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N.º 9

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Junho de 1970 

Imprensa Periódica da Vila e Concelho da Feira

Por Roberto Vaz de Oliveira

Licenciado nas Faculdades de Direito e Letras – Secção de

Ciências Histórico-Geográficas – pela Universidade de Coimbra

Continuação do número anterior.

9

COMMERCIO DA FEIRA

Começou a publicar-se em 2 de Janeiro de 1902 e teve o seu termo em 13 de Fevereiro de 1908, com o número 320.

Era distribuído às quintas-feiras, com o formato de 0,48 a 0,49 x 0,33, com quatro páginas, a cinco colunas cada.

Usou diversos tipos no seu título: um no primeiro número, provisório, por ter faltado o que havia sido encomendado e que já foi utilizado no número dois, mantendo-se até ao 52 de 25 de Dezembro de 1902 e, finalmente, outro desde o número seguinte até ao último.

O jornal começou a distribuir-se, a partir do número 94 de 15 de Outubro de 1903, em formato maior e mais desenvolvido nas suas secções.

Teve a sua redacção e a sede da administração na rua Direita (hoje do Dr. Roberto Alves), nos números 42 e 60.

Imprimiu-se na já falada tipografia municipal, mas, a partir do número 90 de 17 de Setembro de 1903, em tipografia própria do jornal, em prelo inglês, que adquiriu com o tipo necessário para a sua composição em formato maior (0,49): em 15 de Outubro de 1903, em folha separada, anuncia aquela aquisição e que, devido aos trabalhos de instalação das suas oficinas de tipografia, só então podia fazer distribuir os números em atraso, no antigo formato.

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O seu director político foi o Dr. Eduardo Vaz de Oliveira, que nasceu na Casa das Ribas, além do Castelo, desta Vila da Feira, em 17 de Julho de 1867, onde faleceu a 7 de Agosto de 1920.

Era filho do grande advogado, desta mesma Vila, Dr. Joaquim Vaz de Oliveira e de sua mulher D. Libânia Amélia Vaz de Almeida Teixeira.

Casou com D. Madalena de Sousa Vaz Borges de Castro, filha do Dr. Roberto Alves de Sousa Ferreira, que foi distinto advogado e professor catedrático da Universidade do Porto e de sua mulher D. Emília Henriqueta Bandeira de Castro e Sousa Ferreira.

Bacharel – formado na faculdade de Direito, pela Universidade de Coimbra, em 1890, exerceu, com brilho, a advocacia, nesta Vila da Feira, até ao seu falecimento.

Fez parte do partido regenerador, mas após a cisão aberta pelo conselheiro João Franco, de que resultou a constituição do partido regenerador-liberal, acompanhou este, como chefe político do partido neste concelho, tendo abandonado a actividade política em 1903, quando do regicídio e da queda do governo da chefia do mesmo estadista, mantendo-se sempre fiel à causa monárquica.

Foi vice-presidente da Câmara Municipal da Feira, no exercício de 1893-97, tendo sido licenciado, a seu pedido, em Outubro de 1896; em 2 de Janeiro de 1908 tomou posse da presidência da Comissão Administrativa da mesma Câmara, cargo que deixou de exercer em Fevereiro desse ano.

Em 1902, fez parte do Conselho Distrital d'Agricultura e, em sessão do Conselho dos Monumentos Nacionais de 13 de Janeiro de 1910, foi nomeado seu vogal correspondente «em atenção aos seus merecimentos e zelo pelas obras d'arte e antiguidades pátrias».

Dedicado defensor dos direitos e interesses do concelho e da comarca da Feira, destacou-se, de modo notável, na campanha de que resultou a criação do concelho de Espinho.

O «Commercio da Feira», a princípio, teve, como editor e proprietário, Manuel da Cunha Sampaio, irmão da viscondessa do Reboleiro mas, a partir do número 24 / 66 / de 12 de Junho de 1902, passou a ser seu editor e proprietário Bernardo Leite Fernandes, por cedência que lhe foi feita por aquele Sampaio, por escritura de 10 de Junho desse ano de 1902.

Desde o número 94 de 15 de Outubro de 1903, até ao 97 de 5 de Novembro seguinte, figura como editor, proprietário e administrador – Virgílio Ribeiro, voltando, a partir do número 98 de 12 do mesmo mês, a aparecer como editor, proprietário e administrador, o mencionado Bernardo Leite Fernandes, o que se manteve até ao número 277 de 18 de Abril de 1907: a partir do número seguinte, até final, figura como director e proprietário, o Dr. Eduardo Vaz.

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Aquele Virgílio Ribeiro (Virgílio Apenseler Ribeiro) era filho de Manuel José da Silva Ribeiro, (fundador e proprietário do «Jornal da Feira»): fez profissão do jornalismo, tendo fundado, depois de ter servido no «Commercio da Feira», os jornais desta vila, que adiante serão referidos, – «Brinco» – «Informador» – e «Notícias».

Oportunamente será referido, com maior desenvolvimento.

O «Commercio da Feira», muito combativo, fundou-se e manteve-se para defender a política do referido partido regenerador-liberal, do qual foi órgão no / 67 / Concelho da Feira e, ainda, para defender os interesses deste concelho, sua sede e comarca.

Sempre na mesma orientação política, denominou-se a princípio «Regenerador-Franquista» e, a partir do número 72 de 21 de Maio de 1903, «Regenerador-Liberal», designação que não alterou até ao fim da sua publicação.

Teve muitos e bons colaboradores, destacando-se, entre eles: o Dr. José Júlio Gonçalves Coelho, nomeadamente com o seu erudito trabalho sobre o Castelo da Feira, do qual publicou, em folhetim, a sua segunda parte; Moura Guimarães, com seus versos e trabalhos em prosa, além das suas crónicas do Porto e de outras terras do país; José Cândido Marques de Azevedo, com seus versos e Luís Augusto da Silva Canedo, da casa das Regadas, da freguesia de Sanfins, deste concelho.

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Dr. Eduardo Vaz de Oliveira.
Director do "Commercio da Feira"

Publicou muitos artigos sobre a história da Feira, seu Castelo, das Terras da Feira e de Santa Maria, tudo com transcrição de muitos documentos, além da correspondência de Lisboa, Porto e outras localidades do país, secções muito variadas e desenvolvidas, como – informações, literatura, agricultura, floricultura, arboricultura, culinária e vida mundana, política e social, que se estendeu a tempos recuados do século passado.

