As imagens deste «slide-show» seguem uma sequência tal como se tivéssemos o álbum organizado pelo professor Assis Maia e o fôssemos folheando. Além das legendas originais, que reproduzimos, aproveitaremos para algumas reflexões sugeridas pelas fotografias.

Olhando para esta página manuscrita, com caracteres perfeitamente desenhados, poderemos fazer dois tipos de leitura. Se prestarmos atenção apenas aos caracteres com maior tamanho e desenhados a régua e compasso, diremos que o álbum nos apresenta as «FOTOS de dr. assis maia». E seguramente serão as fotos dele, mas não as fotos por ele tiradas, a menos que andasse com duas máquinas fotográficas. Lendo seguidamente, linha a linha, o que ele registou, teremos «FOTOS da excursão do 7.º ano a Tomar, realizada em X-V-MCMXXXIX de dr. assis maia», ou seja, um álbum por ele organizado e que, enquanto director, ofereceu «Ao Gabinete de Geografia do Liceu de José Estêvão».

1. A primeira folha do álbum, de cor rosada e amarelecida já pelos anos, apresentava apenas uma fotografia ampliada no formato 12x18 cm, ou seja, metade de uma folha de papel fotográfico de tamanho 18x24, que, na câmara ou quarto escuro do laboratório, era retirada da caixa, vincada cuidadosamente ao meio e cortada, geralmente, com o auxílio de uma lâmina, daquelas primeiras lâminas lançadas pela Gilette, com o nome do seu inventor. A folha cortada terá sido colocada na prancheta do ampliador e o álbum abria com uma ampliação, quem sabe, talvez com a imagem da entrada do convento de Cristo em Tomar. Por razões que desconhecemos, a fotografia levantou voo e não chegou até nós. Por isso, aproveitámos essa folha para colocar o nosso índice de conteúdos, na versão digital. Toda a série de imagens seguintes é constituída por provas de contacto no formato 6x6 e 6x9, muito mais baratas do que uma ampliação. A segunda folha do álbum apresenta duas janelas manuelinas, uma de cada lado, rigorosamente a imagem do mesmo negativo: a primeira prova com excesso de luz ou de tempo no revelador; a segunda com menos exposição e mais puxada na revelação, tendo permitido obter uma fotografia mais clara e contrastada, evidenciando melhor os pormenores do estilo manuelino. Aqui, na versão digital, a reduzida qualidade da primeira janela não se nota, porque a melhorámos sensivelmente, aumentando o contraste e a luminosidade, graças aos recursos das  modernas ferramentas de tratamento de imagens. No nosso caso, embora tenhamos no computador o PhotoShop e o PainShop, ambos profissionais, acabámos, quase sempre, por utilizar o segundo recurso.

2. Eis o grupo que em 1939 efectuou a excursão a Tomar. Hoje diríamos a Visita de Estudo a Tomar. Os alunos distinguem-se perfeitamente dos professores. Os alunos, todos eles de capa e batina, deixam adivinhar a continuação dos estudos na etapa seguinte, a Universidade de Coimbra, como poderemos deduzir pela análise dos pormenores em imagens de grupo posteriores, se prestarmos atenção a um objecto particular empunhado por um deles, que deveria provavelmente ser o animador musical do grupo. No meio deles um professor, com um pormenor que o distingue dos outros. Atente-se no colarinho e verificarão tratar-se de um elemento eclesiástico, muito provavelmente um dos reitores do Liceu de Aveiro. De cada lado, um professor. Qual o professor de História, que terá aproveitado a visita para recordar aos alunos as características do estilo manuelino? Teremos de recorrer ao auxílio de algum antigo aluno do Dr. Assis Maia, se ainda por cá andar, que nos queira ajudar a completar esta legenda... Afinal, não demorou muito a chegar a resposta. A segunda figura a contar da esquerda é o autor deste álbum.

