Recordando o Vouga

 

Acordei, espreguicei-me,
Abri os olhos … sorri
E logo me veio à mente
O passeio que eu di

Dei um passeio tão lindo,
Tão lindo e tão verdejante,
Vi árvores, rio e bichinhos
Só não vi o lavagante.

Vi uma cobra e um sapo
E ouvi uma historinha,
Foi o que m’entusiasmou:
A história da Libelinha ...

A tal história, porém,
Foi contada por um anjinho,
Cabelinho aos caracóis
E de corpo, um borrachinho.

Dizem que a tal bichinha
Faz ginástica de pasmar,
O macho aperta-lhe o pescoço
Com as perninhas no ar ...

Seguem-se então os jogos
De verdadeira sedução.
Só não sei onde o sacana
Lhe consegue pôr a mão ...

Vi árvores de grande porte,
Dizem chamar-se Carvalhos,
Eram tantos, tantos, tantos
E eu sem ter ... uns bugalhos.

O rio ... era o Vouga,
Os pasteis são de Vouzela.
Mas, não me sai da cabeça
A ginasticazinha dela.

Dela, da Libelinha,
Daquela bichinha indefesa.
Que de tão frágil, consegue
Dar lições de safadeza ...

Subimos montes e vales,
Rimo-nos até fartar.
Caímos e levantávamo-nos,
Só nos faltava voar.

Fomos ver a procissão
Que no adro já passava,
Tirámos fotografias
Com pétalas que esvoaçavam ...

Esvoaçavam ... lembrei-me
Daquela pobre bichinha;
Pobre ... pergunto eu?
Ai se eu fosse a Libelinha ...

E no final do passeio
Um prémio quisemos dar
À menina mais heróica
Que nos quis acompanhar.

E sabem a quem pertence?
A uma menina tão bela,
Bela por dentro e por fora,
A quem chamamos “Manuela”.

E assim chegou ao Fim
Mais uma grande viagem,
Com bom humor e risota
E deslumbrante paisagem ...

Ai se o Sócrates soubesse
Como é fácil ser feliz,
Poria todo o povinho
A percorrer o País!!!

Zita Espanca, Passeio ao Vouga, 26/5/2005
 


 

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