Henrique J. C. de Oliveira, Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa, 1996. |
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Cerca de 30 anos mais tarde,
Ribeiro Sanches
[1], que se confessa admirador
do livro de Martinho de Mendonça, publica as suas Cartas
sobre a educação da mocidade nobre[2]. Ao abordar os «conhecimentos preliminares para entrar nas escolas maiores», chama
a atenção para o papel dos professores, para a importância de se utilizar
um sistema de ensino que privilegia o método e a ordem na sequência programática,
e também para a necessidade da utilização de recursos pedagógicos de
natureza audiovisual, aliando a visão e a audição: observação de mapas, tábuas
cronológicas, modelos e instrumentos, reforçada por uma correspondente explicação
oral. Segundo Ribeiro Sanches, a
dificuldade dos estudos vestibulares «não está na capacidade dos
meninos; toda ela residirá nos Mestres; e se dissipará, se souberem ensinar
com método e com ordem, explicando de viva voz um compêndio
de cada ciência que ensinarem; pondo diante dos olhos, umas vezes em mapas,
outras em tábuas cronológicas, outras em modelos e instrumentos,
e com a inspecção das mesmas coisas que ensinarem; deste modo perguntando,
capacitando o auditório, e ficando ele mesmo inteirado que compreendem,
adiantará o seu ensino.» / 103 / Prestando atenção aos elementos destacados, verificamos que o modelo de ensino preconizado, além de apresentar alguns aspectos comuns com os princípios enunciados por autores precedentes, coloca a responsabilidade essencialmente no professor, dele dependendo o sucesso dos meninos. Compete-lhe ter em conta vários aspectos fundamentais: programação sequenciada («método e ordem»); recursos utilizados para apresentação de informação de natureza visual (mapas, tábuas cronológicas, modelos e instrumentos); avaliação mediante perguntas ao auditório.
[1] - António Nunes Ribeiro Sanches (1699-1782) foi clínico na corte russa e colaborador da famosa Enciclopédia, cuja direcção pertenceu ao escritor francês Denis Diderot. Em 1760 publicou as Cartas sobre a educação da mocidade nobre, que ultrapassaram largamente o tema proposto, uma vez que não só apresentam o plano, que foi aproveitado para a criação do Colégio dos Nobres, como toda uma série de considerações com o objectivo de uma verdadeira reforma do ensino. [2] - Ribeiro SANCHES, Cartas sobre a educação da mocidade nobre, 9ª ed., (revisão e prefácio de Maximiano Lemos), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1922. |
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