Sala pequena, apinhada
de gente cansada, a esperar
com máscara à cara colada
o nariz de fora a espreitar
e os olhos postos em nada
em constante coscuvilhar.
Ao fundo, homenzarrão
sanguíneo, fanfarrão,
tipo amante de viúva,
criou certa confusão
quando já impaciente
empunhou o guarda chuva
e, fitando a impávida gente::
" foda-se; tanta demora"
e de pronto, saiu porta fora.
Este gesto logo assentou
na sala exígua, como luva
e, em dolorosa espera. ficou
aquela triste e paciente gente
que não acredita, nunca acreditou
perdida que é a hora presente,
hora essa que o
tempo levou.
Dezembro de 2020
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