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André Ala dos Reis, Vida. Poemas, Coimbra, Coimbra Editora Ldª, 1963, pp. 44 e 45.

TRAINEIRAS

 

Já vão chegando as traineiras...

Trazem sal nos mastros negros,
ventanias nos foquins,
montes de escamas e sol.
O Mar entrou às lufadas
pelos caminhos da Ria
e, sorvendo maresia,
gaivotas atarefadas
procuram peixe perdido.
O guarda-fiscal cinzento
Não larga os cestos de prata,
enquanto braços de força
badalam como remadas.
Magotes aos quadrados
caminham para a cidade;
outros cavam astros brancos,
no preto sujo da Ria,
e, passando sob a ponte,
batem palmas de metal,
nas pedras brancas de sono.

Ai, que saudades do Mar
nas quilhas destas traineiras!
Que luz e cor, que lidar
e que cheiro a maresia
pelos caminhos da Ria!

 

 

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