Consoada e recordações |
A minha consoada com os furriéis
decorreu num ambiente relativamente agradável,
à luz do Petromax. A mesa estava decorada tal como
havíamos idealizado da parte da tarde. Não tínhamos
árvore de Natal, nem chaminé para pendurar as
meias ou colocar as botas. Não tínhamos música
natalícia, nem programas televisivos para acompanhar a
refeição. Mas tínhamos a melhor das disposições. E
tínhamos até, em substituição da árvore natalícia,
com os respectivos adornos, alguns desenhos alusivos
à época feitos por um dos furriéis. Na parede, ao
lado da nossa contagem crescente dos dias, estava o
desenho de uma árvore de Natal. Noutros locais, nas
paredes do edifício, pequenos desenhos recortados e
colados com fita adesiva recriavam os adornos
tradicionais. Depois do bacalhau com batatas,
comido com satisfação por todos nós, veio o momento de
cortarmos o bolo-rei. Foi o momento das surpresas. Fui ao
gabinete buscar os embrulhos. Quando voltei a sentar-me,
havia também uma surpresa dos furriéis. Um deles,
comprara em Quimbele uma garrafa de espumante. Estava no
meio da mesa, perlada de gotas de água. Tinha sido
colocada na arca frigorífica duas horas antes pelo
Ramalho, para estar fresca. Cortámos as fatias de bolo e
abrimos a garrafa, no meio de animada conversa.
Brindámos pelo nosso regresso a casa, dentro de dois
anos. Saboreámos com prazer aquelas inesperadas fatias,
que alguém se lembrara de mandar confeccionar e enviar
aos soldados. Em seguida, foi o momento de abrir os dois
embrulhos. Para prolongar a expectativa, fui passando
lentamente por várias etapas. Primeiro, coloquei no meio
da mesa a lamparina, que trouxe de Coimbra. Em seguida,
com todos os vagares, atestei-a com álcool. Desembrulhei
depois os dois embrulhos, com a máquina e o café. — Vamos passar a ter café às
refeições, alferes? — perguntaram os furriéis. — É como vêem. Vamos passar a ter
diariamente o ritual da bica após cada refeição.
Só precisamos de ter aqui o frasco sempre atestado
com álcool e, de tempos a tempos, adquirir um pacote de
café de boa qualidade. Enquanto um furriel abria o pacote de
café, de onde exalou um delicioso aroma, desatarrachei a
máquina. Entretanto, outro furriel foi buscar as
chávenas, colheres e açúcar. Já não tínhamos
connosco o impedido. Também não estava aqui o rapaz
civil, que ajuda a limpar e a arrumar a nossa sala comum
e a fazer as camas. O impedido tinha ido ter com os
colegas, depois de nos ter trazido a travessa com o
bacalhau. O rapaz tinha ido passar o Natal na sanzala,
com os familiares. Estávamos, por isso, numa maior
intimidade. Podíamos falar à vontade, sem ouvidos
indiscretos. — Somos cinco a tomar café. Como a
máquina só faz dois cafés de cada vez, temos de fazer
a nossa escala de serviço à bica, quando
cá não tivermos o Joaquim ou o soldado. Como no
final sobrará sempre um café, será para aquele
que estiver com mais vontade. — Vá lá, alferes, ateste a
máquina, para vermos como é. — É fácil. — disse outro furriel.
