Qual o significado da Vida?

Para que é que vivemos?

José Pereira - 10º G

Prof. Fernanda Lagarto

O pensar independente torna-se extremamente difícil... e o conformismo conduz à mediocridade. A ânsia do sucesso, que é a procura de recompensas quer no plano material quer no chamado plano espiritual, a procura de segurança quer interior quer exterior, o desejo de conforto – todo este processo sufoca a curiosidade e o descontentamento, põe fim à espontaneidade e cria medo; e o medo bloqueia a inteligente compreensão da vida. Com o decorrer dos anos, a indolência da mente e do coração instala-se. Na nossa busca de sossego, geralmente até encontramos um cantinho tranquilo na vida, onde o conflito seja mínimo e de onde receamos sair. Este medo da vida, este medo da luta e de novas experiências mata em nós o espírito de aventura, a coragem de arriscar.

Recusando enfrentar o que nos perturba, calamos as perguntas. Qual é o significado da vida? Para que é que trabalhamos e vivemos? Que sentido procuramos naquilo a que chamamos educação? Qual o valor de ser treinado como jurista se permanecem os litígios? Qual a validade do conhecimento se continuamos confusos? Que significado têm a técnica e a indústria se as usamos para nos destruirmos uns aos outros?

J.Krishnamurti nasceu no sul da Índia em 1895, e na sua juventude estudou em Inglaterra, tendo sido considerado apenas com 16 anos líder espiritual da Ordem da Estrela do Oriente, no âmbito da chamada Sociedade Teosófica . Porém, ao longo do seu processo de maturação intelectual, acabou por dissolver essa mesma ordem, em 1929, renunciando a todos os títulos, rótulos e homenagens, jamais se considerando um mestre. A sua mensagem é a da libertação de tudo o que aprisiona o ser humano e o priva do conhecimento da sua essência, que considera divina. Assumindo-se independente de qualquer organização filosófica, religiosa ou política, rejeitando carreiras, viveu caminhando e fazendo, assim, o seu caminho, escrevendo diversos livros e dando conferências nas mais conhecidas cidades do mundo...

O seu percurso espiritual (religioso e filosófico) é o da busca da verdadeira liberdade, pela via do auto-conhecimento, da tolerância, da partilha da crença na dignidade da vida humana.n

Compreender a vida é compreendermo-nos a nós próprios,e isto é simultaneamente o princípio e o fim da educação. A inteligência é a capacidade para procurar e para perceber o essencial, o que é; e despertar esta capacidade em nós e nos outros, é educação. Produzem-se professores, engenheiros, técnicos e doutores, caçadores de empregos... mas para que serve a educação se não servir para promover a auto-consciencialização de cada um, de cada homem e de cada mulher, integrados no mundo e livres do medo? É que só entre seres humanos desse tipo pode perdurar a paz

Aqueles que se acomodam no conformismo social em nada contribuem para a paz, porque desistem da procura de si mesmos e dos outros e assim desistem da humanidade porque desistem da auto-consciência... E quando não existe auto-conhecimento, a auto-expressão torna-se auto-aprovação, com todos os seus ambiciosos, estúpidos e agressivos conflitos.

Os sistemas, quer educacionais quer políticos, não mudam misteriosamente; os sistemas só mudam quando ocorre uma mudança fundamental em nós próprios.n

in Krishnamurti, Jiddu, Education and the Significance of Life, Gollancz Ed. (adaptado)

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