Como já dissemos, no seu número 33 de 14 de Agosto de 1902, publicou uma resenha, com breve informação, dos jornais que, até então, se tinham publicado na Vila da Feira – intitulada «Imprensa jornalística na Vila da Feira», finalizando por dizer, o que se lembra pela sua actualidade – «talvez que ainda um dia tenham préstimo as informações que aqui deixamos constatadas». E assim aconteceu.

A este jornal referem-se o Dr. Zagalo dos Santos e A. Carneiro da Silva, nos seus já citados trabalhos publicados no Arquivo do Distrito de Aveiro – volume 9.º, respectivamente, a fls. 157 e 197.

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Naquele diz-se que o «Commercio da Feira» se publicou nos anos de 1907 e 1908; é equívoco, pois, como já disse, ele iniciou a sua publicação em 1902 e perdurou até 1908. / 68 /

O «Commercio da Feira» tinha uma apresentação agradável e era bem impresso.

Deste jornal tenho uma colecção completa, no meu arquivo, existindo muitos números na Biblioteca Municipal, desta Vila.


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PROGRESSO DA FElRA

Começou a sua publicação em 17 de Julho de 1904 e manteve-se até ao número 812 de 28 de Março de 1920.

Saía aos domingos: o seu formato era de 0,51 x 0,35 tendo quatro páginas, com cinco colunas cada uma.

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A princípio imprimia-se na tipografia municipal por o seu administrador, Domingos Augusto de Sousa, a ter arrendado dando, assim, lugar a que o «Jornal da Feira» cessasse a sua publicação, como já referimos.

A sua redacção e administração era na farmácia Sousa – na Rua Direita (hoje do Dr. Roberto Alves) que era propriedade daquele, farmácia que ainda hoje existe como pertença dos seus descendentes: a sua impressão fazia-se na tipografia municipal na praça Velha (hoje da Dr. Gaspar Moreira).

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Domingos Augusto de Sousa.
Director do «Progresso da Feira»

Domingos Augusto de Sousa foi, aparentemente, o fundador do jornal, mas, de facto, ele foi fundado pelas pessoas que então se destacavam, neste concelho, no partido progressista. Aquele é enunciado, no primeiro número, como administrador, sem se dizer quem era o proprietário; só no número 104 de 8 de Julho de 1906 é que se dá conhecimento que ele era o seu proprietário e administrador, o que ainda se mantinha no número 245 de 21 de Março de 1909.

Mais tarde, também assumiu a responsabilidade de editor, posição que ainda conservava no número 328 de 23 de Outubro de 1910.

Até ao número 19 de 20 de Novembro de 1904, figura, como editor do jornal, Manuel Maria Correia de Sá, proprietário e alfaiate do lugar da Lameira, desta vila, conhecido pelo Flora.

A partir do número 20 de 27 de Novembro de 1904, assume a direcção política do jornal o já referenciado (aquando do estudo do «Jornal da Feira», do qual também / 69 / foi director) Dr. João Pereira de Magalhães, que a partir do número 147 de 5 de Maio de 1907 já se apresenta como director do «Progresso», sem qualquer restrição: foi casado com D. Adelina Alves de Amorim.

Desde o número 104 de 8 de Julho de 1906, surge como redactor principal Domingos de Castro, de Táboa, que se manteve nessa posição até ao número 327 de 16 de Outubro de 1910; no número seguinte aparece substituído por Dr. Adolfo A. da Conceição, que foi advogado nesta Vila, cargo que ainda mantinha no número 380 de 22 de Outubro de 1911.

No número 768 de 20 de Abril de 1919, Domingos Augusto de Sousa já se intitulava director, proprietário, administrador e editor.

Quando o jornal, em consequência de ter sido suspenso, por motivos políticos, em 1916, teve de sair sob o título «A Feira», no seu número um de 31 de Dezembro daquele ano de 1916 – Domingos de Sousa intitulava-se redactor principal, proprietário e administrador, sendo editor Júlio Pinto. No número 750 de 22 de Dezembro de 1918, reaparece o Dr. João de Magalhães (advogado) como director do jornal, mantendo-se Domingos de Sousa como seu administrador e editor.

Domingos Augusto de Sousa nasceu em Braga em 26 de Janeiro de 1874, sendo filho de Manuel da Silva e Sousa e de Maria do Patrocínio Gomes de Sousa. Veio para esta vila em novo, comprando a farmácia Rocha, que estava instalada na mesma rua Direita, no prédio que hoje pertence a D. Adelaide Valente, estabelecimento que transferiu, em Novembro de 1899, para a casa de José Fernandes Pinho, defronte da Igreja Matriz, de onde foi mudado, mais tarde, para o local onde hoje ainda existe: nela exerceu a profissão de farmacêutico até ao seu falecimento em 24 de Janeiro de 1924.

Casou em 1904, nesta vila, com D. Adelina Amália Correia Alves, filha de Francisco Plácido Alves, tendo deste casamento dois filhos: Dr. Domingos Caetano de Sousa, distinto médico nesta vila, onde é subdelegado de saúde, médico municipal e provedor da Santa Casa da Misericórdia, antigo e muito ilustre presidente da Câmara Municipal da Feira, casado com D. Cacilda Nery de Oliveira e Sousa; D. Maria Felicidade de Sousa Alves Moreira, casada com Júlio Alves Moreira, antigo tesoureiro e chefe dos serviços municipalizados da mesma Câmara, que foi director do Jornal «Tradição», que adiante será referido.

Domingos Augusto de Sousa, de fino trato, foi um vulto muito distinguido no meio social e político da Feira, onde exerceu a sua actividade de farmacêutico, com muita proficiência e probidade profissional. / 70 /

A sua farmácia era o ponto de reunião dos progressistas e, mais tarde, dos principais vultos da direita quer monárquicos, quer republicanos.

Foi vereador substituto da Câmara Municipal da Feira, no exercício de 1902-1904.

O «Progresso da Feira», como dissemos, fundou-se para defender a política do partido progressista, como seu órgão no concelho da Feira, continuando a posição assumida pelo «Jornal da Feira»: justificou a sua publicação pela necessidade que o partido tinha de ter, na imprensa concelhia, um órgão que fosse propriedade sua.

Assim se conservou até à proclamação da república: a partir de então, extinto aquele partido, passou a designar-se «Semanário Independente», mas manteve, até à sua extinção, simpatia pela causa monárquica.

