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Figura
1
: Aspecto
de um moderno diascópio ou projector de diapositivos. |
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Recorde-se a nota 3 apresentada quando, na página «Uma
possível classificação taxonómica», efectuámos
o levantamento dos meios audiovisuais, no sentido restrito
do termo. Diascópio diz respeito ao hardware, ao passo
que diaporama diz respeito a uma técnica de apresentação
do software, recorrendo, como é lógico, à utilização
do diascópio. Mas de um e outro falaremos no seu devido
tempo.
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Figura
2
: Esquema
do interior de um diascópio ou projector de
diapositivos. |
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O diascópio, mais conhecido pelas expressões «projector
de diapositivos» ou «projector de slides», é uma máquina
que permite a projecção de imagens de pequeno formato - os
diapositivos -, montados em caixilhos, sobre um ecrã. As máquinas
modernas de projecção (figura 2, n.º 3) são constituídas
por uma fonte de luz, um sistema óptico, composto por um
espelho reflector (n.º 5), uma lente condensadora (n.º 6) e
uma objectiva (n.º 1), móvel no sentido das setas para
focagem da imagem, e um sistema de ventilação (n.º 4). Os
diapositivos, colocados num carregador que desliza numa zona
própria do corpo da máquina (figura 1, n.º 3), são
introduzidos na posição de projecção (figura 2, n.º 2)
por meio do braço deslizante do carregador (fig. 1, n.º 4).
Geralmente, entre o diapositivo e a lente condensadora,
existe um filtro de calor (fig. 2, n.º 7).
Os modelos antigos permitiam a projecção de diafilmes
e de diapositivos. Os actuais apenas permitem a projecção de
diapositivos, mas apresentam várias possibilidades
praticamente inexistentes nos primeiros, tais como: variar a
intensidade da luz; diferentes tipos de carregador (a granel,
de 36 imagens e carregadores circulares de 80 ou 100 imagens);
projecção temporizada e cíclica, com carregadores
circulares; acoplamento a um gravador especial para projecção
de diaporamas; comando à distância, para mudança e focagem
das imagens; ponteiro luminoso.
Como inconvenientes, este meio audiovisual exige o
escurecimento total ou, pelo menos, quase total da sala, desde
que se possua um bom ecrã, um mínimo de cuidados na preparação
da sessão e alguma prática do utilizador. Mas, em
contrapartida, o diaprojector permite a apresentação de
imagens com grande brilho e qualidade e, observando-se as
condições mínimas de projecção, constitui uma actividade
altamente motivadora. Ao contrário da televisão e do vídeo,
que apresentam actualmente um reduzido impacto junto dos
alunos, devido à sua excessiva generalização, a utilização
do diaprojector constitui uma actividade fortemente
motivadora, preparando psicologicamente os alunos e
tornando-os mais receptivos aos problemas a serem analisados.
As potencialidades inerentes a este meio audiovisual
fazem com que continue a ser um bom instrumento de trabalho,
apesar das modernas tecnologias informáticas. Mas é necessário
que o professor respeite um conjunto de condições, de entre
as quais destacamos as mais importantes:
1 - Saber introduzir este meio no momento oportuno,
tendo em conta os objectivos em vista;
2 - Ter um conhecimento prévio e experiência na sua
utilização;
3 - Seleccionar o material necessário, tendo em conta
os objectivos, e preparar antecipadamente a sala: colocação
correcta do projector relativamente ao ecrã e verificar se a
sala permite o necessário escurecimento;
4 - Colocar os diapositivos com antecedência no
carregador, com a imagem colocada para baixo e na sequência
pretendida (será vantajoso projectá-los antes para verificar
se todas as imagens estão correctamente colocadas);
5 - Manter sempre as imagens focadas durante a projecção
(se o aparelho não tiver focagem automática);
6 - Apagar as luzes antes da projecção, para o que
poderá pedir a colaboração de um aluno
A exploração das imagens apresentadas poderá ser
feita de diversas maneiras, consoante os objectivos. Antes da
projecção, tratando-se de um diaporama, o professor deve
preparar os alunos para aquilo que vão ver, apresentando-lhes
antes os objectivos. Deverá solicitar a atenção da turma
para os aspectos que vão observar, pedindo-lhes que registem
o que acham mais importante, tendo em vista o «despoletar»
do debate sobre o tema em foco. Mas se a apresentação das
imagens visa apenas documentar algum aspecto da aula ou levar
os alunos à descoberta e reflexão, poderá durante a projecção
das imagens ir formulando as questões necessárias e,
eventualmente, ir explicando aquilo que se observa ou até
mesmo fazer com que sejam os alunos a descodificar o que vêem.
