1 - O Rio Vouga
Situa-se a sua nascente na freguesia de Quintela da
Lapa, concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu, e tem
um percurso aproximado de 140kms. até à foz, na
majestosa região lagunar que é a Ria de Aveiro.
O seu curso desenvolve-se por três zonas de relevo distinto:
numa primeira parte, a mais recuada, predominam os
terrenos graníticos, por onde as suas águas, pouco
caudalosas, se esgueiram; numa parte média,
atravessando terrenos de origem precâmbrica, arcaica e
pliocénica, graciosamente contorna as zonas de relevo
da Gralheira, Caramulo e Talhadas; finalmente, na última
parte, a mais baixa, e antes de se misturar com as águas
salgadas do Atlântico, são as plagas e acúmulos holocénicos
(medos, aluviões e lodos). Tem portanto acentuadas
características de planalto, montanha e planície. O
seu percurso, dentro
do concelho de Sever do Vouga, situa-se já no final da
parte média do seu traçado, a caminho do mar.
Autores
eruditos da mais alta confiança que nos deixaram
trabalhos de inegável valor sobre toda a região do
Vouga, nos domínios da geografia e arqueologia,
nomeadamente Amorim Girão e Alberto Souto, ensinam que
a bacia do Vouga nem sempre teve a amplitude, o vigor e
o movimento dos nossos dias e que há cerca de dez séculos
«a vale era mais estreito e reentrante e a foz muito
mais recuada -
ficava perto da confluência do Águeda e do Cértima.»
Por esse motivo toda a casta marítima acompanhava esse
recuo, cobrindo os fertilíssimos terrenos jacentes da
parte baixa e avançada, pelo que os núcleos
populacionais de Mira, Vagos, Aveiro e Estarreja se
encontravam, então, debruçados sobre o mar.
Fosse pelo volume das suas águas, fosse pela vida intensa que
então se desenrolou nas terras da parte baixa da sua
bacia, o que é certo é que aparece citado nos
documentos mais antigos sobre a região. Aquando das
suas viagens pela Lusitânia, alguns escritores da época
se lhe referem. Ptolomeu na sua «Geografia» chama-lhe
«ouakoua»; Plínio, Vacca; Estrabão, Vacuam,
aparecendo também citado no Itinerário de Antonino, no
trecho da via militar romana entre Aeminium e Cale.
O grande mestre, Dr. Leite de Vasconcelos, no aprofundado
estudo que fez sobre o nome deste Rio, diz que a palavra
Vouga derivou do latim Vacua, tendo as formas intermediárias
«Va-u-ca (trissilábico), Va-u-ga (trissilábico) e Váu-ga
(dissilábico).» Esta última grafia é mais uma forma
do latim bárbaro do que da língua viva, forma que se
encontra num texto do século XIII (Leges et
Consuetudines, pág. 687) e já então se pronunciava
Vouga.
Afirma também o citado mestre que só a forma Va-u-ca (trissilábico)
podia dar o moderno Vouga porque só assim o c
passaria para g, pois se au fosse ditongo permaneceria c
e então teríamos Vauca e não Vouga.
Já em 1634 a palavra Vacua foi inscrita no Dicionário
Latino e Português, do podre Bento Pereira; autores
mais modernos, porém, consideram-na como latim
lusitano, apresentando como razão a sua introdução no
vocabulário da época por povos que vieram dominar a
península ibérica antes dos romanos, que mais tarde se
latinizou e evoluiu para a actual forma portuguesa.
Pretendem alguns autores que o Vouga teria sido o limite mais
ou menos aproximado da antiga Lusitânia. Mas o que é
certo, certíssimo, segundo no-lo afirmam documentos
medievais dos séculos Xl e XII, é que ele era o términus
das Terras de Santa Maria, a divisão natural dos territórios
de Entre-Douro e Mondego dos tempos da nossa primeira
monarquia. Foi ainda ele que contribuiu para dar o nome
ao concelho, pela junção da palavra Vouga ao vocábulo
Sevéri.