No seu primeiro número esclareceu a sua orientação, nos seguintes termos: «Politicamente o caminho está traçado e definido: acompanhar com a maior dedicação e lealdade o partido de que vem ser órgão local, vivendo a sua vida, gosando com os seus triumphos e acompanhando-o nas horas d'amargura, sem excluir nunca a verdade e a justiça, como lemma primário da sua norma de conduta: sob o ponto de vista local «Progresso da Feira», como o seu título o indica, envidará todos os seus esforços em favor do progresso material e moral do concelho da Feira...»

Em Dezembro de 1916, por motivos políticos, foi ordenada superiormente a sua suspensão, do que resultou já não sair o número do dia 17.

Em 31 de Dezembro seguinte saiu, em sua substituição «A Feira», o que se manteve até 4 de Fevereiro do ano de 1917.


Na sua apresentação, insurge-se contra a falta de liberdade de imprensa e comenta: «As armas que traçamos são as da Razão, do Direito e da Justiça, aquellas que sempre temos brandido e com as quaes hemos de morrer como em português antigo soie dizer-se. Ellas só podem incomodar aquelles que de qualquer destas tres virtudes, estejam, porventura, divorciados. As outras são armas prohibidas visto que representam o arbitrio, a violência e a expoliação Repudiamo-Ias».

Foram principais colaboradores do «Progresso da Feira», entre outros, o seu director Dr. João Pereira de Magalhães, Dr. Gaspar Alves Moreira, Padre Alexandre Milheiro, que foi pároco das freguesias de Travanca e Souto, deste concelho, com suas «notas a esmo» e outros valiosos e muito interessantes artigos literários e de polémica, o erudito padre Augusto Oliveira Pinto, pároco de S. Vicente Pereira, Dr. Crispim Teixeira Borges de Castro, José Cândido Marques de Azevedo, conselheiro José Pinheiro Mourisca Júnior e conselheiro padre Manuel de Oliveira Costa, chefe local do partido progressista durante muitos anos e presidente da Câmara Municipal da Feira, em sucessivos exercícios.

Também colaborou o Padre Arêde (número 750 de 22 de Dezembro de 1918 e seguintes).

A este jornal referem-se, igualmente, o Dr. Zagalo dos Santos e A. Carneiro da Silva, no citado volume 9.º do Arquivo do Distrito de Aveiro, respectivamente, a fls. 157 e 297, nada adiantando ao que já fica referido.

Além da sua principal característica de jornal político, também era muito noticioso, com diversas crónicas, secções reservadas à vida mundana, literatura e história, com correspondência de diversas localidades.

Tinha bom aspecto gráfico e uma apresentação agradável.

Juntamente com o «Correio da Feira» e o «Commercio da Feira», representaram, na primeira década deste século (vindo o «Correio da Feira» já da última década do século findo) e até à proclamação da república, os principais partidos da monarquia, respectivamente, o progressista, regenerador e regenerador-liberal (franquista), aos quais, no fim da década, se associou a «Gazeta Feirense» também regenerador e o «Notícias da Feira», dissidente ou alpoinista.

Viveram e reflectiram, nos seus vibrantes e agressivos escritos, uma época em que as lutas políticas atingiram um grau elevado de violência e intransigência.

Tenho em meu poder alguns números do «Progresso da Feira»: outros existem na Biblioteca Municipal da Feira e, ainda embora poucos, na Nacional de Lisboa.

 

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O BRINCO

Não me foi possível ver qualquer número deste jornal, apesar dos esforços feitos: possivelmente já nenhum existe.

Contudo, verifiquei que teve o seu início em fins de 1907, ou princípios de 1908, porque o «Commercio da Feira», no seu número 310 de 5 de Dezembro, daquele ano de 1907, anuncia «Brevemente sahirá à luz da publicidade um jornal intitulado – o Brinco – publicação humoristica e literária».

Informa, também, que a edição é da «Agência Elucidativa de Virgílio Apenseler Ribeiro» e que a sua publicação teria lugar aos domingos.

Outro esclarecimento consegui através do «Correio da Feira»: no seu número 563 de 18 de Janeiro de 1908, informa que, no dia seguinte, um domingo, «contará 3 números um jornalsinho que há três semanas nasceu / 71 / na Feira», intitulando-se – «O Brinco», da direcção de Virgílio Apenseler Ribeiro, filho do iniciador da imprensa periódica entre nós e propõe-se a humorismo e literatices».

Continuando, esclarece, com muita utilidade, para estes trabalho: «O jornalsinho, assim no diminuitivo porque é de diminutas dimensões, merece as nossas boas vindas, sobretudo porque denota o esforço de uma vontade e a vontade de um artista. O dizer-se que «O Brinco» é feito em prelo de madeira delineado pelo pae do director, é o mesmo que, elogiando o pae, fazer votos pelo futuro do filho...».

Se o jornal saiu com regularidade, temos que concluir que teve o seu início no domingo 5 de Janeiro de 1908 e que, pelo menos, foram publicados dois números.

Como o jornal que lhe sucedeu – «Informador» (também dirigido pelo Virgílio Ribeiro) deve ter iniciado a sua publicação em Março de 1908, como adiante se pretende demonstrar, o «Brinco» deve ter acabado nos fins de Janeiro ou em Fevereiro de 1908 – a não ser que tivesse coexistido com o «Informador», o que não é provável.

Virgílio Apenseler Ribeiro era filho do já falado Manuel José da Silva Ribeiro, que foi o fundador e proprietário do «Jornal da Feira» e de sua mulher D. Maria do Vale Pinto de Moura.

Nasceu na Vila da Feira, em 26 de Dezembro de 1881, tendo casado com D. Alice Carmina de Sousa Lima de Azevedo Sanhudo Mendonça de Vasconcelos Ribeiro: deste casamento houve, pelo menos, dois filhos – Mário Virgílio Apenseler Ribeiro e A. Vasconcelos Ribeiro, este actualmente funcionário na Marinha Grande.

Ambos têm colaborado com seus escritos, em diversos jornais regionais e desportivos.

Virgílio Ribeiro – que, nesta vila, dirigiu este jornal e ainda o «Informador» e deu início ao «Notícias da Feira» foi, depois, para Cortegaça, concelho de Ovar, montando aí, uma tipografia onde se imprimia um jornal, do qual saíram poucos números: seguiu depois para Viana do Castelo, onde casou. Mais tarde fixou-se na vila da Marinha Grande, falecendo em Coimbra em 8 de Novembro de 1939.

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Virgílio Apenseler Ribeiro
Director do "Informador"

Segundo me disse Francisco Vicente da Costa Neves, os principais colaboradores deste pequeno jornal foram Manuel Soares Vila Nova, filho do escrivão notário que foi desta vila, António Soares Vila Nova e Alberto Ferreira Monte Santos, já referido neste trabalho.