Durante a projecção, poderá socorrer-se do ponteiro
luminoso de que alguns aparelhos vêm dotados. No caso de um
diaporama, a intervenção do professor e da turma só deverá
ocorrer no final da sessão, para não perturbar a atenção.
Se o diaporama estiver bem realizado, especialmente quando se
trata de temas relacionados com as línguas vivas, deverá ser
dada atenção não apenas às palavras do locutor, mas também
às músicas ou sons que acompanham as imagens, pois
geralmente devem estar relacionados com o tema.
Um aspecto importante diz respeito ao da criação do
material pelo próprio professor. Como é que as imagens podem
ser obtidas? Há dois grandes processos: com uma máquina
fotográfica; sem máquina fotográfica.
Para obtenção de imagens com máquina, teremos de ter
uma película de tipo inversível e os elementos que
pretendemos registar. Estes podem ser obtidos directamente,
fotografando o motivo pretendido: uma paisagem com interesse
geográfico, por exemplo, ou com certa beleza, uma localidade,
um monumento, um objecto, um ser animal, vegetal ou humano, em
suma, aquilo que vai ser o tema de exploração e análise no
âmbito de uma dada disciplina. Na impossibilidade de
fotografia directa, é possível recorrer a imagens já
existentes de boa qualidade, a desenhos, legendas, esquemas,
que poderemos fazer directamente numa folha de papel e
fotografar em seguida, tendo o cuidado de os enquadrar
devidamente. Em alguns caso, poderá ser necessário utilizar
uma lente adicional de aproximação, especialmente quando
temos de o fazer a poucos centímetros de distância,
tornando-se então necessário uma boa máquina e alguns
conhecimentos de fotografia.
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Figura 3
: Como
se fazem caixilhos para diapositivos. |
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Sem máquina fotográfica, é possível criar diversos
tipos de imagens. Embora não tenhamos de momento oportunidade
de desenvolver estes pontos - que mereciam uma especial atenção
-, iremos enumerar as diversas maneiras que temos vindo a
utilizar na criação de imagens e que temos ensinado em
diversas acções de formação.
Em primeiro lugar, criar imagens para o diaprojector
exige que se tenha o seguinte material: caixilhos; suporte
para desenho das imagens, gráficos, textos ou legendas; tesoura
e cola.
Vejamos agora os caixilhos. Se não tivermos hipóteses
de os adquirir, o que facilitaria bastante o trabalho e
economizaria tempo e cola[1],
teremos de comprar cartolina de cor clara com 1 mm de
espessura. Como cada caixilho é constituído por um quadrado
duplo com 35 mm de lado, devermos começar por cortar a
cartolina em tiras com esta largura. Em seguida, marcaremos
os diferentes caixilhos, nas medidas indicadas na figura 16.
Estas devem ser rigorosas, para evitar problemas durante a
projecção. A parte central, que irá ser retirada, porque as
imagens devem ter as dimensões de 24 x 36 mm, deverá ser
um ou dois milímetros mais pequena, ou seja, 22 x 35 mm. O
caixilho, uma vez cortado e aberta a janela central, será
dobrado pelo tracejado e, mais tarde, uma vez aí fixada a
imagem, deverá ser colado. Os vértices devem ser boleados e
o diapositivo reforçado com fita auto-adesiva a toda a volta
das arestas (a figura 3 representa o caixilho rigorosamente
nas medidas - escala 1:1).
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Figura 4
: Diapositivos
feitos em computador e depois impressos e fotocopiados
em acetato. Tamanho real. |
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A parte mais interessante diz respeito à criação
das imagens. É conveniente ter alguns conhecimentos sobre os
tipos de imagens, tendo em conta as suas funções e os seus
componentes[2].
Poderemos criar as imagens de várias maneiras.