Todo o seu curso se desenvolve graciosamente, em maviosos
requebros, primeiro entre alcantilados penhascais de
bravia e rasteira vegetação, depois no meio de
virentes e férteis campos.
No inverno, as suas cheias são fenómenos frequentes e
provocam inundações na parte inferior, embora de
pequena duração, enquanto no curso médio as suas águas
atingem níveis consideráveis: é o vazadoiro dos córregos
pejados de água que descem das serranias, engrossando
terrivelmente o seu volume, e se precipita em absurda e
estrepitosa correria em busca de local onde possa
distender-se.
Nas longas estiagens o seu caudal é insignificante e
permite, em muitos locais, a passagem a vau entre as
margens. Ouve-se, então, o murmúrio das suas águas
cristalinas esgueirando-se por entre os seixos puídos semeados no seu leito e descobrem-se, aqui e ali,
pequenos areais à sombra de choupos e salgueiros e
lagos de água quente e remansosa.
Em cada curva do rio se vislumbram novos motivos de contemplação:
constelações de pequenos e irrequietos peixes; o
estridente coaxar da rã na água estagnada, longe da
corrente; o constante chilrear da passarada na
frondosa ramaria das árvores; o bater de asas apressado
de algum melro ribeirinho, rio acima; a fuga de um ou
outro réptil assustadiço que se bronzeava na pedra
descarnada e escaldante, e as mais diversas tonalidades
das flores silvestres pregadas nos pendores da serra.
Cenário maravilhoso
de verdura,
recantos de
beleza inexcedível aí plantados pela mão do grande
Artista para pasmo do nosso olhar, embriaguez do espírito
e retempero dos nervos, eis o quadro que se apresenta ao
viandante que queira perscrutar a prodigalidade da mãe Natureza, que
não é avara quando ali passa.
Verdadeiro repto lançado ao turismo da região do Vouga que
permanece inexplorado por entidades oficiais ou particulares, na contumaz
cegueira das
reais possibilidades que ele oferece. O povo da nossa
terra, de conceitos simples mas imbuídos de sabedoria,
desloca-se em catadupas à beira-rio nas tardes cálidas
dos domingos de verão a gozar uns momentos de lazer à
sombra acolhedora das árvores amigas, repousando das
fadigas de uma semana de árduo trabalho. E enquanto
se fazem piqueniques com os farnéis despejados na
areia, as crianças, sob os olhares vigilantes dos
pais, tomam
banho e
gritam despreocupadamente.
Mas cuidado! É que o Vouga também sabe ser cruel e traiçoeiro.
As fauces hiantes dos seus fundos poços podem ser, num
ápice, o sorvedouro de um ser incauto, a despontar,
promessa que se desfaz num momento.
A actividade comercial que o rio Vouga permitiu, décadas atrás,
foi na verdade bastante apreciável. E se hoje não
subsiste esse mérito, deve-se o facto exclusivamente
a duas causas fundamentais: a abertura ao tráfego da EN.
16, de Aveiro a Viseu, que se iniciou em 1874, e o
estabelecimento da linha férrea do Vale do Vouga, cujo
troço dentro do concelho foi inaugurado em fins de
1913, e de que adiante falaremos.
Na verdade, numa altura em que o transporte rodoviário
praticamente não existia, era o Vouga, navegável até
próximo da povoação de Pessegueiro, que avalizava a
maior soma das trocas comerciais. Por ele subiam grandes
barcaças impelidas por movimentos sincronizados dos
possantes músculos de gente rude e simples, no labor
frenético da conquista do seu magro pão, até um local
situado um pouco acima do Poço, que a tradição
popular aponta com as designações de Marridas,
Amarridas ou Esmarridas.
Lá se carregavam, com destino a Aveiro e a outros centros
populacionais, madeiras, lenhas, matos, a saborosa
laranja de Pessegueiro e dos lugares próximos; no
regresso, traziam telha, sal e outras mercadorias. Pelos
caminhos íngremes e tortuosos das serranias, parte
desses produtos eram depois conduzidos para servir a
região de Lafões.
