Rangel de Quadros, Aveirenses Notáveis. Aveiro, 1ª edição, Aveiro, Câmara Municipal de Aveiro, 2000, (Revisão de J. Gonçalves Gaspar), pp. 74-81.


Augusto Soromenho
(1833-1878)

Nasceu em 20 de Fevereiro de 1833 na freguesia da Apresentação e, na respectiva igreja, foi baptizado em 2 de Março do mesmo ano, pelo vigário Manuel Rodrigues Tavares de Araújo Taborda. Era filho legítimo de Manuel Álvares de Lima e de D. Maria José Pereira Soromenho, residentes então na mesma freguesia, mas naturais de Valença do Minho. Era neto paterno de José Bernardino Álvares de Lima e de D. Antónia Luísa de Meireles Lima, da mesma vila; e era neto materno de Francisco Pereira Soromenho, capitão reformado, natural de Silves, e de D. Caetana Fortunata de Faria Lobo, também de Valença do Minho. Foi padrinho António Augusto dos Santos Vilas-Boas, de Esposende, por quem tocou Joaquim António de Figueiredo, tenente de Veteranos nesta cidade; e foi madrinha Nossa Senhora da Apresentação.

Deixo tudo isto aí exposto, para se tirarem as dúvidas acerca da naturalidade de Augusto Soromenho, que alguém supôs haver nascido no Porto; e não falta quem o suponha nascido noutra localidade. (1)

Em 1833, estava em Aveiro Manuel Alvares de Lima, pai de Augusto Soromenho, porque, nesse ano ou pouco antes, havia sido indigitado como adversário do Governo, então estabelecido, e achou prudente refugiar-se aqui e procurar nesta cidade a protecção de alguns correligionários do mesmo Governo. Foi apresentado a Fernando António de Almeida Coelho, ao capitão Joaquim António de Almeida Coelho e a Francisco António de Almeida Coelho, todos irmãos, que tratavam do fornecimento de víveres para os militares do exército de D. Miguel, que se empregavam nas operações entre Oliveira de Azeméis e Águeda. Como o apresentado tinha boa letra, foi por aqueles indivíduos empregado na Repartição dos Assentistas e aí encarregado da escrituração respectiva.

É de crer que ele e sua família houvessem saído de Aveiro logo depois da queda do Governo, cujos soldados, em virtude da intervenção estrangeira, foram obrigados a deporem as armas em Maio do ano seguinte e depois da convenção de Évora-Monte.

Augusto Soromenho (a quem Inocêncio Francisco da Silva chama Seromenho) poderia ser um dos aveirenses e até dos portugueses mais dignos de honrosa fama.

/ pág. 75 / Infelizmente, o seu génio volúvel e altivo e a sua má estrela não lhe permitiram enriquecer a literatura com as obras, que facilmente poderia ter escrito, nem o deixaram ter uma vida tranquila e feliz, nem dar mais provas do muito a que podia chegar o seu talento.

Camilo Castelo Branco, falando deste aveirense no segundo volume do seu Cancioneiro Alegre, diz que nunca viu ninguém com tantas artes para ganhar inimigos e que sacrificava os seus benfeitores àquilo a que a sua consciência chamava Justiça. O mesmo escritor afirma que o havia conhecido ainda muito novo e muito infeliz e, ao que parece, sem protecção nem meios para se vestir e sustentar-se. Era então Augusto Soromenho um ignorado escrevente de um escritório de barreiras, recebendo apenas 240 réis diários, e entretinha-se à noite a ler muitos livros, que obtinha por empréstimo.

Nas horas vagas e nos dias feriados, visitava a Biblioteca de S. Lázaro, no Porto, cujos empregados se admiravam por ele consultar os clássicos e as obras escritas em línguas mortas. Um indivíduo, afecto ao antigo Regime e redactor do Portugal, ali travou com ele relações e o chamou para a redacção do mesmo diário, que se publicava naquela cidade. Mostrou-se então muito defensor dos princípios desse Regime e da dinastia, que o representava, e ao mesmo tempo um fervoroso católico, escrevendo em diversos jornais religiosos, tais como “A Cruz”, “O Cristianismo” e outros, chegando a ser o director de uma publicação periódica, intitulada Bibliotheca Catholica do Seculo X/X.