Infelizmente, teremos também de nos limitar a enumerar
algumas das técnicas que temos vindo a utilizar e a ensinar
em acções de formação. De todo esse conjunto, destacamos
apenas as seguintes:
1 - Desenho directo em tiras de acetato, recorrendo a
canetas de ponta fina;
2 - Desenho em papel A4, em seguida picotado com uma
agulha fina;
3 - Legendas feitas numa máquina de escrever sobre
stencil, aproveitando a parte do químico, donde resultam
letras brancas sobre fundo preto;
4 - Desenho por raspagem com uma agulha sobre película
fotográfica por revelar, riscando sobre a camada fotossensível;
5 - Desenhos e legendas feitas em computador, no
tamanho rigoroso dos diapositivos e depois impressos em papel
e fotocopiados em acetato. Há diversos programas de
computador que permitem este tipo de trabalho e dos quais
indicamos alguns: editor electrónico First Publisher
(especialmente versões 1 e 2); Harvard Graphics; Paint Show
Plus; Paintbrush; Publisher da Microsoft, etc. Veja-se como
exemplo a figura 4, cujas imagens foram feitas com o editor
First Publisher.
Um aspecto dos mais interessantes e criativos, que
poderá ser explorado num clube audiovisual, é, sem dúvida,
o da criação de diaporamas.
O que é um diaporama?
Um diaporama
é uma montagem audiovisual, que alia a imagem ao som e à
qual apenas falta o movimento para poder ser comparada ao
cinema. Mas a falta de movimento é um inconveniente que poderá
e é facilmente ultrapassável, se usarmos técnicas
semelhantes às que encontramos na banda desenhada e
recorrermos também a certos efeitos sonoros, que ajudam a
imaginação a suprir esta lacuna.
Para a criação de diaporamas são necessárias duas
condições prévias: hardware e software. Como hardware,
necessitamos de um bom projector e um gravador específico,
que trabalhe acoplado ao projector. Compete ao gravador não só
a reprodução sonora, mas também o comando do projector.
Para criação do software, são necessárias várias condições,
que passamos a enumerar:
1 - Ideias, isto é, há que saber previamente o que se
quer, redigir o guião e arranjar as imagens respectivas;
2 - Possuir um modelo de folha de guião, do tipo
apresentado nos documentos anexos, onde se registe a sequência
de imagens, o texto respectivo para a locução, a faixa
sonora (música e ruídos) e os tempos de projecção de cada
imagem;
3 - Efectuar a locução e a adição do fundo musical
e ruídos, de acordo com o guião, sendo necessário um
gira-discos e um gravador que permita as misturas de palavras,
música e outros sons;
4 - Registada a faixa sonora e colocados os
diapositivos por ordem no projector, há que proceder à marcação
dos impulsos que comandarão o avanço automático das
imagens. Este trabalho faz-se com o gravador acoplado ao
projector. A cassete é gravada de um só lado. Metade da fita
fica com a faixa sonora; a outra metade com os impulsos que
comandarão o avanço das imagens.
Já que não é possível agora explicar como toda a
montagem se faz, terminamos esta parte indicando os critérios
a que deve obedecer a realização de um diaporama. Em
primeiro lugar, importa referir que os critérios estão
dependentes dos objectivos. No entanto, podemos apresentar
algumas normas fundamentais:
1 - Em princípio, um diaporama não deve ser demasiado
longo, podendo a duração variar entre 2 a 3
e 20 a 30 minutos[3];
2 - Cada imagem não deve estar mais do que 5 a 10
segundos. O máximo admissível não deve ultrapassar os 30
segundos, se não quisermos provocar a distracção e o
desinteresse dos nossos alunos ou espectadores em geral;
3 - A sequência deve estar correcta e logicamente
estruturada;
4 - Se o diaporama for de tipo narrativo, poderemos
adoptar diferentes estruturas narrativas: a) sequência linear
cronológica; b) sequência com recurso à analepse;
5 - A sequência narrativa poderá ser de tipo aberto
ou de tipo fechado. A primeira poderá ter vantagens,
permitindo que o professor possa explorar com os alunos
diversas hipóteses para conclusão;
6 - texto, música e ruídos de fundo devem estar de
acordo com as imagens, de maneira a permitirem recriar a
realidade ou a sugerir o ambiente.
No caso - muito pouco
provável - do professor encontrar equipamento sofisticado,
com dois projectores e gravador que permita o seu comando
simultâneo, poderá recorrer às técnicas do «fondu
enchainé», o que lhe permitirá eliminar os breves instantes
de ausência de imagem, fazendo sobreposição de duas
imagens e criando certos efeitos que valorizarão a mensagem.
In:
Henrique J. C. de Oliveira, Meios audiovisuais e
tecnológicos aplicados ao ensino, Aveiro, 1992, pp. 52-59.
(edição limitada do autor).
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