O Dr. Zagalo dos Santos – no seu livro «Ovar na literatura e na Arte» informa que existiu em Ovar um periódico denominado «Correio de Ovar» com a seguinte anotação «orgão dos interesses do concelho, disia ser. Foi redigida por Virgílio A. Ribeiro, Manuel Augusto da Silva Cordeiro e Manuel José da Silva Ribeiro. Foi composto e impresso na Tipografia Liberal, que pouco antes se instalara aqui, vinda da Vila da Feira. Em 25 de Dezembro de 1912 saiu o primeiro número, o segundo em 5 de Janeiro seguinte e d'aí por diante, até 12 de Maio, passou a sair semanalmente».

Zagalo dos Santos também se refere a este jornal no seu já citado trabalho publicado no Arquivo do Distrito de Aveiro – Volume 9.º a fls. 149 – mas dá, como seu termo, 5 de Janeiro de 1913.

Naturalmente, ao tempo em que foi para Cortegaça é que fez parte, juntamente com aquele Manuel José da Silva Ribeiro, seu pai, da redacção de «O Correio de Ovar».

 

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INFORMADOR

Não consegui ver o primeiro número, mas apurei através do «Correio da Feira», a data aproximada em que este jornal iniciou a sua publicação, pois diz no número 526 de 4 de Maio de 1907: – «O Informador – / 72 / Em tipografia própria, começou a publicar-se n'esta vila este quinzenário: dirigido pelo sr. Virgílio Apenseler Ribeiro e que, conforme o seu título, tem em vista informar os Sócios da Agência Elucidativa de que o mesmo sr. Ribeiro é proprietário».

Teve o seu termo em 17 de Fevereiro de 1909, com o número 48.

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Começou como quinzenário passando, depois, para semanário. Quando era semanário saía às sextas-feiras, como vi no referido número 21: ainda assim se mantinha no número 41 de 1 de Janeiro de 1909. Tinha quatro páginas, cada uma com quatro colunas: o seu formato era de 0,465 x 0,305.

Foi seu director e administrador o já aludido Virgílio Apenseler Ribeiro, cabendo a propriedade à Agência que lhe pertencia denominada Elucidativa; teve a sua redacção, tipografia e sede da administração, no largo da Misericórdia número 162, desta Vila da Feira.

A princípio o jornal teve natureza meramente informativa, tendo-se orientado, depois, pela política do partido dissidente ou alpoinista.

Em sua substituição nasceu o «Notícias da Feira» que também acompanhou este partido, do qual veio a ser órgão no concelho da Feira.

O «Informador» esclarece a sua posição e a do jornal que lhe sucedeu, no seu referido e último número 48 de 17 de Fevereiro de 1909. «Com este número termina o Informador a sua publicação. Em sua substituição, porém, aparece o Notícias da Feira... é como que o continuador de o Informador; mas com praça assente em um partido político definido, partido cujos princípios defenderá com toda a fé, com toda a esperança na crença sinceríssima de que da sua nobre acção nos negócios nacionais, dias de prosperidade advirão para o nosso querido paiz... Demais já o informador se havia alistado nas fileiras da dissidência».

Alguns dos seus números estão na Biblioteca Municipal da Feira.

O «Informador» tinha várias secções, como informação, política, literatura e sociedade.

O Dr. Zagalo dos Santos, no seu já referido trabalho, diz que este jornal se publicou desde 9 de Agosto / 73 / de 1907 a 12 de Fevereiro de 1909 sendo a princípio quinzenário e depois semanário: como já anotámos equivocou-se quanto à data do início e do termo da publicação deste jornal.

13

GAZETA FEIRENSE

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Começou a publicar-se em 23 de Novembro de 1908, dia em que a Vila da Feira foi visitada por EI-Rei D. Manuel II, aquando da inauguração do Caminho-de-Ferro do Vale do Vouga, troço de Espinho a Oliveira de Azeméis.

Não encontrei o último número: porém «O Correio da Feira», no número 745 de 28 de Outubro de 1911, noticiou que a «Gazeta Feirense» havia cessado a sua publicação.

Era semanário e saía às segundas-feiras, com quatro páginas, a quatro colunas cada, no formato de 0,51 x 0,35.

No número 50 de 1 de Novembro de 1909, o seu cabeçalho sofreu uma leve alteração, imprimindo-se em letras mais pequenas o nome do seu proprietário e a designação da sua orientação política.

Aquele cabeçalho era interessante, sendo um dos mais curiosos entre o de todos os jornais publicados nesta vila.

O seu título aparece envolvido, no seu lado esquerdo, pela reprodução do Castelo a sobressair de um maciço de árvores e, no seu lado direito, por uma vista do centro da vila.

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Dr. Henrique Vaz de Andrade Basto Ferreira, Director da «Gazeta Feirense». Reprodução do quadro a óleo da autoria de Pedro Salgado, existente no Museu-Biblioteca da Feira.

Tinha a sua redacção, administração e oficinas, nesta vila, nas Eiras n.º 182.

No seu primeiro número figura como proprietário Vaz Ferreira (Dr. Henrique Vaz de Andrade Basto Ferreira) e como director o já mencionado Pinto Valente (Joaquim José Pinto Valente).

No número 1041 de 14 de Novembro de 1910 já o Dr. Vaz Ferreira não aparece como proprietário, mas apenas como fundador, sendo a propriedade atribuída à Empresa do periódico «Gazeta Feirense».

Pinto Valente passa, então, a director-editor, mas, no número 120 de 6 de Março seguinte, já ele figura como proprietário director e editor.

A divergência de orientação, que está na base destas transformações, foi denunciada no número seguinte de 13 de Março: – «A pedido do sr. dr. Vaz Ferreira, / 74 / declaramos que s. ex.ª nada tem com a orientação da Gazeta Feirense desde o começo do seu terceiro ano, e que, desde essa epocha, só temos publicado daquele nosso presado amigo, artigos assignados. A orientação deste semanário é dictada exclusivamente pelo seu director».

Esclarece-se que o 3.º ano teve início em 21 de Novembro de 1910, com o número 105.

Mais tarde, o que já se vê no número 153 de 23 de Outubro de 1911, desapareceu do cabeçalho do jornal qualquer referência ao Dr. Vaz Ferreira, mantendo-se Pinto Valente, como director, proprietário e editor, o que sucedeu até acabar a sua publicação em Outubro de 1911 («Correio da Feira» n.º 745 de 23 de Outubro de 1911).