Temos uma maior lá em casa. Faz café muito bom. Enchi o recipiente inferior com água
até um pouco abaixo da válvula. — Alferes, pode pôr mais água. Bem
aproveitado, dá quase para três chávenas. Coloquei o café na espécie de funil e
calquei-o bem com uma colher. Atarrachei a parte superior
e coloquei a máquina sobre a lamparina. Um dos furriéis
acendeu-a com o «Ronson da picada». Olhámos para o
relógio. Ao fim de três minutos, a água estava a
ferver e o café a borbulhar na parte superior. E
que cheirinho delicioso! — Alferes, cheira melhor do que sabe! — Isso é por enquanto. É
só enquanto não o começamos a beber. — O primeiro a inaugurar a máquina é
o alferes, que teve esta feliz ideia. Todos nos regalámos com um
café acabado de sair da máquina. Bem jantados, bem
«sobremesados» com o bolo-rei e espumante e com
as bocas bem aromatizadas pelo café, estávamos aptos a
passar o serão em amena cavaqueira. Para ajudar a passar o tempo, contei a
minha conversa com o dono do estabelecimento, que nos
oferecera um lote tão saboroso de café . Logo o
Rodrigues se saiu com esta: — Ó alferes, esse convite para
almoçar lá em casa. Está-se mesmo a ver para o que é! Olhámos interrogativamente para o
Rodrigues, para ver o que ia dali sair. — Alferes novo e formado. Filha nova e
solteira, numa zona onde não abundam os bons partidos,
está-se mesmo a ver! — Mas que disparate, Rodrigues! — Admira-se, alferes? — disse outro.
O Rodrigues é capaz de ter razão. Olhe que de miúdas
percebe ele. — É natural que perceba. Ficaria
chocado é se percebesse de miúdos. — O alferes ainda não conhece
Quimbele. — prosseguiu o Rodrigues. Eu fiquei
lá dois dias, antes de vir com o alferes para cima,
e já vi qual o ambiente. Já me contaram uma série de
coisas. — Quer dizer que o Rodrigues já se
pôs em campo. Já andou a fazer o reconhecimento
à zona... — É como diz, alferes. E a melhor
é a história da Miss Quick. Ficámos intrigados e desejosos de
ouvir a história que o Rodrigues tinha para nos contar. — Vá lá, desembuche. Quem
é a Miss Quick? O que é que ela tem de especial? — perguntámos, cheios de curiosidade. Aqui vai o relato do furriel, tal como
ele me chegou aos ouvidos. Na recta entre a parte elevada da povoação e o hospital de Quimbele, existe um comerciante, que tem comércio e bar ao mesmo tempo. Tem uma filha com uns dezoito anos, cuja beleza faz rondar o pessoal pela zona. Tem namorado com alguns alferes e furriéis que têm passado por Quimbele. Mas continua solteira. Ou não engraçou ainda com nenhum, ou não tem tido a sorte de os prender definitivamente. Esta segunda hipótese também não me parece muito viável, porque, ao fim de cerca de um ano de permanência, as Companhias são obrigadas a mudar para outra região militar de Angola. Ainda que alguém ficasse muito apaixonado por ela, ver-se-ia obrigado a ter de a deixar por longo tempo. E como noutras zonas também há miúdas, uma paixão, mesmo assolapada, não tem grandes probabilidades de vingar. Segundo parece, a miúda até é bastante segura, mas carenciada de afecto. Daí que consta que, numa certa altura, se viu obrigada a recorrer urgentemente ao serviço do médico de uma das companhias que passaram por aqui. Na falta de um elemento masculino, ou talvez por não querer correr riscos com nenhum, utilizou uma garrafa de Quick, cujo feitio e dimensão faz lembrar um falo. E com tanto azar utilizou a garrafa, que esta lhe ficou encravada, tendo sido obrigada a recorrer ao médico, para resolver tão insólita situação. Se isto é ou não verdade, vendo-o pelo mesmo preço com que o recebi do furriel Rodrigues. — Afiançaram-me que isto se passou mesmo assim! — concluiu o Rodrigues, perante as nossas francas risadas, que mais aumentavam quando imaginávamos o caricato da situação e a aflição da moça. — Tenho de ver quem ela é . — disse um dos furriéis. — Parece que é um grande borracho.
— acrescentou o Rodrigues. Passei lá pela zona, para
ver se a conhecia, mas não tive sorte nenhuma. Estávamos ainda a rir gostosamente da
situação, quando fomos bruscamente interrompidos.
