Campos, Carlos -, Ferreira, Fausto – e Faria, Gabriela Amorim – Ruas que são gente, Aveiro, 1ª edição, págs. 77 a 84.


Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães
(1913-1986)

Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães nasceu em Aveiro, em 22 de Setembro de 1913. Frequentou a faculdade de Direito em Coimbra, mas acabou por terminar a licenciatura, em 1938, em Lisboa, tendo então sido aluno do Professor Marcello Caetano.
 

Entrou para os C.T.T. e rapidamente ascendeu à categoria de Director de Serviços, tendo posteriormente sido nomeado Administrador-Geral. Desempenhou o cargo de Governador Civil de Aveiro, pela primeira vez, entre Abril de 1954 e Janeiro de 1959. Retirou-se, então, por divergências com o governo do Professor Oliveira Salazar. Foi alvo de importantes manifestações de apreço, tendo-lhe sido atribuída, nessa época, a Medalha de Ouro da Cidade. Voltou a ser chamado a ocupar o mesmo cargo, em Novembro de 1968, quando o Professor Marcello Caetano entra para o governo e exerce funções até Fevereiro de 1974. Em Janeiro desse mesmo ano, é agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique, pelos serviços prestados.

Foi administrador e presidente do Conselho de Administração dos Estaleiros de S. Jacinto e presidente vitalício da Fundação Carlos Roeder.

Viveu intensamente os problemas do seu distrito, sempre determinado pela sua convicção de aveirismo, termo e noção de certo modo criado por ele e pelo seu amigo Eduardo Cerqueira. Essa sua dedicação à região de Aveiro fez com que Daniel Rodrigues tenha escrito, no “Comércio do Porto”, «Evocar Vale Guimarães é de algum modo evocar a história do distrito de Aveiro nas suas últimas décadas, mais concretamente no último meio século.» Foi, sem dúvida, o seu espírito tolerante e liberal que permitiu a realização dos Congressos da Oposição Democrática, em Aveiro, e foi talvez esse mesmo motivo que fez com que, em 1985, Mário Soares o convidasse para mandatário distrital da sua campanha.

A morte surpreendeu-o em 22 de Fevereiro de 1986.


ACTA DA REUNIÃO ORDINÁRIA DA CÂMARA MUNICIPAL DE AVEIRO, DE 11 DE SETEMBRO DE 1959

O senhor Presidente apresentou à Câmara a seguinte proposta:

Considerando que o aveirense Exmo Sr. Dr. Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães ascendeu na sua terra a mais alta magistratura, exercendo de 7 de Abril de 1954 a 29 de Janeiro de 1959 o cargo de Governador Civil do Distrito.

Considerando que, no desempenho das suas funções, realizou em todo o Distrito obra política, administrativa e assistencial que muito contribuiu para o seu maior prestígio, progresso e bem-estar das populações, que não esquecem a sua acção, como o demonstram as repetidas e espontâneas manifestações de simpatia e reconhecimento que por toda a parte lhe foram e continuam a ser tributadas.

Considerando que a favor das aspirações e interesses da cidade e do concelho de Aveiro, para além das suas obrigações de Governador Civil, tomou iniciativas ou desenvolveu diligências junto do Governo da Nação, que já se concretizaram ou estão ou vão concretizar-se em realizações da maior projecção, de que, em anexo se dá nota, embora incompleta, iniciativas e diligências essas que vivamente impressionaram a opinião pública deste concelho, que nunca conheceu um tal estilo de actuação.

Considerando que soube harmonizar os interesses políticos do Regime que com inteira lealdade representou no Distrito, com a maneira de ser e as mais altas tradições do nosso povo e da nossa terra, o que lhe granjeou a maior simpatia.