3. Os professores mudaram de posição, à excepção do professor que há pouco chamou a nossa atenção. De mãos com os dedos cruzados, não olha directamente a objectiva da máquina, ao contrário dos restantes fotografados. Prefere manter uma posição de maior respeito, olhando ligeiramente para o lado e para baixo. À frente de futuros alunos universitários, apenas três alunas, também elas de capa e batina. Nesta primeira sessão de fotografias do grupo, os objectos tradicionais levados ainda hoje em excursões não estão presentes. Comparemos este grupo de alunos 1939 com a actualidade. É certo que deveriam estar no final do curso liceal. Mas, mesmo assim, o aspecto é de gente mais madura e assente, embora andando, provavelmente nos 17 ou 18 anos.

4. Segunda prova obtida a partir do mesmo negativo, no formato 6x9 cm. Já agora, aproveitamos para dar uma sugestão a quem estiver a visionar esta sequência de imagens. Se utiliza um computador, poderá clicar nas imagens para as ampliar, devendo depois utilizar o botão de retrocesso do «browser». Se utiliza uma tablete ou um computador com ecrã táctil, não precisa de clicar sobre as imagens. Poderá aumentá-las utilizando os dedos indicador e polegar, porque as imagens inseridas neste «slide-show» são as versões com maior resolução. Já agora, para a gente nova que repete todas as asneiras que ouve nos órgãos de comunicação social, especialmente a televisão e na publicidade, repare-se que dizemos «a tablete» e não o disparate vulgarizado, (um dos muitos actuais, que tento combater junto dos meus netos) que transforma palavras do género feminino em palavras masculinas, sintoma do estado em que anda, nos últimos tempos, a desgraçada da nossa língua.

5. Na Batalha. A partir daqui, nas imagens de grupo, deixa de aparecer o elemento com colarinho eclesiástico. Seria não um professor, mas a entidade eclesiástica, que terá recebido o grupo de Aveiro? Efectivamente, esta segunda hipótese é a única que é possível. Trata-se de D. João Evangelista de Lima Vidal, que, por esta altura, estaria em Tomar, e terá efectuado uma deslocação ao convento de Tomar, para se encontrar com os alunos de Aveiro. De acordo com informações colhidas em «Encontros e Encantos», de João Gonçalves Gaspar, a páginas 214-215, D. João João Evangelistas, em 12 de Setembro de 1930, «fora nomeado pelo papa Pio XI como superior dos colégios das missões do clero secular português (Cucujãs, Tomar e Cernache do Bonjardim)» até Janeiro de 1940 e encontrar-se-ia precisamente em Tomar. Pormenor importante, ao qual deveremos prestar atenção na foto 3, é o elemento que lhe cobre parte da cabeça, e que reforça as nossas suposições.

6. Cremos que em 1939 ainda não existiam estradas alcatroadas. O que predominava era o macadame. No entanto, a estrada está lisa e brilhante, reflectindo o casario, sintoma de uma forte chuvada. O céu está escuro. Na berma da estrada ainda os vestígios de uma valente saraivada, que deixou uma camada de gelo tal que mais parece que o chão está coberto de neve. Por esta altura, o mosteiro da Batalha estava rodeado de casario, vendo-se da estrada apenas a parte central do monumento. Já existia iluminação eléctrica. Um dos candeeiros, servia simultaneamente de meio de iluminação e publicidade. Compare-se com o aspecto actual, recorrendo aos postais ilustrados da secção respectiva do espaço «Aveiro e Cultura». BATALHA

7.Caldas da Rainha

8. Como era o altar de Fátima em 1939. Ver outras imagens da mesma época em FÁTIMA 1936.

9. No interior do Mosteiro da Batalha.

10. Mais importante que o grupo da excursão é o local onde se encontram. Tomando os elementos do grupo como escala, dá para ver bem a grandeza do monumento onde se encontram. No original, uma fotografia no formato 6x6, apenas a parte central está bem visível, passando o grupo quase despercebido.

11. Outro vitral no Mosteiro da Batalha.