Entrava-nos no edifício o condutor Sousa. Vinha com ar
esbaforido e aflito: — Alferes, estou desgraçado! Olhámos atónitos para o condutor, que
fora comigo de manhã à Camuanga. — Estou desgraçado! — repetia o
Sousa, com um ar aflito, que nos congelou as gargalhadas
da Miss Quick. — O que é que te aconteceu? —
perguntei. — Perdi a canhota! — O quê? — perguntámos
surpreeendidos. — Perdi a canhota! Não a encontro em
lado nenhum. Não está na caserna, nem na viatura. — Já viste bem? — perguntei. — Foi algum camarada que te escondeu a
arma, para gozar contigo. — alvitrou um furriel. — Acha isso possível, Teodoro?
— retomei eu. É uma coisa muita séria, para se fazer. Em
véspera de Natal, ninguém se lembrava de uma coisa
dessas. — Deve ter caído na picada, alferes.
Colocamos sempre a espingarda encostada ao canto da
viatura, em posição de a agarrarmos rapidamente, em
caso de ataque. Deve ter caído na picada com algum
solavanco da viatura. — Talvez não! Podes ter-te esquecido
dela na Camuanga. Agora não adiantas nada em estar para
aí nessa aflição. Amanhã, logo pela manhã, voltas à
Camuanga com um dos furriéis e uma secção. Vais ver
que deve lá estar guardada. Este episódio da espingarda perdida pelo condutor Sousa fez-me recordar uma situação parecida, que ocorreu durante a minha recruta em Mafra.
Estamos em 8 de Fevereiro
deste mesmo ano, numa manhã fria de Inverno.
Durante a parte da manhã, tivemos, numa zona próxima da
tapada de Mafra, o exercício designado por «campo de
infiltração». Foi uma manhã desastrosa, de que a
minha agenda guarda ainda os vestígios. O «campo de
infiltração» é uma área lamacenta, com diversos
pilares de reduzida altura, ligados entre si, na parte
superior, por arame farpado. O exercício consiste em
atravessar toda a área a rastejar, mergulhados numa lama
barrenta, passando por baixo do arame farpado e sem
podermos levantar as cabeças. Metralhadoras colocadas
dos lados disparam rajadas consecutivas de balas reais.
Cabeça levantada é cabeça ceifada. De tempos a tempos,
imprevistamente, explodem petardos ao nosso lado, com
grande fragor. Provocam enormes colunas de água e lama.
Põem-nos os ouvidos a zunirem durante longo tempo. O
barulho da deflagração é de tal modo
ensurdecedor, que ainda hoje conservo uma zumbideira
permanente nos ouvidos, especialmente do lado esquerdo. O
fogo real com espingardas G3 e «Mauzeres», sem qualquer
protecção para os ouvidos, já me tinham afectado
ligeiramente a audição. Agora, com o rebentamento de um
petardo, mesmo à minha esquerda, fiquei levemente
atordoado e marcado para sempre. Mesmo assim, fui um
grande felizardo. Fui muito mais afortunado do que o
camarada que seguia na fila da minha esquerda. Este
infeliz deve ter acordado neste dia em maré de azar.
Porquê ele e não eu? Já vão saber a razão. A mesma
deflagração, que me pôs atordoado por instantes e com
os ouvidos a zumbirem, foi desastrosa para ele. Um dos
pilares de cimento, com a violência da explosão, foi
atirado ao ar e veio cair impetuosamente no peito do meu
companheiro. Na altura, não me apercebi do sucedido.
Fiquei atordoado e com os óculos cobertos de lama.
Fiquei sem ver nada. Tive de os tirar e meter num bolso
da farda. Continuei a rastejar até ao fim do
obstáculo, onde cheguei completamente exausto.
Só passado um bocado nos apercebemos que qualquer
coisa não estava bem. Esse meu camarada era muito mais
jovem do que eu. Era, consequentemente, muito mais ágil.