O Dr. Vaz Ferreira fez publicar, no «Correio da Feira» n.º 741 de 30 de Setembro 1911, a carta enviada à «Gazeta Feirense», exigindo a retirada do seu nome do cabeçalho do jornal: nela diz «ao fundar a Gazeta Feirense – nunca pensei que ela se viesse a transformar em instrumento de reacção clerical; nem ao fundá-Ia, nem quando n'elle escrevi no 1.º de Novembro de 1909 – Somos Liberais. Antes iremos com os republicanos do que transigeremos com a reacção – e isto por ha muito desaprovar a orientação do jornal, nomeadamente em resultado de determinada notícia publicada em número que ele recebera no próprio dia em que enviou aquela carta (26 de Setembro de 1911).

Completando a referência que já fizemos a Joaquim José Pinto Valente, quando estudámos o «Correio da Feira», esclarece-se que ele nasceu em 9 de Maio de 1871, nesta vila, onde casou com D. Margarida Godinho d'Oliveira Valente tendo falecido, em Angra do Heroísmo, em 14 de Setembro de 1927: foi administrador do concelho da Feira, de Março a Maio de 1906 e de Julho a Outubro de 1910.

O Dr. Henrique Vaz de Andrade Basto Ferreira nasceu na Vila da Feira, a 18 de Janeiro de 1868.

Era filho do Dr. Henrique Ferreira e de sua mulher D. Maria Adelaide Vaz de Oliveira Ferreira. Bacharel formado em Direito, pela Universidade de Coimbra, foi advogado distinto e contador judicial em Lisboa, deputado, Governador Civil de Aveiro, por duas vezes e / 75 / vigoroso jornalista, fazendo parte, com Melo Barreto e Marques Ferreira, da redacção do «Jornal do Norte», dirigido pelo jornalista Santa Rita.

Foi fundador da «Gazeta Forense», da «Procural» e desta «Gazeta Feirense», tendo sido iniciador da Caixa de Aposentações do Ministério da Justiça.

Romancista, consagrando-se com a publicação de muitas obras literárias, entre as quais se destacam os «Senhores do Marnel», era dotado de uma viva inteligência e grande adaptação a muitos e diversos trabalhos. Distinguiu-se ainda, como presidente da Comissão de Vigilância pela Guarda e Conservação do Castelo da Feira, e como director do Museu Biblioteca da Câmara Municipal da Feira.

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Joaquim José Pinto Valente
Director da «Gazeta Feirense».

Colaborador distinto de vários jornais e revistas, da Feira e de outras localidades, merecem especial referência as suas crónicas e artigos para o «Correio da Feira», que designou por «Ferro-Velho»; para o «Povo Feirense» – «Ferro Velho», «Dois contos por mês» e para o «Arquivo do Distrito de Aveiro».

Dedicou-se, em especial, à defesa e propaganda do Castelo da Feira que, assim como a sua terra natal, muito lhe ficaram a dever.

Foram-lhe prestadas, como prova de consideração e gratidão, três homenagens: uma em 8 de Agosto de 1929, outra em 6 de Outubro de 1940 e finalmente outra em 1 de Junho de 1943, esta por iniciativa da Câmara Municipal da Feira, quando lhe atribuiu a medalha de oiro do Mérito Municipal, ao completar setenta e cinco anos de idade, em reconhecimento dos seus méritos e serviços prestados à Feira e ao seu Castelo.

Faleceu, na Vila da Feira, a 14 de Março de 1961. Casou, pela primeira vez, com D. Maria Luísa de Morais Carvalho e, pela segunda, com D. Maria Emília de Abreu Castelo-Branco.

Como já dissemos, ao estudar o «Correio da Feira» – a «Gazeta Feirense», a que popularmente chamavam «A Zefa» – por alcunha que lhe foi dada por José Bernardo Coimbra – iniciou a sua publicação em resultado de divergências que se suscitaram, dentro do partido regenerador, após a morte do conselheiro Hintze Ribeiro, vindo o «Correio da Feira» a seguir a facção da direita daquele partido, enquanto a «Gazeta Feirense» seguiu a da esquerda, do que resultou, nos últimos tempos do partido, aquele seguir o conselheiro Campos Henriques e este o conselheiro Teixeira de Sousa, lutando ambos estes jornais pela primazia na representação do partido, neste concelho.

A «Gazeta Feirense», no seu primeiro número não enuncia, no cabeçalho, a sua orientação política que, em artigo de fundo, concretiza nos seguintes termos: «Regeneradores de sempre, sem desfalecimentos, nem tibiezas... servindo sempre a bandeira onde o inolvidável chefe que foi Hintze Ribeiro deixou gravado o lema: conservadores sim, mas antes de tudo liberaes», concluindo – «conhecendo a situação especialissima do districto de Aveiro, somos forçados a pautar por elle a nossa orientação e a afastar-nos systemática e intransigentemente de accordos, conluios, concentrações ou allianças com o partido progressista. Antagonistas irreconciliáveis, só três unicas batalhas podemos pleitear lado a lado na defesa da pátria, em favor da monarchia, e em prol da integridade, dos brios e dos interesses desta querida terra onde nos orgulhamos de ter nascido».

Porém, no seu número 50 de 1 de Novembro de 1909, já diz em letras grandes – «A Gazeta Feirense» é o único órgão do partido regenerador no concelho da Feira», para no 64 de 7 de Fevereiro de 1910 se limitar ao título do «órgão do partido regenerador no concelho da Feira».

Entretanto, o «Correio da Feira» mantinha a posição de «órgão do partido regenerador e dos interesses do concelho da Feira», o que é curioso e foi inédito nesta vila e concelho e, por certo, pouco vulgar no país: dois jornais que se arrogavam e na mesma terra, à posição de órgão do mesmo partido.

No número 99 de 10 de Outubro desse ano diz: «É sincera e ardentemente que acompanhamos a nascente republica».

E assim perdurou mais uns meses, até à sua extinção, que o «Correio da Feira» comentou: «Deixou de existir o semanário que tinha publicação n'esta localidade, Gazeta Feirense, a Zefa de triste memória, trasido á luz em 1908 com o propósito de suplantar o – «Correio da Feira» – Que a terra lhe seja leve».

A este jornal também se referiu o Dr. Zagalo dos Santos, no seu já citado trabalho publicado no Arquivo do Distrito de Aveiro, nada adiantando ao que deixamos dito.

«A Gazeta da Feira» teve uma apresentação gráfica agradável, com vários e bons colaboradores, além do Dr. Vaz Ferreira, com seus artigos políticos e versos, e Pinto Valente.