Considerando que após a sua saída do Governo Civil foi dirigida a esta Câmara Municipal representação no sentido de ao ex-Governador Civil, Exmo Sr. Dr. Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães, ser concedida a Medalha de Ouro da Cidade, representação essa subscrita pelo Prelado da Diocese, autoridades civis e administrativas, Juntas de Feguesias do Concelho, pelos Clubes, Associações, Colectividades e Agremiações profissionais e culturais, recreativas e artísticas, e por muitas centenas de Aveirenses de todas as classes, contando-se entre eles figuras das mais representativas da vida aveirense.

Considerando que a petição dirigida a esta Câmara Municipal traduz, de facto, o sentir da maioria do povo da cidade e das suas freguesias, como o têm revelado as manifestações de acentuado carácter popular que a Sua Exa. têm silo prestadas sempre que para tanto se oferece qualquer ensejo.

Tendo em atenção as circunstâncias referidas, tenho a honra de propor que a Câmara Municipal deste concelho conceda ao aveirense, Sr. Dr. Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães, a Medalha de Ouro da Cidade, em sinal de reconhecimento e como justo galardão dos relevantes serviços que prestou à cidade e ao concelho, como Governador Civil, e, ainda, que a uma Praça ou Rua condigna seja dado o seu nome para que assim melhor fique a perpetuar-se, no tempo, o muito que Aveiro está a dever ao Sr. Dr. Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães.

Mais tenho a honra de propor:

a) Que a Medalha de Ouro seja entregue a Sua Ex.ª em sessão solene promovida pela Câmara Municipal:

b) Que, para corresponder aos desejos já expressamente manifestados pela Comissão que entregou a esta Câmara a referida exposição, a aquisição da Medalha e seu estojo seja feita por meio de subscrição pública a promover exclusivamente dentro do concelho de Aveiro.

Finalmente, tenho a honra de sugerir que todas estas propostas sejam aprovadas de pé, na presente sessão.

A Câmara, de pé, e por unanimidade de votos, prestando homenagem ao ilustre aveirense Sr. Dr. Francisco José Rodrigues do Vale Guimarães, deliberou aprovar esta proposta e conceder-lhe a Medalha de Ouro da Cidade, a adquirir por subscrição pública.

O Presidente da Câmara,
Alberto Souto

Os Vereadores,
Henrique Ramos
Pedro Ferreira
Humberto Leitão
José Mortágua
Amadeu Ala dos Reis
Severim Duarte.
 

 

O CORREIO DO VOUGA, no número de 11-6-1960, anunciou, na primeira página, a homenagem  nos seguintes termos: 

HOMENAGEM

Vai a cidade cumprir, na próxima quinta-feira, um nobilíssimo dever de gratidão. A homenagem é da alma popular da nossa terra. Surgiu, espontaneamente interprete dos sentimentos colectivos, a Câmara Municipal deu um belo exemplo.

O Dr. Francisco do Vale Guimarães nasceu em Aveiro. E não soube nunca desprender-se destes laços da família do burgo. Foi sempre um de nós, maior que nós, em acrisolado carinho, em generoso interesse por tudo o que servisse o bom nome, o desenvolvimento material e moral da terra e dos seus homens.

Depois, como Chefe do Distrito que tem aqui a sua capital, continuou ainda fiel ao primeiro amor e de amores se perdeu por tudo o que é nosso. A sua passagem pelo Governo Civil, para além de largas benemerências que não podem esquecer-se, teve o mérito de mostrar a magnanimidade do seu coração de aveirense, sempre a saltar-lhe do peito para acudir aos clamores de quem viesse bater à sua porta. Se tantos foram, tantos virão agora dizer-lhe, em voz igual e comum, o preito agradecido e justo do seu louvor.

Por nós, nesta casa e nesta obra, ao serviço de tarefas cujo alcance não se discute, sentimos também a sua colaboração sempre pronta, generosa e activa. A qualquer apelo, ele queria ser o primeiro, tanto na palavra como na acção.

Assim, nós estaremos na homenagem que vai ser-lhe prestada.

 

Excerto do discurso proferido aquando da entrega da Medalha de Ouro

por Vale Guimarães.

