Vimos, por tudo quanto expusemos no capítulo anterior, que o conceito
de imagem tanto pode ser aplicado a representações visuais, utilizando
as mais diversas técnicas, como às representações recriadas no nosso cérebro,
o que nos permitirá considerar, a
priori, duas grandes classes: as imagens materiais, que constituem
sistemas de representação sensorial materializados em documentos, e as
imagens mentais de que apresentámos anteriormente alguns conceitos e que
são recriadas no nosso cérebro, constituindo como que esqueletos
estruturais criados pela percepção. Donde o papel da imaginação,
capacidade que o homem tem de evocar ou produzir imagens independentemente
da presença do objecto ou objectos a que se referem.
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Alguns
autores[1]
consideram as imagens materiais passíveis de classificação, tendo em
conta as suas características intrínsecas, distinguindo as
imagens pictográficas das
imagens dedutivas
.
Entre
as imagens pictográficas, miméticas ou figurativas consideram-se todas
as imagens que procuram «mimar» (do gr. mimese) a realidade,
reproduzindo-a ou recriando-a.
Entre
as imagens dedutivas contam-se as representações visuais gráficas,
incluindo não apenas os
gráficos
, mas todos os
sistemas de tratamento visual da informação, tais como diagramas, mapas,
escalas, etc.
Ainda
dentro das imagens pictográficas (ou figurativas), tendo em vista a
elaboração de uma classificação taxonómica dos meios audiovisuais, há
autores que efectuam a distinção entre
imagens fixas
e
imagens móveis
e, dentro das
primeiras, entre imagens isoladas e
imagens múltiplas
e sequenciais (caso da
banda desenhada
ou da
fotonovela
).
Na
impossibilidade de uma abordagem completa deste aspecto e para se poder
ficar com uma ideia da multiplicidade de critérios possíveis para uma
classificação das imagens, encerramos o capítulo com uma síntese dos
critérios apresentados por Miguel Angel Santos Guerra, na obra Imagem
e educação[2],
para a qual remetemos o leitor interessado. Tal como nos é referido no 2º
capítulo desta obra, as imagens podem ser classificadas de acordo com os
seguintes aspectos:
- Campo visual ou iconográfico:
· imagens propriamente ditas (p. ex., fotografia); · imagens de imagens
(p. ex., fotografia reproduzida em reportagem televisiva); · imagens de não
imagens (textos, títulos de um filme, etc.); · não imagens de imagens
(descrição escrita de uma imagem).
- Objectivos:
· imagem documental (foto de família, de acontecimentos sociais, p.
ex.); · imagem artística (com objectivos estéticos); · imagem como
texto (sequência narrativa em imagens tipo banda desenhada, fotonovela,
etc; imagem metáfora visual; imagem símbolo).
- Grau de iconicidade:
(do maior para o menor: fotografia - ilustração por desenho - diagrama -
gráficos).
- Modo de reprodução:
· imagens manuais (desenho, pinturas); · imagens técnicas (mediante máquinas).
- Movimento:
· imagens fixas; · imagens
em movimento (cinema); · imagens idealmente mecânicas (foto novelas;
banda desenhada; metáforas cinéticas para sugerir movimento).
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- Natureza:
visuais; sonoras; olfactivas; tácteis; gustativas; [e ainda sinestésicas].
- Contexto:
· caso da imagem móvel - cinema e TV com diferentes informações
paralelas e simultâneas: série visual linguística (títulos, rótulos);
série linguística sonora (locução, voz dos actores, etc.); série
sonora (música, efeitos, ruídos); série visual paralinguística
(efeitos visuais para mudança de cena, fundidos, encadeados, etc.); ·
caso da imagem fixa - texto acompanhando a imagem; imagem num livro ou
revista; localização da imagem na página; sequências informativas
sonoras num diaporama, p. ex.; · subcódigos inerentes às imagens.
Miguel
Angel encerra o capítulo citado fazendo uma rápida alusão aos
diferentes conceitos de imagem, afirmando que «como "figura,
representação, semelhança e aparência de uma coisa" a imagem pode
ser:
a) material ou psíquica (o mesmo que
imagem mental);
b) bidimensional ou tridimensional;
c) auditiva, visual ...
d) fotográfica ou pictórica;
e) única ou múltipla;
f) fixa (estática) ou móvel (dinâmica).
[1]
-
Berger
,
1982, pp. 13-14.
[2]
- Miguel Angel Santos GUERRA, Imagen
y educación, Col. Ciências de la educación, Madrid, ediciones
Anaya, 1984, pp. 110-115.
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