Foi um jornal muito combativo, politicamente, com noticiário do concelho e diversas informações.

Existem muitos números deste jornal na Biblioteca Municipal da Feira.

14

NOTÍCIAS DA FEIRA

Começou a publicar-se em 6 de Março de 1909: acabou, com o n.º 142, em 1 de Dezembro de 1911. / 76 /

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Nele anuncia a sua suspensão, que correspondeu ao seu fim, nos seguintes termos: «Como o nosso jornal tem sido impresso numa typographia extranha e por não poder fazer a tempo e horas a impressão e a distribuição do mesmo, resolvemos suspender temporáriamente a sua publicação até termos machina para a impressão do mesmo e vejamos resolvida a questão dos anúncios judiciais... porque sem anúncios judiciais não pode viver a imprensa da provincia como por todos é sabido».

O primeiro número saiu a um sábado; o segundo, até ao 39 de 26 de Novembro (inclusive), às quintas-feiras e, a partir do número seguinte até final, às sextas-feiras.

Tinha quatro páginas, com cinco colunas cada uma e o formato de 0,51 x 0,35.

Compunha-se e imprimia-se no largo da Misericórdia n.º 162, desta vila, onde estava instalada a redacção e administração, mas em 2 de Setembro de 1910 (número 78) já se imprimia na tipografia municipal, na Praça Velha.

A propriedade do jornal pertencia à Empresa do «Notícias da Feira».

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José Cândido Marques de Azevedo
Director do «Notícias da Feira»

Foi seu director e editor José Cândido Marques de Azevedo, administrador Virgílio A. Ribeiro e editor José Alves Correia.

José Cândido Marques de Azevedo nasceu em Barcelos em 25 de Janeiro de 1863, sendo filho do escrivão de direito d'aí, Domingos Miguel de Azevedo e de sua mulher D. Mariana Cândida Marques da Costa Freitas: casou com D. Josefina da Silva Campos Marques de Azevedo, de Viana do Castelo.

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Foi um dos fundadores do jornal «Comercio de Barcelos» do qual foi seu primeiro redactor-principal; quando este periódico entrou no ano 13, com o seu número 626 de 2 de Março de 1902, prestou homenagem aos seus fundadores, dizendo sobre o valor e actividade de José Cândido Marques de Azevedo: «Em os primeiros tempos elle escrevia em todas as secções, elle fazia revisões, elle tinha a seu cargo a administração e era verdadeiramente incansável. Na colecção deste / 77 / semanário encontram-se várias produções litterarias, em prosa e em verso, de muito merecimento e que mostram bem o valor intellectual de José de Azevedo».

Dr. António Toscano Soares Barbosa Júnior
Director do «Notícias da Feira»

Em 24 de Maio de 1891 tomou posse do cargo de escrivão-substituto do 2.º ofício do tribunal desta comarca da Feira, com provimento definitivo em 1893.

Quando da criação do concelho de Espinho, em virtude de ter acompanhado, com muita dedicação, o movimento de oposição, feito pelos feirenses, ao desmembramento do concelho, foi transferido para igual cargo em Ponte da Barca, sendo, mais tarde, reintegrado no seu antigo cargo de escrivão-notário nesta Vila da Feira, do qual tomou posse em 20 de Novembro de 1900 e onde se manteve, até ao seu falecimento, em 18 de Outubro de 1899. Pouco tempo depois de estar em Ponte da Barca foi nomeado administrador do concelho de Vieira; exerceu idêntico cargo no concelho da Feira, de 17 de Junho de 1911 a 15 de Maio de 1915 e desde 20 de Abril de 1922 a 28 de Novembro de 1923.

Era muito culto, escrevendo com elegância e mérito, quer em prosa, quer em verso, deixando muitos dos seus escritos dispersos por numerosos jornais, entre os quais se conta este, de que era director, «Correio da Feira», «Commercio da Feira» e «Democrata Feirense».

Militou no partido progressista e, depois da dissidência do conselheiro Dr. José Maria de Alpoim, seguiu este estadista.

Depois da proclamação da república aderiu ao partido democrático.

Distinguiu-se muito entre os actores-amadores de teatro desta vila, tendo feito parte do seu grupo dramático, quer como actor, quer como ensaiador.

Faleceu, nesta vila, em 16 de Março de 1927.

A partir do número 120 de 30 de Julho de 1911, aparece como director e editor o Dr. António Toscano Soares Barbosa Júnior.

Nasceu na freguesia de Travanca, deste concelho da Feira, em 6 de Dezembro de 1860: era filho de António Toscano Soares Barbosa e de sua mulher D. Maria Carolina de Almeida Teixeira, tendo casado com D. Maria do Patrocínio Domingues. Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1885, foi Delegado do Procurador Régio nos Açores, Miranda do Douro e Oliveira do Hospital e contador no tribunal da comarca da Feira, substituindo seu pai: foi o primeiro conservador do registo civil da Feira.

Ocupou o lugar de vice-presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal da Feira em 1910 e vogal da mesma em 1911.

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De inteligência excepcional e muito arguto, o Dr. Toscano escrevia e falava com notável brilho e invulgar espírito, pelo que é lembrado com muita saudade, admiração e respeito. / 78 / Faleceu, na Vila da Feira, em 8 de Setembro de 1958, em perfeito uso das suas faculdades mentais, quando todos já acalentavam uma justificada esperança de festejar o seu centenário natalício.

O «Notícias da Feira», como fora anunciado no último número do «Informador», veio substituir este jornal, dando até continuidade à mesma assinatura, formando uma cadeia com este e o «Brinco», da iniciativa do mencionado Virgílio Apenseler Ribeiro.

Naquele número dizia que nenhum programa tinha a apresentar: «O seu programa é o da dissidência progressista, de que é prestigioso chefe o sr. conselheiro José Maria d'Alpoim... As suas aspirações são nobres e generosas, pois a outra causa não visa senão ao rejuvenescimento da pátria e ao engrandecimento da Feira».

Assim, passou a designar-se «Progressista-Dissidente» e ainda, com a direcção de José Cândido Marques de Azevedo, «Semanário Republicano», como se afirma no número 85 de 21 de Outubro de 1910.

A partir do número 87 de 4 de Novembro de 1910, passou a órgão do partido republicano local, situação que ainda mantinha no citado número 142 de 1 de Dezembro de 1911.

Os principais colaboradores deste jornal foram, além dos seus directores, os já referidos Manuel Soares Vila Nova e Alberto Ferreira Monte Santos.

A este jornal também se refere o Dr. Zagalo dos Santos, no seu citado trabalho publicado no Arquivo do Distrito de Aveiro: nada mais adianta.