De todos é sabido que foram cerceados em larga medida os poderes dos Governadores Civis. Os ministros passaram a ser, no domínio das suas pastas, os verdadeiros orientadores.

Erro grave. O ordenamento ao nível nacional, como é mister que seja, deve, no pormenor, consentir certo grau de adaptação ao regional, tanto na ordem política e burocrática como na ordem social, económica e de melhoramentos. É que falta aos ministros a receptividade própria da vivência gerada no contacto próximo, pelo que ao Governador Civil deve caber esse papel, embora isso o obrigue a responsabilidades e trabalhos de bem maior vulto.

Dentro desse pensamento, esforcei-me por estabelecer colaboração lata com os ministros. E fui bem sucedido na maioria dos departamentos do Estado, com manifesta vantagem. Mas a virtude cabe aos seus respectivos titulares, que revelaram a maior compreensão.

Por outro lado, à colaboração, à amizade e à boa vontade de muitos, em Aveiro e no distrito, se fica a dever a obra realizada. Saliento a acção das Câmaras Municipais, dos organismos de assistência, dos serviços do Estado no distrito, da União Nacional, dos deputados. Dezenas e dezenas de autênticos valores que usaram da maior generosidade para comigo. Gostaria de lhes referir, ao menos, o nome – se a lista não fosse tão extensa. Assim, limito-me a uma saudação aos primeiros, o ilustre presidente da Câmara de Aveiro; aos segundos, o distinto Dr. Fernando Moreira; aos terceiros, esse exemplar servidor do Estado que é o Eng.º Cunha Amaral e aos últimos, União Nacional e deputados, o Coronel Gaspar Ferreira, figura de elevado recorte político e pela sua obra na presidência da Junta Autónoma do Porto de Aveiro, de quase 3 décadas, um dos propulsionadores do desenvolvimento da nossa cidade.

– oOo –

Finalmente a orientação politica.

Sou de Aveiro e aqui me eduquei. Conhecia assim perfeitamente a terra e o seu povo, bem como as terras e as populações do distrito. Ninguém ignora ser ele permeável a todas as correntes de opinião, dada a sua evolução e o seu elevado nível social. Mas há um ideal que predomina, sobretudo na zona ribeirinha: o ideal da liberdade. Para a maioria dos aveirenses, depois da saúde, que agradecem a Deus, a liberdade é o maior bem de que podem usufruir. Sabendo ser assim, era questão de consciência integrar a actuação política ao gosto / pág. 80 / local, tanto mais aceitando, como aceito, que só dessa maneira o Regime pode alargar-se e consolidar-se.

Assim, segui essa orientação, embora enfrentando incompreensões, sem dúvida devidas à obliteração que a segurança do dia de hoje faz criar e tem a sua raiz na forte personalidade e inigualável prestígio do Chefe do Regime – Homem extraordinário, mas sujeito como todos à lei geral.

Graças ao clima político gradualmente criado dentro daquela orientação foi possível manter Aveiro, no período conturbado da eleição presidencial de 1958, em perfeita normalidade, o que foi causa de espanto em todo o Pais. Concedeu-se, então, liberdade plena: fez-se questão de manter a força armada alheia à vicissitude política, como convém e o exige o seu prestígio. Era um ensaio, feito no momento mais difícil da vida do Regime. Tudo correu, apesar disso, em impressionante ordem, respeito, compostura. Nem para um dito mais contundente houve ambiente. Deu o nosso povo magnífica lição de civismo. Demonstrou que sabe usar da liberdade sem dela abusar. Alto exemplo, ainda há pouco recordado pelo “Litoral”. E revelou o acto eleitoral, rodeado de decência, que da orientação seguida foi o Regime o único e grande beneficiário. Lamentou o Sr. Presidente do Conselho, no seu discurso de 30 de Junho, logo após a eleição, que se não tivesse criado entre as forças situacionistas a consciência da vitória. Em Aveiro foi diferente. Realizou-se até grandioso almoço de confraternização, a que veio presidir – e nele proferiu discurso que deu brado – o Conselheiro Albino dos Reis – figura primeira do distrito e proeminente da Nação, a quem tanto e tão amigo apoio fiquei a dever.