Em todas as actividades, eu fiquei sempre muito aquém
dele. Estranhámos por isso tamanho atraso. Verificámos
que continuava no local, sem se mexer. A coluna de
cimento tinha-lhe caído no peito e partido seguramente
algumas costelas. Tal deveria ter sido a dor, que
desmaiou. Foi levado para o hospital e não voltei mais a
pôr-lhe a vista em cima. Quando chegámos à
caserna, numa das alas do último andar do convento de
Mafra, estávamos todos estoirados e num estado
lastimoso. A nossa preocupação foi tirar toda a roupa
enlameada e metermo-nos debaixo dos chuveiros. A roupa
interior mudou de cor. Estava de tal modo tingida por
aquela lama barrenta, que foi para o lixo. E a minha
agenda, que trago sempre comigo no bolso da farda ou do
camuflado, embora não tenha sido interiormente afectada
pela lama, ficou com as capas de protecção alteradas.
Antes, eram de um azul vivo; agora, o azul quase não se
vislumbra. As capas ficaram naturalmente camufladas com
manchas esbranquiçadas, onde a tinta saiu, e com manchas
acastanhadas, vestígios do barro, que se conservaram
mesmo depois de as ter lavado com água. Mas o que tem este
episódio passado em Mafra a ver com a espingarda do
condutor Sousa? A vossa pergunta tem uma
certa lógica. Mas tem também resposta. Não tem nada a
ver com o relato que acabei de fazer, mas está
relacionado com os acontecimentos. O que acabei de evocar
foi apenas a parte mais azarenta do dia, porque os
problemas ainda não tinham chegado ao fim. Na tarde do dia 8 de
Fevereiro, depois do exercício funesto da manhã,
tivemos um pequeno período de descanso, para
recuperarmos para os trabalhos da noite. Esperava-nos
ainda uma patrulha de vinte quilómetros, em plena
escuridão, que nos obrigou a um maravilhoso, delicioso e
fatigante itinerário nocturno pelos arredores de Mafra.
Acabo de consultar a minha barrenta agenda.
Cá está ele registado, o itinerário: Mafra,
Igreja Nova, Cheleiros, Carvalhal, Igreja Nova, Mafra.
Foi um roteiro turístico magnífico. Quando me vir livre
da tropa, na peluda, vou-o propor às entidades locais
ligadas ao turismo. Com mochilas às costas e em plena
escuridão, este itinerário pedestre é excelente
para descobrir as silhuetas dos edifícios, que mal se
recortam sob a encandeante luz das estrelas. E então, se
for noite de temporal, como a que tivemos, o passeio
turístico ficará digno de figurar em todas as agências
de viagens do país. Chegámos ao quartel às
duas e meia da madrugada. Desta vez, para compensar o
esforço, tivemos uma surpresa pouco habitual: foi-nos
servido um pequeno almoço abundante e delicioso, com
chocolate quente e sandes diversas. Ficámos
verdadeiramente surpreendidos! E atirámo-nos
gostosamente a essa refeição imprevista, que nos
ajudou a esquecer, por momentos, os maus bocados
passados durante o percurso. Já vão ver em que
consistiram estes maus bocados, que me deixaram
surpreendidos pela resistência humana e estratégias do
nosso corpo, para aguentar aquilo que eu julgava
impossível. Durante o percurso em
plena escuridão pela estrada alcatroada, o cansaço e a
hora avançada, depois de um dia de violentos esforços,
tornavam-nos as pálpebras pesadas. Éramos
momentaneamente vencidos pelo sono e os olhos
fechavam-se, apesar de continuarmos em pé e em
marcha. Daí que todo o pelotão tinha de utilizar
esta táctica: o elemento de trás tinha de prestar
atenção ao caminho e ao camarada da frente. Se
verificávamos que ele começava a deslocar-se em
direcção à valeta, já sabíamos que tinha adormecido.
Então, sem sequer o acordarmos, limitavamo-nos a
colocá-lo na posição certa, para continuar a marcha
atrás do parceiro da frente. O único problema na
deslocação era quando dois elementos contíguos
adormeciam ao mesmo tempo. Felizmente que esta situação
foi rara nesse dia. Quando tal acontecia, o primeiro
elemento acordava desastradamente estatelado na valeta.
