Em 1990, foram festejadas em Aveiro as
bodas de ouro da revista “Molho de Escabeche”, ou seja, cinquenta anos
antes, Aveiro e o País tiveram o prazer de assistir a uma revista feita
por amadores que, segundo as opiniões da época, constituiu um
espectáculo sadio, cheio de vida e de cor, capaz de rivalizar com o que
se vê lá fora, nos melhores teatros europeus, e muito superior ao que se
representava nos de Lisboa e Porto.
Sessenta e seis anos depois deste
brilhante e sonoroso evento que deslumbrou o País, recebemos uma
publicação de 1990, editada pelo “Clube dos Galitos”, sob a direcção de
Amadeu de Sousa e maquete de E. Moraes Sarmento, na qual se
comemora essa fantasia regional, criada por uma vasta equipa de mais de
cem pessoas, entre as quais os autores, os compositores, os 28 músicos
de uma orquestra privativa, e demais elementos, sem os quais nunca
poderá efectuar-se qualquer representação dramática, independentemente
do seu género.
Imaginar o que terá sido este
espectáculo através de documentos impressos está longe de ser a mesma
coisa que vê-lo e ouvi-lo. Mas a leitura dos textos e imagens são um
suporte para a imaginação. E com eles será sempre possível fazer uma
ténue ideia de qual terá sido o prazer dos espectadores deste País e,
sobretudo, o deslumbre dos aveirenses, ao verem no palco evocadas
tradições que lhes são familiares.
Para a construção deste módulo
interactivo, aproveitámos justamente a informação compilada em 1990, por
altura da comemoração dos cinquenta anos. Procurámos manter
rigorosamente os conteúdos da publicação que nos fizeram chegar, apenas criando um
índice remissivo não existente no original e eliminando as páginas
publicitárias, que terão ajudado a custear a edição. Deste modo,
além do folhear tradicional das páginas de qualquer obra impressa,
utilizando os botões de navegação horizontal colocados no
final de cada página, é possível seleccionar e ir directamente para o
texto pretendido.
Falta nesta edição electrónica apenas uma
componente fundamental mas inexistente: os registos sonoros. Tirando os
velhinhos discos de 78 rotações, na altura não existiam recursos
fáceis de gravação. Os gravadores de «fio de aço» já existiam nos finais
da década de 1940. Mas poucas pessoas ainda os conheciam. E os já
desactualizados gravadores de fita magnética só nos finais dessa década
foram inventados; e os primeiros exemplares terão chegado a Portugal nos
começos da seguinte. Logo, a menos que existam reconstituições desta
componente tão importante, não nos será possível evocar essas melodias
que terão deliciado os ouvidos contemporâneos.
Actualmente, tudo o que aqui poderemos
acrescentar serão as fotografias que os aveirenses, por ventura, ainda
possuam nos álbuns familiares. E com elas e a boa vontade dessas
pessoas, enriquecer estas memórias da nossa terra.
Aqui deixamos o nosso obrigado às
pessoas que nos permitiram ficar a conhecer um pouco do nosso passado
artístico colectivo e os votos de uma frutuosa leitura.
Aveiro, 11 de Dezembro de 2006
Henrique J. C. de Oliveira |