XI Antologia do Círculo Nacional d'Arte e Poesia, Portalegre, 2011, pág. 76.

Lisboa num cravo de papel

 

Mês de Junho
Mês de Lisboa
De ar alegre, prazenteiro
Das marchas populares
De Santo António casamenteiro.

Oh Lisboa que te levantas
Quando clareia o dia
Que te espreguiças, airosa
Numa suave alegria.

E o poeta canta às tantas:

Acorda, Lisboa acorda!
É madrugada nas trinas
Já se apregoam jornais
E da lota até ao cais
Vai um rancho de varinas!

Lisboa, mulher amada
Passa o dia em sobressalto
Não vai perder pitada
Leva tinto e bom farnel
Reserva lugar n'Avenida
É Lisboa, num cravo de papel!

E pela noite fora
Das ruas, travessas e vielas
Desce o povo à avenida
De pé aplaude as marchas
Ri, salta e sofre com elas!

De novo, diz o poeta, vibrando:

Quando puderes ver passar
Desfilando e encantando
Festivos arcos, de que pendem balões
Simbolizando velhas fachadas
Monumentos, barcos... pendões
É Lisboa que passa e vai cantando!

E no traje de Santo António
Ser humilde burel
É Lisboa que vibra
Canta e pula fogueiras
É Lisboa num cravo de papel!

Juvenal Correia - Lisboa

 

 

página anterior início página seguinte

01-02-2020