Então começou a assinar-se: — Augusto Pereira do Vabo e Anhaya Gallego Soromenho. Não sei aonde ele foi buscar o segundo, terceiro e quarto apelidos, como não sei aonde ele foi buscar os de Castro e Pedegache, que também usou. Não faltou quem o censurasse por haver usado tais apelidos, mas Camilo Castelo Branco diz que ele podia justificar-se com autênticos pergaminhos, que provavam que Soromenho descendia de famílias nobres de Castela e do Algarve.

Vê-se que ele deixou os apelidos do lado paterno, para usar os da geração materna. A isso o levaria a vaidade, por a mãe ser prima do conde das Antas e aparentada com a família de apelido Marinho Falcão, de Valença, e com outras, que se ufanavam dos seus pergaminhos. Depois resumiu o nome, assinando-se unicamente Augusto Soromenho. Não passou muito tempo, sem que mudasse de ideias religiosas e políticas, e logo se mostrou adverso ao redactor do “Portugal”, bem como a Salvador Pais, da Pesqueira, que em 1852 e generosamente o protegeu, e o apresentava nas salas da alta sociedade e lhe emprestou os seus cavalos, porque, nesse tempo, era o protegido muito dado aos exercícios da equitação.

Para se mostrar hostil ao redactor do “Portugal”, dera motivo a censura, um tanta áspera e exagerada, que o mesmo fizera a uns versos, de que era autor um amigo de Soromenho. Este achava-se então em Madrid encarregado de estudos paleógrafos e subsidiado pela Academia Real das Ciências. De lá mandou artigos e cartas, em que tratava por epítetos afrontosos o redactor do “Portugal”, que também lhe replicou com artigos não menos insultuosos e com um folhetim intitulado Tu quoque. E assim ficaram cortadas as relações políticas e pessoais entre esses amigos de outrora.

/ pág. 76 /  Para se mostrar hostil a Salvador Pais, bastou que este se houvesse ausentado da pátria e seguisse uma louraça, que poderia ter causado muito escândalo, mas com quem Soromenho nada tinha, como nada tinha com o procedimento daquele seu protector.

Já então Soromenho tinha dado prova de grande talento e habilidade, na “Miscellanea Poética”, revista semanal que só constava de composições métricas e que no Porto se publicou em 1851 e 1852. Aí, nos seus versos, assinava-se Augusto Pereira Soromenho. Nessa revista, que formou dois tomos, colaboraram muitos indivíduos, de ambos os sexos e de méritos variados. Este aveirense escreveu então uns Estudos, a criticar tais méritos, que foram insertos no “Nacional”, também do Porto. Pouco depois esses Estudos formaram um opúsculo, separado, de trinta e uma páginas, e impresso na mesma cidade. Como nem todas as apreciações literárias agradaram aos criticados, muitos deles se tornaram inimigos de Soromenho e não mais com ele quiseram relações.

Ficou por algum tempo, e depois da sua volta de Madrid, vivendo no Porto e em muito lamentáveis circunstâncias, porque não tinha recursos nem os podia obter e seu pai exercia apenas o lugar de director da Alfândega de Vila do Conde, emprego que não seria muito rendoso.

Em 1855 foi impresso no Porto um livro de versos, de que era autor este aveirense e que se intitula Diwan. É hoje obra raríssima e em vão procurei obter um exemplar. Camilo Castelo Branco reproduziu, no mesmo Cancioneiro, um trecho dessa obra, o qual também aqui vou copiar, para que se possa apreciar o talento e o estilo de um mancebo, que não tinha mais de vinte e dois anos. Eis o trecho:

Eu estava ontem de tarde a ler o "Fausto",
Deitado num sofá,
            Quando senti abrir-se a porta e rindo
Entrar o diabo. Olá!

Por aqui é milagre! — Mal tu sabes
O que eu venho pedir.
            Não; decerto. Vejamos — É uma Bíblia.
                        E desatou a rir... 

Uma Bíblia?! Disse eu. — E então que pensas?
                        Não serei eu capaz
            De ler? Não pode haver um literato
                        Chamado Satanás?