Podemos assim, mesmo à distância, imaginar o quadro rico de
cor e movimento, que aquele porto em miniatura, outrora
situado próximo do Poço de Santiago, oferecia a quem,
directa ou indirectamente, participava na azáfama
febril da carga e descarga dos «mercantéis», cujo número
atingia, ao que parece, as dezenas.
É por isso que as gentes dos lugares próximos do rio,
nomeadamente de Sóligo, mantêm uma arreigada paixão
pela pesca, herdada de muitas gerações. E o rio
corresponde inteiramente aos seus desejos, dando-lhes
saboroso peixe, barbos e lampreias principalmente.
A lampreia é pescada, ou fisgada, como se diz em gíria
popular, na época que medeia entre Fevereiro e Maio,
altura das prováveis cheias. O ciclóstomo sobe o rio,
aproveitando a more para a desova. Nessa época, quem de
noite viajar no EN. 16, frequentemente enxerga, rio
acima, ou escondido nalgum recanto, um barquito munido
de uma lanterna espalhando pálido clarão à sua volta,
a lembrar duendes ou almas penadas. É o pescador que,
atento e de olhar sereno, penetra avidamente a espessura
da água na mira de encontrar o almejado peixe; e, se
adrega lobrigá-lo, despede estocada rija e certeira e
é vê-lo, num ápice, contorcer-se trespassado pelas
aceradas pontas da fisga.
São famosos os pitéus confeccionados com a lampreia e
prova cabal do que afirmamos pode colher-se no Matias do
Poço, émulo dos gastrónomos da actualidade. Mas a
lampreia fez parte dos lautos banquetes reais. D. Dinis
recebia a terça parte do peixe pescado no rio, como o
atesta um documento datado de 1282, onde se lê: «Na
aldeia de Sever de Pecegueiro do Vouga, tem a ordem do
Spital hum casal que paga a terça do peixe que matar no
Rio e as primariças (primeiras lampreias) que ha a
dar a EI-Rey...».
Parece contudo que o povo de então não estava muito
disposto a pagar o foro ao rei, pois um outro documento
referente a uma inquirição feita ao julgado de Sever,
com data de 11 de Julho de 1284, informa que de um lado
e do outro do rio foram feitos muitos caneiros, com o
intuito certamente de impedir a passagem dos sáveis e
das lampreias, e que só com uma barca e na água mais
funda se poderia colher o pescado para entregar ao
Rei. O povo entendia que também precisava dele...
Não quero finalizar a primeira parte deste despretensioso trabalho sem uma referência à ponte de Pessegueiro.
Foi mandada
construir pelo padre Dr. Manuel
António Dias Santiago, natural da freguesia de Louredo,
concelho de Vila da Feira. Tomou posse da freguesia em
21 de Fevereiro de 1807, vindo a falecer a 26 de Janeiro
de 1827.
Quando, em 1872, a EN. 16 atingia a povoação de
Pessegueiro, foi a ponte incorporada na estrada e, como
era estreita, procedeu-se ao seu alargamento por meio de
cachorros que ficaram a suportar os passeios, passando
para cinco metros a sua largura.
Tem um comprimento de 64 metros e é constituída por três
arcos em cantaria de granito, medindo o arco central
17,80 m. de vão e os arcos laterais, de volta inteira,
um de 9,80 m. e outro 7,80 m. de vão. A sua altura a
partir do ensoleiramento dos pilares é de 13 metros.
O local da sua implantação era alcantilado e a passagem
entre as duas margens fazia-se através de barcos. Barca
e Barquinha, lugares debruçados sobre a ria, são topónimos
que confirmam aquele meio de transporte. As cheias
causados por prolongados invernos dificultavam o
transbordo e não raro acontecia ficarem cadáveres
insepultos, na banda de lá, ou seja, em
Paradela, que não era freguesia independente
ainda, ou ficarem por satisfazer os pedidos de auxílio
reclamados ao pároco. Para obviar a esse inconveniente,
concebeu o padre Dr. Santiago o plano de construção da
ponte, destinando a quantia de 8000 cruzados para
suprir as barcas e obtendo dos agricultores o
transporte gratuito das pedreiras de Talhadas.