Ter podido exercer o cargo de Governador Civil sem desrespeitar a grande tradição aveirense representou para mim o maior prémio. É evidente que assim não podia ter acontecido se o então e ilustre ministro do interior e especialmente o Chefe indiscutível do Regime – que em muitos casos foi previamente consultado – não tivessem dado o seu assentimento. Vai para Suas Exas o melhor agradecimento.

– oOo –

Como manifestar o meu reconhecimento?

Impossível!

Mas se alguma coisa pode servir de princípio de retribuição seja o dom que faço ao meu povo do melhor do meu afecto e a promessa de que esse que é um de vós, um igual a todos, preso pelo coração à sorte das nossas terras e das nossas gentes, há-de sempre acompanhar-vos na medida das suas parcas possibilidades nas horas boas como nas más.

Para além desta modesta retribuição, fica o estendal de tudo quanto de vós recebi, a falar por si da vossa ilimitada generosidade.

Viva Aveiro.»

 

FRANCISCO VALE GUIMARÃES
Morte de proeminente figura política

«Francisco Vale Guimarães, dos mais proeminentes políticos aveirenses da segunda metade do nosso século. morreu no passado sábado, dia 22, a caminho de Aveiro.

Tendo ascendido ao lugar de Governador Civil em 1954, aqui se manteve até Janeiro de 1959 e, posteriormente, desempenhou as mesmas funções, entre Novembro de 1968 e Fevereiro de 1974. Nesta qualidade desenvolveu acção notável de moderação face a pressão salazarista e marcelista, permitindo e apoiando os congressos democráticos que aconteceram em Aveiro. com algumas reservas e desconfianças de muitos, nomeadamente das cúpulas do poder central.

Figura destacada da Acção Nacional Popular (ANP), soube manter, face a esta organização, um certo distanciamento que a sua formação liberal impunha, acabando por merecer o respeito generalizado de diferentes quadrantes políticos. Foram muitos os cargos políticos que desempenhou ao mesmo tempo que outros de responsabilidades diversas como administrador dos CTT, dos Estaleiros de S. Jacinto, da Navalria, da Cerâmica Aveirense e presidente vitalício da Fundação Carlos Roeder.

A cidade de Aveiro lhe ficou a dever grandes benefícios e tal foi reconhecido outorgando-se-lhe a medalha de ouro da cidade.

“Litoral” orgulha-se de sempre ter contado com a amizade e a colaboração distinta deste homem ilustre.

Político de grande envergadura (era licenciado em Direito) foi essencialmente defensor dos interesses regionais, num vasto leque de perspectivas, sobressaindo nelas o seu arreigado "aveirismo".

Natural de Aveiro, procurou fazer de S. Jacinto um pequeno paraíso à beira mar plantado, para descanso da vida de luta sem tréguas. Apesar de adoentado há alguns anos (particularmente após o brutal embate de viação que visualmente o afectou). Francisco Vale Guimarães continuou na cena política até ao desenlace fatal, colhendo ainda recentemente uma extraordinária vitória no apoio que deu ao novo presidente-eleito da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, de quem foi mandatário Distrital.

Por esta razão (empenhamento total na campanha do seu candidato) terá adiado intervenção cirúrgica que era a todos os títulos urgente.

O seu funeral realizou-se na passada segunda-feira, dia 24, pelas 16 horas, aqui comparecendo muitos milhares de pessoas não só de admiradores e simpatizantes como também de adversários políticos, certamente reconhecidos pela luta desenvolvida ao longo da sua vida. Entre todas elas se viam muitas figuras de destaque na vida nacional (caso do presidente eleito, Dr. Mário Soares) e local, numa última homenagem àquele que foi, de verdade, o símbolo incarnado do "aveirismo".