/ pág. 77 /

Pode. Aí tens... Mas que buscas? — Eu t'o digo:
                         Estive, há pouco, a ler,
            "O Paraíso" de Milton, e há lá histórias,
                        Que eu não posso saber

Onde as fosse buscar. Conta lá coisas
                        De mim, que eu nem sei;
            E venho ver então se nesta Bíblia
                        Acaso as acharei.

— Duvido. — E tu que lês "O Fausto" de Goethe?
                        Esse foi mais ratão.
            Ao menos teve graça. O Mephistópheles
                        É um grande maganão. 

"O Fausto" é que era um parvo. Assim há muitos!
E tu também o és.
            — Obrigado. — E assentou-se, folheando
                        O livro de Moisés.
Passado tempo, voltei-me, e, que vejo?
                        Deitado sobre o chão
            O bom do Satanás, que adormecera
                        A ler o Salomão!... 

Desculpando o assunto, mas reconhecendo a maneira graciosa, como está tratado, e desculpando algumas faltas de rigor na metrificação, o que decerto foi devido aos verdes anos do autor, ninguém deixará de confessar que esta composição revela um notável mérito.

Soromenho obteve, cerca do mesmo ano, um modesto emprego na Biblioteca do Porto, onde muito se deu ao estudo da nossa história e ao da arqueologia. Escreveu, por isso, muitos artigos avulsos em diversos jornais, especialmente acerca de tais matérias. Também escreveu muitos artigos de crítica literária, e era então por ele esmagado moralmente o que ousasse publicar obra que lhe desagradasse, e especialmente aquela em que descobrisse algum plagiato. E a tal respeito bem poderia apresentar um exemplo, o que não faço para não deslustrar a memória de um amigo, que sempre respeitei, que, há muito, não é do número dos vivos e de quem ainda hoje me lembro com saudades.

/ pág. 78 / Mas pelo facto, a que aludo, sabe-se que Soromenho vivia no Porto em fins de 1857 e nos princípios do ano imediato. Aí se encontrou com Alexandre Herculano, que reconheceu nele um mancebo de muito talento, muito estudioso e já então muito erudito. É de crer que não deixasse de lastimar-lhe a sorte nem deixasse de também lhe reconhecer a má orientação, que até àquela época ele havia seguido. Determinou protegê-lo, torná-lo útil à pátria e às letras e concorrer para que tivesse uma sorte menos desditosa.

Protegido por tão notável escritor, foi Augusto Soromenho para Lisboa e tais provas deu de talento e de saber, que Alexandre Herculano não duvidou afirmar que, na sua falta, o mesmo aveirense poderia ficar incumbido da continuação da história de Portugal. Para tal asserção havia concorrido um facto que muito confirmara a fama do talento de Soromenho.

Quando este ainda estava empregado na Biblioteca do Porto, tais provas deu do aproveitamento dos seus estudos históricos e paleógrafos, que foi escolhido pelo Governo para visitar os cartórios das colegiadas e de alguns mosteiros, para deles extrair os elementos mais úteis para a organização da história pátria.(2)

Por indicação e pedidos de Alexandre Herculano, e pouco depois de sua chegada a Lisboa, deixou a capital e, subsidiado pelo Governo, foi para Madrid estudar Árabe, a fim de melhor poder escrever acerca da origem da nossa Nacionalidade. Em Madrid foi discípulo de D. Pascual de Gayangos, que era eminente no conhecimento da mesma língua.

Soromenho não levou muito tempo a aprendê-la e, logo que voltou, foi encarregado da regência da cadeira de Árabe, no Liceu de Lisboa, a qual estava sendo regida interinamente por António Caetano Pereira, que havia sido discípulo do Padre João de Sousa. Havendo subido ao Ministério, D. Joaquim Alves Martins, bispo de Viseu, suprimiu aquela cadeira.

Soromenho foi sócio correspondente da Academia Real de Ciências e bibliotecário da mesma Academia. Como tal, sucedeu a Alexandre Herculano na confecção da obra Portugaliae Monumenta.