A um século e meio de distância e por apresentar algumas
fendas, a ponte de Pessegueiro foi devidamente reparada
em 1973 e 1974, para garantir a segurança do trânsito
rodoviário.
Outros melhoramentos foram feitos durante os 20 anos de
apostolado na freguesia e para os quais contribuiu.
Bastaria, porém, somente este para o impor
indelevelmente a uma dívida de eterna gratidão.
2- «O Vale do Vouga»
Numa implantação mais ou menos paralela ao Rio Vouga
estende-se a linha de caminho de ferro denominada Vale
do Vouga, no seu último troço entre Sernada e Viseu. O
cenário idílico continua a ser o mesmo, prenhe de
verdura e de encanto, de uma beleza sem par.
Terreno muito acidentado, com acentuados desníveis, foi
debaixo de enormes dificuldades que os trabalhos se
iniciaram e prosseguiram, obrigando ao estabelecimento
de uma emaranhada teia de curvas. Tantas são que, por
ironia, houve quem passasse a denominar a via férrea
por «linha do vale das voltas».
De via reduzida e dotada de máquinas a vapor com as anacrónicas
e obsoletas carruagens das primeiras horas, constituía,
contudo, um espectáculo aliciante seguir a composição
encosta acima, sem pressas, arrastando vagarosa e
gemebunda o seu corpo comprido a denunciar cansaço da
viagem, e deixando atrás de si uma espessa e negra
cortina de fumo carregada de carvão. O comboio, de
silvo estridente a ressoar pelos quebradas, era sem dúvida
um elemento decorativo da paisagem.
Chamaram-lhe também, e com razão, o comboio incendiário.
Na verdade, o verão de todos os anos era assinalado por
incêndios, aqui e além, alguns de enormes proporções,
provocados por faúlhas incandescentes cuspidas com
força da sua enorme barriga de fogo. O último, célebre
nos anais da região, e que motivou a paragem temporária
da circulação ferroviária, ocorreu entre 19 e 20 de
Agosto de 1972 e causou prejuízos incalculáveis no
arvoredo das matas, que devorou numa área de muitos
quilómetros. Foi o fim do velho e ronceiro comboio,
digno de figurar em museu de arte adequado.
O povo exigiu-o e a circulação de passageiros e mercadorias
passou então a fazer-se, através de camionagem, a
partir de 26 de Agosto de 1972, tocando em todas as estações
e apeadeiros.
A substituição do transporte, porém, não trouxe vantagens
à população pela morosidade que denunciava e cedo
choveram junto das autoridades responsáveis pedidos
para o restabelecimento da circulação ferroviária com
a utilização dos modernos transportes munidos de máquinas
diesel.
Fizeram-se estudos para substituição do material
circulante; mas perante os resultados obtidos e a soma
do investimento, as entidades entenderam por bem recomeçar
o transporte de passageiros a partir de 1 de Junho de
1975 com algumas automotoras a gasóleo, continuando o
transporte das mercadorias através de camionagem.
Ficou satisfeito,
em parte, o desejo
formulado pelo povo.
Historiaremos agora, em breves palavras, a consecução do
projecto do Vale do Vouga.
Logo que lançada a linha da Beira Alta, outro estudo passou
a estar na ordem do dia para servir toda a região do
Vouga e possibilitar o comércio com as Beiras. Desse
estudo foi encarregado o engenheiro Mendes Guerreiro,
que preconizava a construção de uma linha que partisse
de Estarreja e fosse entroncar na de Santa Comba Dão a
Viseu, por alturas de Torre Deita. Foi esse estudo incluído
no Plano de 1877 com a classificação de Linha
do Vale do Vouga desde Estarreja, Albergaria-a-Velha,
Vouzela e S. Pedro do Sul, ficando por classificar o
restante percurso, objecto de novos estudos.
Posteriormente, em 7 de Fevereiro de 1879, de novo foi
incluído em Plano, mas partindo de Aveiro para
Estarreja, passando por Sever do Vouga, Oliveira de
Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, na extensão de 60
kms.
