Era uma vez
um menino, loirinho, de olhos castanhos. Vivia feliz e contente com os Papás
e acarinhado pelo resto da família, muito, muito grande.
Certo dia, quando fazia dois anos, ele corria pela casa toda. Ia ter festa,
apagar as velas do bolo, receber novos brinquedos.
Entretanto, chegaram avós, tios, primos e bué de beijinhos.
– Mamã, Papá, venham ver!
– abria as prendas e, a cada embrulho,
gritava batendo palmas: – Uma bixicleta!...
Uma bola!... Uma cajinha!... Uns patins!... Toma, Mamã, esta é roupinha. Mas
que é isto, titias "cebolinhas"?
– Uma almofada para adormeceres na tua
caminha! – disseram as tias de Aveiro.
Depois... brincou, brincou, ora com um presente, ora com outro, até cair de
sono sobre a almofadinha "cor do Beira-Mar"(1), donde saíam os braços de um
boneco, a que ficou agarrado.
Os dias passaram e ele, à noite, ia sempre buscar a sua almofada fofinha,
que lhe lembrava o colinho da Mamã e do Papá.
– Ui! Que bom! Tão maxia!!! E depressa
fechava os olhos, deitado no chão, em cima do tapete.
Ora, o menino cresceu, cresceu, foi para a escolinha, teve uma manita,
mas... nunca perdeu o hábito de se agarrar à "sua almofada".
Uma vez, cerca dos quatro anos, os pais ouviram «Catrapuz!» e o choro da
bébé no quarto. Foram ver e descobriram a menina caída no tapete e o Tiago,
muito assustado, a chorar também, com a almofada apertada ao peito: - É
minha! É minha! Não é da Beatriz!...
O Papá ralhou. E a Mamã explicou que podia ter feito um dói-dói à mana:
«Queres que ela vá pró hospital, queres?»
Desde aí, a criança tornou-se um "homenzinho". Gosta de guardar a irmã e
aprendeu a ceder-lhe a sua almofada preferida. E a quem pergunta, só para o
ouvir, «Dás-me a tua mana lá para casa?», ele responde, com olhar zangado,
agarrando-se à bébé:
– Nãooo! Ela é minha, muito minha!
MORALIDADE
«Com os erros
se aprende.» ou «De pequenino é que se torce o pepino.»
Beijinhos da
Avó BÓIA |