Antes de continuar estes apontamentos biográficos, indicarei um facto que muito caracteriza o génio de Soromenho. Em 11 de Novembro de 1862, faleceu o sr. D. Pedro, chefe supremo da Nação Portuguesa, augusto neto materno do primeiro Imperador do Brasil e que, em 1855, havia subido ao trono sob a denominação de D. Pedro V. Este monarca foi chorado em todo o país e, sem distinção de partidos, ninguém deixou de lamentar a sua morte. Em todas as nações católicas se celebraram exéquias pela sua alma. Em Roma também se celebraram, por ordem da Corte Pontifícia. 

/ pág. 79 / Augusto Soromenho, em 20 de Fevereiro do ano imediato, dirigiu uma carta ao cardeal Antoneli, censurando a Cúria, porque até essa data ainda não se havia executado esse acto religioso. Essa carta foi publicada em diversos jornais e também no “Districto de Aveiro”, de 4 e 7 de Março de 1862. Revela grande erudição e mostra que Soromenho era um homem argumentador e que estava ao facto de muitas doutrinas dos Santos Padres e decisões da Igreja. Revela também o génio exaltado e audaz do seu autor, que bem podia empregar a sua actividade e talento em assuntos mais úteis.

Não foi, por certo, em virtude dessa carta que as exéquias foram celebradas em Roma. Se a carta lá chegou, já então estavam celebradas e o cardeal Antoneli fez o que outro qualquer faria na sua posição. Não respondeu à carta de Soromenho nem indirectamente lhe mandou as causas da demora na celebração das exéquias, as quais, decerto, não podiam deixar de ser muito justificadas.

Por causa da loucura de António Pedro Lopes de Mendonça, vagou, em 1867, a cadeira de Literatura no Curso Superior de Letras. Augusto Soromenho foi concorrente a essa cadeira e para isso fez um brilhante exame e escreveu uma dissertação acerca da origem da Língua Portuguesa, o que lhe granjeou muitos e muito justos elogios.

Em 1872, havendo falecido Luís Augusto Rebelo da Silva, ficou encarregado da regência da cadeira de História no mesmo estabelecimento literário.

Alexandre Herculano, conhecendo-lhe as tendências para estudos históricos, franqueava-lhe os documentos da Torre do Tombo, para lhe servirem de auxílio no que em tais assuntos houvesse de escrever. Soromenho, não podendo contrariar o seu génio altivo e exaltado, teve, passados anos, uma tal pendência com Alexandre Herculano, que este lhe cerrou as portas daquele Arquivo Nacional e o riscou para sempre do número dos seus amigos!

Soromenho também, enquanto esteve em Lisboa e por alguns anos, foi correspondente da Academia de Londres.

O barão de Hubner apreciava muito os escritos e as aptidões deste aveirense para os estudos arqueológicos e por isso, quando em Aljustrel e numas escavações foi encontrada uma tábua de bronze com uma longa inscrição latina, foi de opinião que Soromenho a traduzisse. E assim aconteceu. E o tradutor escreveu a tal respeito uma bem apreciável memória, que foi publicada no “Journal des Savants”. Esse trabalho foi, talvez, uma das maiores provas da aplicação do seu talento e mereceu grandes elogios do romancista Giraut.(3) 

/ pág. 80 /  Em 1865, também Soromenho tivera uma pendência com Inocêncio Francisco da Silva, e contra ele escrevera umas diatribes nos números de 26, 27 e 28 de Junho do “Jornal do Comercio”, às quais respondeu Inocêncio nos números de 1, 4, 9 e 19 de Agosto e de 5 de Setembro daquele jornal e daquele mesmo ano, queixando-se de que nunca por escrito nem vocalmente havia ofendido Soromenho. Dera origem a essa questão uma nova edição do Elucidario de Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, feita sob a direcção do autor do Diccionario Bibliographico e à qual o mesmo autor adicionou algumas notas.

Tinha constantes altercações com os sócios da Academia e ultimamente havia tido uma tão grave pendência com o matemático Daniel Augusto da Silva, que Soromenho teve de pedir a sua demissão, antes que fosse expulso daquele grémio, como já estava proposto.

Augusto Soromenho visitou algumas vezes a sua terra, mas com demora de poucos dias. Em 1875, veio aqui pela última vez, fazendo parte do júri nos exames do Liceu Nacional. Hospedou-se em casa do sr. Dr. Manuel José Mendes Leite, que era então governador civil e que residia na casa da sua quinta do Seixal.

