Morreu Claudette Albino
Adeus (in)esperado numa noite de verão

In: "Diário de Aveiro", 31/8/2009

 

Agosto é tempo de férias. É verão, com uma temperatura que faz vibrar os nossos corpos. Não é tempo de morrer, Claudette. Isso não se faz aos amigos: Todos sabíamos que há muito lutavas contra uma doença que te ia minando. Não desconhecíamos que tinhas ganho muitas batalhas, muitas delas, bem difíceis de conquistar.

Estive contigo e com o teu marido e mais alguns companheiros vossos dos Lions, a fazermos um trabalho que eu iria – e vou – publicar.

Estavas contente, feliz, rias, preparando-te para a tua nova tarefa de Governadora do distrito 115, Centro/Norte, da Associação a quem há muitos anos davas o melhor de ti mesma.

Não temeste recentemente ir aos Estados Unidos tomar posse. Mais uma vez tive a convicção firme que estava perante uma vencedora. "Sabes" – dizia-me o teu marido – "ela já ralha comigo, o que quer dizer que está óptima".

Vim embora satisfeito. Voltamos a falar ao telefone, Fiz o trabalho e fui para férias. Às vezes deixo esgotar a carga do telemóvel. Nesse dia, contudo, não foi o caso. Tocou, atendi e o teu marido, com a voz quase imperceptível, disse-me qualquer coisa, que não entendi – ou não quis entender – mas lá tive, infelizmente, de perceber que tinhas partido. Assim, sem mais, desististe de lutar. A tua resistência tinha chegado ao fim.

Era o início de uma noite de Agosto. Partiste. Serenamente.

Oxalá tenhas tido tempo para perceberes que o teu dever estava cumprido. A tua consciência tranquila.

Logo vou juntar-me aos teus muitos amigos e juntos vamos acompanhar-te. Quero, aqui, deixar um abraço ao Gaspar Albino, a teus filhos e netos.
Onde quer que agora estejas, está em paz.
Nós, que fisicamente, ainda cá estamos, já temos muitas saudades tuas.

Carlos Campos
 

 

Página anteriorPágina inicialPágina seguinte