«Notícias da Feira» era de facto noticioso, com muitas informações do concelho, manifestando muito interesse pela publicação de artigos (e até em forma de folhetim) sobre o Castelo da Feira: tinha parte literária e outras secções.

Existem muitos números deste jornal na Biblioteca Municipal desta Vila.

15

DEMOCRATA FEIRENSE

Teve o seu início em 5 de Outubro de 1914 e o seu termo em data que não posso precisar: o último número que conheço é o 1042 de 26 de Setembro de 1936 (ano XXI). / 79 /

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Oficialmente começou a publicar-se a uma segunda-feira (para coincidir com o 5 de Outubro) embora no seu cabeçalho anunciasse que era uma publicação semanal, aos sábados, como de facto passou a publicar-se em seguida, para mais tarde sair aos domingos e, a partir do número 724 de 17 de Janeiro de 1929, às quintas-feiras.

Até ao número 24 de 13 de Março de 1915 usou o mesmo tipo na impressão do seu título, passando a outro, no número seguinte: mais tarde, já no número 888 de 23 de Abril de 1933, usou um diferente, que manteve até final.

Tinha quatro páginas, mas ultimamente imprimia-se, normalmente, com duas, mas sempre com cinco colunas cada página.

A sede da administração era nas Eiras de Baixo 190, desta vila, onde se imprimia, no prelo que fora da «Gazeta Feirense», pois o proprietário deste jornal, Pinto Valente, vendeu-a a um grupo de democráticos, com todos os seus apetrechos.

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Dr. Américo Teixeira
Director do «Democrata Feirense»

No manifesto de apresentação do jornal, datado de 3 de Outubro, assinado pela Comissão Política Municipal do concelho da Feira, formada por Dr. Elísio Pinto d'Almeida e Castro, José Moreira da Costa, Dr. António Toscano Soares Barbosa Júnior, Dr. José Fernandes Coelho d'Amorim e José Cândido Marques de Azevedo, justifica-se a sua fundação pela necessidade que o mesmo partido (que deixara há poucos meses de ter representação na imprensa local) tinha de um jornal que «defendesse as suas ideias, advogasse os seus interesses e justificasse os seus actos: por isso, foi deliberado fundar o «Democrata Feirense», sendo inspirado na sua parte política por elementos decididamente democráticos».

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O seu primeiro director foi o Dr. Américo Teixeira, que nasceu na freguesia de Sanfins, deste concelho, em 4 de Janeiro de 1890, filho de Manuel Gomes Teixeira e de sua mulher D. Rita Jesuina Correia de Sá Teixeira, casado que foi com D. Irene do Amaral Teixeira.

Foi um distinto advogado na Feira e no Porto, onde também exerceu o cargo de professor do Instituto do Comércio e administrador do concelho da Feira, de Maio de 1915 a Outubro de 1917, falecendo na cidade do Porto em 9 de Agosto de 1960.

Director do «Democrata Feirense»

Muito inteligente e culto foi uma figura de destaque nesta vila e naquela cidade. / 80 /

Ao nome do Dr. Américo Teixeira associou-se no jornal, como editor, Armando Alves de Amorim que foi, nesta vila, ajudante de notário.

No número 170 de 29 de Dezembro de 1917, já figura como director o Dr. Vitorino Joaquim Correia de Sá, que nasceu na freguesia de Sanfins, deste concelho, em 25 de Outubro de 1854, filho de António Joaquim Correia de Sá Júnior e de sua mulher D. Margarida Máxima Correia da Costa e Sá.

Foi um distinto advogado, com escritório nesta vila e administrador do concelho da Feira, de Julho de 1885 a Março de 1886, de Fevereiro a Dezembro de 1890, de Agosto de 1892 a Fevereiro de 1898 e de Julho de 1900 a Outubro de 1904 e vereador da Câmara Municipal da Feira em 1887-1888, vice-presidente da Comissão Administrativa da mesma Câmara Municipal em 1912 e 1919, presidente da Comissão Executiva desta Câmara em 1914-1917 (com excepção do período correspondente ao governo do general Pimenta de Castro), 1918-1919-1922, 1923-1925 e 1926.

Faleceu, na Vila da Feira, em 21 de Maio de 1934.

Àquele Armando Alves de Amorim sucedeu um seu irmão, Luís Alves de Amorim, que foi substituído por um filho daquele Armando, de nome Ângelo Alves de Amorim.

No número 710 de 1 de Outubro de 1928, já figura como administrador Ernesto José Correia e a partir do número 888 de 23 de Abril de 1933 aparece como redactor principal o Dr. Joaquim Alves Santiago, que veio a ser director do mesmo jornal, direcção que depois passou para aquele Ernesto José Correia (que era o tipógrafo do jornal).

O Dr. Joaquim Alves Santiago nasceu na freguesia de Guisande, deste concelho da Feira, em 25 de Novembro / 81 / de 1898, sendo filho de Joaquim Alves Santiago e de sua mulher D. Maria Joaquina da Conceição. Casou, pela primeira vez, com D. Margarida Augusta da Conceição Valente Baldaia e, pela segunda vez, com D. Inocência da Silva Santos.

Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi, nesta cidade, professor da Escola Académica, tendo também advogado na Vila da Feira, onde faleceu em 12 de Setembro de 1958.

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Dr. Joaquim Alves Santiago
Director do «Democrata Feirense»

Como dissemos, o jornal foi fundado para defender a posição do partido democrático, do qual foi o órgão neste concelho, mas, com o andar dos anos, entrou em decadência até que, nos seus últimos tempos, publicava-se para valer à subsistência do seu mencionado director Ernesto José Correia.

Foram seus principais colaboradores: o já falado José Cândido Marques de Azevedo; Dr. António Augusto de Aguiar Cardoso, que neste jornal publicou artigos de alto valor, de investigação histórica, como «Memórias do Concelho da Feira», «Concelho da Feira», «Migalhas da História do Concelho da Feira», «Terras de Santa Maria», «Civitas Sanctae Mariae» e Castelo da Feira, e nele sustentou importantes polémicas como as que teve com Políbio (Padre Augusto Oliveira Pinto, que foi abade de S. Vicente de Pereira) sobre assuntos históricos respeitantes à Feira e Terras de Santa Maria e com Alexandre Brandão, na campanha que com este manteve para evitar, como evitou, que ele construisse uma casa muito perto das muralhas do Castelo da Feira prejudicando-o; Saul Eduardo Rebelo Valente que, neste jornal, publicou o seu trabalho, depois reunido em volume «Terras da Feira» – Notícias e Memórias da freguesia de Arrifana de Santa Maria».

