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            Antiga 
            Rua do Cais. Clicar na imagem para  mais informações. |  
        
        
        Aveiro baptizou uma das suas ruas mais características com o nome de 
        João Mendonça. No entanto, muito poucos saberão quem se esconde detrás 
        de uma placa toponímica. E quem foi João Mendonça? Nascido em Aveiro, no 
        dia 30 de Agosto de 1871, João Augusto de Mendonça Barreto foi visitador 
        do Selo do distrito, fundador do Clube Mário Duarte e distinto 
        desportista. Morreria, assassinado, a 12 de Julho de 1912, em Cabeceiras 
        de Basto. 
          
        
        Paralela ao Canal Central, a Rua de João Mendonça teve um papel muito 
        importante na história e no crescimento económico da cidade de Aveiro. 
        Foi bastante frequentada pela população aveirense, que procurava, no 
        cais, as mercadorias necessárias ao seu sustento. 
        
        Ali atracavam os  mais variados barcos da ria: os pesados saleiros, os 
        elegantes e emproados moliceiros e as leves bateiras mercantéis, todos 
        chegando ao cais carregados de lenha, carqueja, moliço, sal, milho, 
        batatas e um sem número de outros produtos. 
        
        No princípio deste século ainda se realizavam, no cais, feiras e 
        ajuntamentos. Havia o mercado da madeira, que fornecia não só lenha, mas 
        também tábuas e madeira para a reparação dos barcos; o mercado dos 
        melões, onde se podia comprar melões e melancias nos barcos, vindos da 
        Vagueira e das Gafanhas; e o mercado das cebolas, vendidas em “cambos”, 
        por airosas mulheres. 
        
        Quem recorda aqueles tempos (e muito nos tem valido a memória e o 
        trabalho de investigação do Sr. Fausto Ferreira) lembra a multidão 
        alegre e agitada na labuta comercial. A confusão reinava no cais! Os 
        calceteiros, os pescadores, os mareantes e alguns comerciantes que ali 
        habitavam faziam, também, o bulício desta zona. Os centros de decisão e 
        as estruturas necessárias ao bom desenvolvimento do comércio 
        localizavam-se na proximidade deste local, como se uma força magnética 
        os puxasse para junto da ria. 
        
        Hoje, o cais apenas serve barcos de recreio, de pesca, bem como 
        actividades tradicionais e turísticas. Continua, no entanto, a ser 
        indispensável preservar o seu bom estado para melhor fruição da vida 
        nesta zona baixa da cidade. 
        
        A Rua de João Mendonça já teve diferentes designações. Foi conhecida por 
        Rua do Cais, por ali atracarem os mais variados barcos da ria, fazendo 
        as suas cargas e descargas; Rua do Pelourinho, por o pelourinho da 
        cidade se localizar em frente ao café “Gato Preto”; e, ainda, rua de 
        Fontes Pereira de Melo, em homenagem ao que foi como governante um dos 
        principais impulsionadores do desenvolvimento português a partir de 
        meados do século XIX. 
        
        Em meados deste século, era já possível encontrar, nesta rua, edifícios 
        e estabelecimentos comerciais, que lhe conferiam características únicas. 
        
        A fazer esquina com a praça de Joaquim de Melo Freitas, onde fica a 
        Companhia de Seguros Fidelidade, encontrava-se a livraria do Sr. Reis. 
        Um pouco mais à frente, destacando-se pela raridade e valor 
        arquitectónico da fachada “arte nova”, fica a Casa da Cooperativa 
        Agrícola. Neste edifício funcionou, também, um talho pertencente ao Sr. 
        Manuel Gamelas. Era considerado o melhor da cidade, quer pela qualidade 
        da carne que vendia, quer pelas óptimas condições de higiene que o proprietário 
        fazia questão de manter. Bastante degradado e com forte probabilidade de 
        ruir, o prédio serve agora uma mercearia. 
        
        No vasto conjunto de construções de “arte nova” existentes na rua, e 
        como acompanhamento do actual edifício da Região de Turismo “Rota da 
        Luz”, onde, em tempos, funcionou o Banco Nacional Ultramarino, existem 
        duas casas que foram adquiridas pela Câmara Municipal, com o intuito de 
        se transformarem em Museu da Cidade. Problemas surgidos com o 
        escoramento de toda a fachada dos prédios têm dificultado o desenrolar 
        normal das obras, iniciadas em 1995. 
        
        A meio da rua, podemos encontrar, na “Mercantil Aveirense”, drogaria ali 
        existente há mais de 60 anos, um variado “sortido” de materiais. No 
        primeiro andar, fica o cabeleireiro do Sr. Alfredo Fortes e, no segundo, 
        o Instituto Superior de Ciências de Informação e de Administração 
        (ISCIA) e a redacção do jornal “Campeão das Províncias”. 
        
        A fazer esquina com a rua de Trindade Coelho ficava o café “Gato Preto”, 
        como ainda hoje é conhecido.   
        
        Hoje… 
        alguns problemas 
        
        A Rua de João Mendonça, localizada no coração da cidade, tem alguns 
        problemas que os comerciantes e transeuntes anseiam por ver resolvidos 
        pelo Executivo camarário. 
        
        A falta de estacionamento, a deficiente iluminação, a pouca segurança, 
        alguma prostituição, e as frequentes inundações que, aquando das marés-vivas, representam preocupações constantes para quem ali tem 
        negócio, para quem ali passa. 
        
        A rua é uma das mais visitadas e fotografadas da Região de Turismo da 
        Rota da Luz. O canal central, com a ria e os seus encantadores 
        moliceiros, é o elemento preferencial de folhetos informativos, guias e 
        mapas da cidade. Por este acto, a opinião dos comerciantes e transeuntes 
        da rua aponta apara a necessidade urgente de preservar as várias 
        fachadas de casas de “arte nova”, que são o ex-libris de todo o 
        distrito de Aveiro. E tem toda a razão! 
        
        Uma cidade vale pelo que revela da sua história. Não se visita por 
        aquilo que em toda a parte se encontra, mas pelo que só ela possui. São 
        os motivos artísticos do passado, os melhores títulos para o turismo de 
        nível superior.   
        
        
        Sabia que... 
        Uma 
        situação algo insólita ocorreu nesta rua, quando ainda havia a pena de 
        morte. Um sapateiro, que tinha por alcunha o "Cospe-Fora", foi enforcado 
        no pelourinho da cidade, após ter sido acusado de matar um indivíduo. 
        Anos mais tarde, provou-se ter sido um erro judicial. 
        Foi o 
        último enforcamento em Aveiro. |