Foi casado com uma senhora portuense, chamada D. Maria da Glória. Do seu consórcio houve um filho, que seguiu a vida militar e de quem não será fácil saber o destino.(4)

Uma cruel doença pulmonar ia-lhe minando a existência e o ia impelindo para a sepultura. E para isso ainda mais concorreram os grandes desgostos, a que dera causa o seu próprio génio.

Augusto Soromenho faleceu em 9 de Janeiro de 1878. “O Ocidente”, revista literária, publicou uma pequena biografia e o retrato deste aveirense. E esse artigo serviu-me de auxílio para o que deixo escrito, assim como o Diccionario Popular, e o Cancioneiro Alegre, de que falei. Também me auxiliaram umas informações, que me enviou o meu bom amigo e estimável conterrâneo, o sr. José Maria Veríssimo de Morais Cabral, a quem cordialmente agradeço tais obséquios.

Soromenho deixou muitos artigos em prosa e verso, espalhados em diversos jornais e de diversas localidades, como deixou inéditos muitos manuscritos. Entre estes e que ele estava para dar à estampa, nota-se um intitulado Caravana de Mortos, que é uma série de biografias de diversos portugueses, especialmente notáveis pelas letras.

Não me parece fora de propósito dar uma notícia sucinta a respeito da genealogia deste aveirense, pelo lado paterno. Manuel Alvares de Lima, pai de Augusto Soromenho, / pág. 81 / nasceu na casa da Seixosa, freguesia de Cristelo Covo, nos subúrbios de Valença. Foi, como disse, director da Alfândega de Vila do Conde, e morreu no Porto, onde exercia um emprego modesto.

Além daquele filho, deixou mais dois, cujos nomes ignoro e que morreram sem descendência.

Tinha cinco irmãs: D. Josefa, D. Quitéria, D. Maria, D. Ana, e D. Germana. As quatro primeiras faleceram solteiras.

A última casou na freguesia de Gondomil, concelho de Valença, com Eugénio Pedereira. Do seu consórcio teve os seguintes filhos: Augusto, falecido em Luanda; António que, depois de ser negociante na mesma cidade africana, faleceu em Lisboa, em 1901; Eduardo (surdo-mudo), falecido no mesmo lugar de Seixosa; Margarida, solteira; Belmira, casada, residente na freguesia de Gondomil; e Angélica, casada e residente, na freguesia de Gondar, no concelho de Vila Nova da Cerveira.

Estas três primas de Augusto Soromenho entregam-se à lavoura e vivem do produto das suas propriedades rústicas.

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(1) - Conta Alberto Pimentel, em Vinte Anos de Vida Literária, que, num encontro casual, Augusto Soromenho o corrigira, dizendo: — "Olhe lá. Você diz no Guia do Viajante no Porto que eu nasci aqui. É engano. Sou de Aveiro, como os mexilhões" (Vd. António Christo em “Litoral”, 13-08-1960, 26-11-1960 e 03-12-1960, e Eduardo Cerqueira, em id., 17-09-1960).

(2) - Em 1 de Maio de 1858, Soromenho esteve no mosteiro de Arouca., onde passou recibo de uma colecção importantíssima de documentos, que levou para Lisboa (Vd. Arquivo do Distrito de Aveiro, IX, 1943, págs. 331 e 340).

(3) - Augusto Soromenho também colaborou nas "Conferências do Casino", anunciadas para tratarem "as grandes questões contemporâneas, religiosas, políticas e sociais, literárias e científicas"; realizaram-se cinco, que decorreram em Lisboa, de 22 de Maio a 19 de Junho de 1871. Em 6 de Junho, o nosso aveirense dissertou sobre A Literatura Portuguesa Contemporânea. Antes dele, já Antero de Quental havia falado, em dois serões, e, depois dele, Eça de Queirós e Adolfo Coelho.

(4) - Também com o nome de Augusto Soromenho. Foi funcionário público, talvez dos Correios., e, ainda muito novo, faleceu em Lisboa, no dia 9 de Maio de 1899. Muito inteligente, publicou diversos trabalhos, entre os quais o Diccionario Chorographico Postal.


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