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«Na Praça do Peixe e Cais dos Mercantéis o movimento é grande. Provenientes de Tocha e de Mira chegam as miroas e os almocreves carregados de fruta e de batatas para a venda. No regresso levarão o peixe e o berbigão aqui adquiridos para comercializarem, porta a porta, nas suas localidades. Sobre o Caizinho observa-se a forma tradicional de leilão, venda, contagem e empilhamento do peixe. Quatro bateiras cheias de sardinha, encaixadas umas nas outras coalham o local. Em cada uma delas o comissário apregoa a qualidade e o preço do pescado, enquanto um pescador enche os cabazes de sardinha escolhida à mão. Depois de despejados os cabazes assiste-se à intervenção das contadeiras e das empilhadeiras que, em afogadilho, executam as respectivas operações de forma artística. De saia presa à cintura, avental grosseiro, com ou sem xaile e de chapéu de aba larga na cabeça são as raparigas do bairro piscatório. Ao longo do cais dispersam-se outras vendedeiras acocoradas frente às suas canastras ou sentadas na clássica tripeça (banco de três pés). Por todo o local surgem também, os pescadores a encher cabazes, a leiloar o escaço e o peixe do escaço, a consertar as redes usadas na Ria (a chincha, o botirão, a tralha e a berbigoeira) ou, simplesmente, a comer a côdea de pão com linguiça, após um dia de faina e o recebimento do respectivo quinhão. A par deles e num ambiente de pregões, comentários, cantigas e jogos populares estão representados vários grupos sociais e diversas actividades típicas da região. |
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24 de Junho de 2005 |