Mas como ao menino e ao borracho põe Deus a mão por
baixo, tivemos sempre sorte. Como o camarada da frente
caía borracho de sono, tinha tanta sorte que apenas
sofria a queda e o susto. Sei que nessa noite,
depois de cerca de uma hora no refeitório a recuperarmos
com aquela magnífica e inesperada refeição, deitei-me
já passante das três e meia da madrugada, para acordar
no dia seguinte com uma alvorada mais tardia, não às
sete da manhã, como era habitual, mas pelas dez horas. A manhã do novo dia
decorreu relativamente sossegada. Limitámo-nos a
assistir a demonstrações de tiro com várias armas,
desde simples metralhadoras ligeiras até canhões sem
recuo, morteiro e lança-granadas foguete. A surpresa
desagradável iria surgir pouco depois, quando um dos
soldados-cadete deu pela falta de uma bússola. Era um
soldado-cadete do segundo pelotão, do pelotão do
tenente Vieira, mais conhecido entre a malta por «Faro
Fino». Durante a marcha nocturna, o soldado adormeceu,
estatelou-se na valeta e perdeu a bússola que lhe tinha
sido confiada. Conclusão: todos os pelotões foram
obrigados a patrulhar todas as zonas por onde tínhamos
andado na véspera. Neste dia, resolvi levar no bolso da
farda a máquina fotográfica Voightlander, de formato 6
x 6 cm. Para recordação das peripécias passadas, tirei
duas fotografias à malta do meu pelotão, durante a
marcha e no final, depois da bússola ter sido
recuperada. Acabei agora mesmo de ir
ao gabinete remexer na pasta que trouxe comigo. Dei com
as fotografias dentro de um envelope. Estou a olhar para
elas e a ver as caras de camaradas que, quase
seguramente, nunca mais voltarei a encontrar no resto da
minha vida. Nas costas de uma fotografia, tenho um amplo
registo dos factos e a indicação de vários nomes. Olho
para os nomes e para as pessoas e já não consigo
determinar quem é quem. Há apenas uma ou outra rara
excepção, que tiro pelos indícios. Estou a ver o
aspirante Pereira, que reconheço por estar de pé, no
meio do pelotão, com um farto bigode acastanhado.
Identifico também o soldado Cunha, porque registei que
estava de cigarro na boca. Tenho ainda a indicação de
um certo Laginha, mas já não consigo saber quem ele é.
Vejo ainda uma cara que me parece ser de um elemento de
Aveiro e penso chamar-se Cunha. E mais nada! O único
elemento que nunca poderá ser identificado nas fotos sou
eu próprio. Quem tira as fotografias, salvo raras
excepções, nunca nelas consegue figurar. Com a minha reflexão
sobre as três imagens, dou por concluída esta rápida
viagem no tempo. Resta-me também acrescentar, antes de
passar ao registo das respostas dadas à correspondência
recebida, que, logo pela manhã do dia vinte e
cinco, dia de Natal e uma segunda feira, foi uma secção
à Camuanga à procura da arma do condutor Sousa.
Tal como previra, tinha ficado esquecida no destacamento, juntamente com as cartucheiras. No regresso ao Alto Zaza,
quando passaram pela Cabaca, deram com a Rosa, uma preta
bonita, que costuma ajudar a limpar a arma dos soldados.
Trouxeram-na com a desculpa que era Natal e que fazia
falta uma mulher no destacamento. Deveria tê-la
recambiado imediatamente para a sanzala... mas não tive
coragem, quando vi o brilho de entusiasmo nos olhos dos
soldados e dos furriéis. Surgem-nos, por vezes,
situações para as quais é difícil encontrar
imediatamente uma solução. Deixemos estas preocupações. Passemos à transcrição das passagens mais significativas dos aerogramas que escrevi nestes últimos dias. |