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Salvemos o moinho
de Aveiro
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Ali para
os lados onde o casario da cidade acaba e a rasa paisagem
lagunar se estende, ergue-se ainda o esqueleto estrutural,
decepado e reduzido à absoluta apatia funcional, redondo de
planta e ainda sólido nas paredes de pedra rolada de
importação quiçá insular, um derradeiro espécime dos
moinhos que polvilhavam outrora, ao rés de água, esta zona
que se diferencia sem se subtrair no conjunto nacional.
De moinhos
estiveram inçados a Ria e Aveiro. Desde os que conferiram
esse topónimo a um ponto da estrada marginal da Cale de
Vila e que a energia hidráulica das marés impelia para uma
laboração precária, aos que disseminavam pelos chãos
aluvionares de baixíssima cota, com propulsões eólicas,
baralhadas com os palheiros das salinas. |
Até ao
mesmo Esteiro das Azenhas que, por via delas dava o nome, ao
que hoje, não sei por que bulas nem pias baptismais que o
legitimem, crismamos teimosamente de Canal do Cojo. E que
terão, acaso, inspirado J. Ferreira Pinto Basto a
construir, frustrantemente, a «Casa dos Moinhos»”, no
termo do velho «llhote do Cojo» — onde está instalada a
Capitania do Porto de Aveiro.
Aveiro
perdeu, pois, uma velha e caracterizadora tradição de
“moinhos”. Redobrada razão para conservar, reconstruir
e aproveitar, funcional e culturalmente, aquele que nos
resta à mão e autêntico.
EDUARDO
CERQUEIRA |
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NOTA
– Infelizmente, volvidos cerca de vinte e quatro anos sobre a
data em que foi dado à luz, nos boletins da ADERAV, este texto de
Eduardo Cerqueira, continuam por se concretizar as palavras do
Autor: «conservar, reconstruir
e aproveitar, funcional e culturalmente aquele que nos
resta à mão e autêntico». Continua a ser um esqueleto na
paisagem, quase sem semelhança com a imagem do autocolante.
(HJCO, 1/1/2004)
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