Foi uma jornada pública de grande significado. Na hora da verdade, o reconhecimento dos aveirenses.»

Amaro Neves

 

O Dr. Vítor Mangerão, que era, na época, Director-Adjunto do extinto “Jornal de Aveiro”, escrevia após a sua morte:


UM DOS RAROS

Ele era um Senhor; um dos raros que continuava a ser tão discutido que sobrevivia a todas essas discussões. Por isso, quando voltava a cidade, a sua silhueta vagarosa e distinta sobressaía de entre os apressados anónimos e os lojistas vinham às portas cumprimentá-lo. É que, cada vez são mais os chamados e cada vez são menos os que merecem ser lembrados.

Digam, agora, o que disserem, a memória destas décadas ficará, nestas terras, marcada por tudo aquilo que à sua volta se disse a favor ou contra. Há homens que, pela sua diferença, se transformam em símbolos e referências obrigatórias. E numa região de tantas areias e águas movediças, honra lhe seja prestada, porque as suas pegadas por aí ficaram inscritas, um pouco por cada lado, sobrevivendo a todas as marés.

Mas apenas palavras e funerais, não. Que, a umas, leva-as o vento, os outros misturam os amigos sinceros com os falsos escondidos. Parecer aveirense e fácil é pouco: ser aveirista exige ser-se outra coisa. Como muitos raros, ele sabia-o. E provou-o até ao seu derradeiro discurso político.

Que ao menos, e para já, antes que recomece a Primavera, o seu nome regresse à pedra de uma rua larga desta cidade onde, finalmente, repousa. Todos sabemos que ele é um dos raros que o merece. E o Dr. Vale Guimarães de certeza que há-de gostar.

V. C. M.

 

Acrescentamos nós, agora. O Dr. Vale Guimarães, de certeza, não gostou. Um nome numa rua, se quiserem numa praceta, nós dizemos que foi num beco que nem sequer saída tem, é tudo o que resta.

E já lá vão catorze anos após a sua morte!

Foi numa tarde de chuva que decorreu o funeral. Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 1986. Como muita gente então dizia dos maiores, talvez mesmo o maior que alguma vez teve lugar entre nós. Os aveirenses em peso, com a população de S. Jacinto à frente, acompanharam o "pai do aveirismo" até à sua última morada. Curiosamente no Cemitério Central, junto ao Homem que ele sempre citava nos seus discursos. José Estêvão nunca deixou de ser a sua grande referência. O destino – ou o que lhe quiserem chamar – colocou-os, para sempre, lado a lado, em jazigos contíguos.

Mário Soares, que tinha sido eleito, pela primeira vez, Presidente da República, cerca de um mês antes do seu falecimento, ainda não tinha tomado posse do cargo. Mas isso não invalidou que não se tivesse esquecido do Homem a quem tinha convidado para Mandatário Distrital da sua candidatura. Quando tudo e todos o "viam" a apoiar Freitas do Amaral, decidiu ficar ao lado de quem pensou que reunia as melhores condições para ocupar o mais alto cargo do país. A doença, que acabaria por o vitimar, não o deixou empenhar-se a fundo em acções de campanha, mas Mário Soares, acompanhado de sua mulher, esteve último adeus ao seu amigo. O préstito fúnebre saiu da Igreja da Vera Cruz. Lugar onde tinha sido baptizado. Lugar onde tinha pedido para / pág. 84 / ficar em câmara ardente, quando um dia chegasse o fim.

A cerimónia em frente da Câmara Municipal, com o Hino da cidade a ser tocado pela Banda Amizade e o então Presidente Girão Pereira a colocar a bandeira sobre a urna, foi um dos momentos mais chocantes. A chuva escondeu as lágrimas de milhares de pessoas.

Aveiro chorava a partida de um dos seus mais ilustres filhos.

Com a devida vénia, Vítor Mangerão, Aveiro chorava a morte, aos 72 anos, de "um dos raros".


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