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Sérgio Paulo Silva, Já caiu o pó sobre as giestas, 1ª ed., Estarreja, 2006, 16 págs.


Sim, havia ainda muito alvoroço no povo e o sossego tardaria a chegar.

Mas já se esvaziava irreversivelmente o balão.

Nos dias que se seguiram, foi-se tornando cada vez mais audível o caudal da ribeira, apesar de tão exangue pelo demorado estio.

Quando regressei, numa noite fria de Inverno, deslizava sossegada a ribeira, não havia ninguém nas ruas e os cães estariam talvez enovelados nos seus cardenhos. Fui andando ao longo da avenida. Tinha combinado cear com uns amigos na Aldeia do Bispo; e ali estava eu, adiantado nas horas combinadas, fazendo tempo, caminhando.

As eiras fermentavam já a geada da noite e, por toda a serra, as giestas gemiam na escuridão.

Quando me sentei à mesa doía-me o olhar, mas o calor da amizade dissipou as nuvens que o toldavam. Perto do mar, muito longe, no ambiente de minha casa, minha filha, minha mulher, os que me amam e me conhecem, sabiam que nessa hora, onde eu estivesse, estaria feliz. Como as giestas no pino do verão.

 

 
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