Astral

 

Fecho os olhos mas vejo,

vejo o mundo sem dimensão

que aos olhos furta o seu radar

mas, na força dum desespero,

ponho na palma da minha mão

esse mundo ácido em desvario,

mundo perdido, em fuga louca,

levando consigo a luz do amor,

o etos da humanidade gerada

numa natureza de sol e magia,

cedo esquecida em errâncias

cósmicas, fortuitas, breves,

e também por seres humanos

mentecaptos, infames, perversos,

ou este vago torpor existencial

duma astral ocorrência, a vida.

                          Abril de 2021

 

 

18-04-2021