulância para socorro e transporte de doentes.

Ao longo dos anos o funcionamento desta Secção sofreu alguns sobressaltos, razão pela qual, recentemente, o actual Comando decidiu colmatar as dificuldades, aumentando os efectivos da Secção; e, reforçando os meios de combate de incêndios, urbanos e florestais, por forma a garantir a prontidão requerida pela primeira intervenção a qualquer hora do dia ou da noite. Esta Secção encontra-se aquartelada precariamente em instalações cedidas pela Junta de Freguesia de S. Jacinto, prevendo-se, porém que a muito curto prazo venha a dispor de novo aquartelamento pela cedência e adaptação das antigas instalações fabris da Empresa Jacintrónica, igualmente cedidas aos BN pela Autarquia acima referida, em Novembro de 2003.

Na actualidade o Corpo de Bombeiros tem continuado a crescer, não só em efectivos, parque automóvel e demais equipamento, mas também em sede de formação do pessoal, constituindo-se preocupação permanente do actual Comando a actualização técnica dos quadros através da frequência de cursos, estágios, seminários e colóquios que, pela sua natureza, se constituam em processo de mais valia desses quadros, habilitando-os a prestar o socorro e executar as tarefas específicas Com competência e segurança.

No que respeita ao equipamento e à melhoria do parque de viaturas, foram adquiridos, desde 1995 até à presente data todo o equipamento necessário ao serviço do Corpo de Bombeiros, destacando-se pelo seu preço e qualidade, os fatos individuais de combate "Nomex" e capacetes "Gallet" para todos os elementos do CB, assim como todo o equipamento necessário à Equipa de Mergulhadores, nomeadamente, fatos de mergulho, equipamento de comunicações e de navegação, garrafas de mergulho e 1 (um) bote semi-rígido de 6,20 mt com motorização de 100HP, este adquirido em 2003.

Quanto ao Parque Automóvel, foi levada a cabo a sua modernização através da aquisição de 24 novos veículos de várias aplicações, relevando-se dentre estes a aquisição duma grua de 50 toneladas, bem como de outras viaturas de grande qualidade dos grupos de viaturas de intervenção de combate de incêndios e de ambulâncias.

Ficaria incompleta esta resenha histórica, se não evocássemos os "Homens Bons" que, ao dos anos foram responsáveis pelo sucesso desta Associação e do seu Corpo de Bombeiros, relevando-se dentre estes todos os bombeiros, com e sem farda que, no anonimato, foram e são a alma e o corpo desta vetusta Instituição de Utilidade Pública que tudo continua a fazer para melhor continuar a servir.
 

 

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