Estavam em franca actividade as minas de chumbo do Braçal,
Malhada e Coval da Mó, e as minas de cobre do Palhal e
Telhadela. Além de que o prolongamento da linho até
Viseu encurtaria distâncias entre esta cidade e o
Porto. Eram razões fortes para fundamentar a proposta
da inclusão do estudo em Plano.
A primeira concessão foi dada por alvará de 11 de Julho de
1889 a Frederico Pereira Palha para a sua construção e
exploração, por um prazo de 99 anos, mas que ficou
logo condenada ao malogro, uma vez que a sua directriz
foi estabelecida a partir de Espinho até Vouzela e
daqui a Torre Deita.
Em 1895 novos estudos foram apresentados, baseados no critério
de 1879, cujo custo ascendia a 2500 contos. Para
diminuir o percurso entre Porto e Viseu a linha partia
de Espinho, fazendo-se um ramal de Sever do Vouga a
Aveiro. Vários foram os incidentes surgidos depois,
que determinaram a supressão do referido ramal (e foi
pena porque isso teria proporcionado desde logo um mais
rápido incremento comercial e industrial da sede do
concelho) até que em 30 de Outubro de 1903 foi o
projecto aprovada definitivamente de acordo com o actual
traçado, sem contudo aparecer quem pusesse em marcha o
empreendimento, uma vez que o Governo não oferecia
garantias.
Em 1906 constituiu-se a Compagnie Française pour la
Construction de Chemins de Fer à l'Étranger, com sede
em Paris, e por decreto de 17 de Março do mesmo ano
faz-se a transferência da concessão de Francisco
Pereira Palha para a referida Companhia. Em 5 de
Fevereiro do ano seguinte é feito o contrato definitivo
do empreendimento entre ela e o Estado, e a obra
contratada com o engenheiro francês François Mercier
que lhe dá início ainda no final desse mesmo ano.
Em 21 de Dezembro de 1908 abriu-se à exploração o troço
entre Espinho e Oliveira de Azeméis, com 33 kms.,
inaugurado em 23 de Novembro com a presença do rei D.
Manuel II; a 1 de Abril do ano seguinte o de UI a
Albergaria-a-Velha; a 8 de Setembro de 1911 os de
Albergaria-a-Velha a Sernada e daqui a Aveiro.
Faltava concluir o prolongamento até Viseu. Como o terreno
era muito acidentado a ligação foi morosa, com
acabamentos mais rápidos onde as soluções o permitiam
de imediato, enquanto pequenos troços eram abertos à
exploração. Assim, a 5 de Maio de 1913 iniciou-se o tráfego
de Sernada à Foz do Rio Mau, ao km 4; do km 4 ao km 18,
até Ribeiradio, passando por Pessegueiro, Paradela e
Cedrim, e Bodiosa e Viseu, respectivamente a 4 e 5 de
Setembro de 1913; em 30 de Novembro do mesmo ano o de
Arcozelo das Maias a Vouzela e, finalmente, em 5 de Fevereiro
de 1914 o das Termas de S. Pedro do Sul a Moçâmedes.
Estava terminada a grande odisseia desta via férrea.
Por outro lado a Companhia Francesa transformou-se numa
companhia nacional e em 1 de Abril de 1924 os estatutos
da nova empresa são publicados, a qual passou a
denominar-se Companhia Portuguesa para a Construção e
Exploração de Caminhos de Ferro. Ao km 70 080, no Poço
de Santiago, houve necessidade de construir uma ponte
em alvenaria que é uma imponente obra de arte. Tem um
comprimento de 165 metros e uma altura de 28,5 m. e
ficou concluída em 1913. É obra do engenheiro francês
François Mercier, sob projecto do engenheiro Sejourné
da mesma nacionalidade.
Está assente sobre 12 arcos, sendo o maior de forma parabólica
e vencendo a largura do rio, com um comprimento de base
de 53 m. e 27 de altura. Dos restantes 11 arcos, 2 estão
totalmente assentes sobre o principal e outros dois, um
de cada lado, também com uma das bases comum assente no
central.
Sever do Vouga, 31 de Maio de 1976.
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