A este semanário se refere o Dr. Zagalo dos Santos, na já citada obra, dizendo que ele foi fundado em 1905 (quando o foi, de facto, em 1914) e ainda que ao tempo era seu director interino Ernesto José Correia – intitulando-se Semanário Republicano.

Existem muito números deste jornal na Biblioteca Municipal desta Vila.

O «Democrata Feirense» tinha má impressão e abusava da utilização de tipo muito pequeno, para poupar espaço e papel, como aconteceu com trabalhos do Dr. Aguiar Cardoso.

16

LEVERENSE

Começou a sua publicação, na freguesia de Lever, que então pertencia ao concelho da Feira, no dia 15 de Outubro de 1914 e teve o seu termo num dos primeiros anos da década de vinte.

Publicava-se quinzenalmente, com quatro páginas, cada uma com cinco colunas: tinha o formato de 0,50 x 0,35.

Imprimia-se na tipografia de Artur José de Sousa, do Porto e tinha a sua redacção e administração no lugar da Cruz, da referida freguesia de Levêr.

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Foi seu primeiro director José de Freitas Sá e Moura, tendo por seu redactor, administrador e proprietário António Barbosa de Castro e secretário da redacção e editor o irmão deste José de Castro e Silva. No número 79 (41.º ano) já era director, administrador e proprietário aquele António Barbosa de Castro, tomando, a partir desse número, a posição de editor o seu filho Hilário Barbosa Ferreira de Castro.

Designava-se «Quinzenário Republicano» e, assim, se manteve até final. / 82 /

José de Freitas Sá e Moura nasceu na freguesia de Sandim, do concelho de Gaia, em 28 de Março de 1893 vivendo, como já acontecera a seus pais, na secular casa de Carreira – Cova, da freguesia de Levêr: casou com D. Maria Rosa da Silva Sá e Moura.

Dedica-se à vida industrial, tendo sido administrador do concelho da Feira, de Março a Junho de 1921 e vogal da Comissão Executiva da Câmara Municipal da Feira em 1918, vice-secretário da mesma Comissão em 1919-1922, vogal da Comissão Administrativa da mesma Câmara Municipal e vice-presidente do seu Senado em 1923-1925 e 1926.

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José de Freitas Sá e Moura
Director do «Leverense»

António Barbosa de Castro era filho de João de Castro e Silva e de sua mulher D. Maria Barbosa.

«Leverense» era um jornal de pequena expansão, segundo anunciou no seu programa, desenvolvido no artigo de fundo do seu primeiro número, pelo seu proprietário: propunha-se defender e fazer engrandecer a sua terra – Levêr – que, em seu dizer, estava abandonada pelos poderes públicos: «De há muito que em nós calou a ideia de fundar um jornal em Levêr para advogar os interesses d'esta pequena terra, tão isolada, quão deitada ao despreso pelos nossos políticos do / 83 / alto... Não é o Leverense um jornal só político. É noticioso, literário e propagandista, bem como um pugnador inabalável dos interesses da sua terra...».

Tinha uma impressão regular, com noticiário, crónica do Porto e correspondências, dedicando-se, também, à história de Lever.

Existem muito poucos números deste jornal.

17

VILA DA FEIRA
 

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Não encontrei qualquer exemplar do primeiro número deste jornal, mas abonado na informação dada pelo «Correio da Feira», no número 1182 de 10 de Abril de 1920, posso informar que, «Vila da Feira» iniciou a sua publicação no dia 4 desse mês e ano, que correspondeu a um domingo. Não consegui, porém, apurar em que número e dia teve o seu termo; apenas me foi dado apurar que ainda se publicou o número 129 de 10 de Maio de 1923, do terceiro ano.

A sua publicação sofreu várias interrupções devido a desinteligências com o pessoal tipográfico e mudança de local da tipografia, da Feira para a freguesia de Souto.

Este semanário, a princípio (até ao número 18), saiu aos domingos, passando, depois, para as quintas-feiras (o que ainda se mantinha no número 83 de 8 de Dezembro de 1921) e finalmente, como já sucedia no número 89 de 13 de Março de 1922, aos sábados, o que se manteve até à sua extinção. Conservou sempre o mesmo tipo, no seu título.

Começou a ser composto e impresso na já mencionada tipografia municipal desta vila, mas, no seu número 89 de 13 de Maio de 1922, informava que se imprimia na «typographia de Vila da Feira na rua Direita 146».

Esclarece-se que aquela tipografia municipal foi vendida pela Câmara Municipal, sendo adjudicada a Domingos Augusto de Sousa, que era seu arrendatário, em sessão de 27 de Dezembro de 1921, como informa o «Correio da Feira» no seu número 1267 de 7 de Janeiro de 1922. / 84 /

Transmitiu-se, depois, à empresa de «Vila da Feira». A partir do número 92 de 8 de Julho de 1922 diz: «Impressão do Democrata Feirense – Rua Direita 190», o que, por certo, e pelo que atrás ficou transcrito, foi devido ao conflito com os seus tipógrafos.

Voltou a ser impresso na sua tipografia após o citado número 89.

No número 105 de 7 de Outubro de 1922 indica que a composição e impressão era feita na freguesia de Souto, deste concelho, o que se manteve até ao número 116 inclusive, de 13 de Janeiro de 1923; no número seguinte já diz: «Composição e Administração Democrata Feirense», o que ainda se mantinha no número 129 de 10 de Março, último que me foi possível ver.

Naturalmente a mudança para a tipografia do «Democrata Feirense» teve por base novo conflito com o seu pessoal tipográfico.

A sede da administração instalou-se naquela rua Direita n.º 105, 107, onde, a princípio; também se fazia a composição, mas no referido número 105 diz que, então, a redacção e administração se localizava na Praça da República 148.

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Padre Alexandre F. Milheiro
Director do «Vila da Feira»

Este jornal foi fundado por um grupo de padres, entre os quais se contavam Augusto de Oliveira Pinto, abade de S. Vicente de Pereira e Alexandre F. Milheiro, ao tempo abade de Travanca e, mais tarde, de Souto, paróquias estas pertencentes ao concelho da Feira.

Este último foi o director do «Villa da Feira» tendo como editor e administrador C. Gomes Leite que, a partir do citado número 89, se intitula P. C. Gomes Leite.

Este padre Crispim Gomes Leite foi pároco de Mosteirô – concelho da Feira e da vila de Gondomar, onde ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal.

Deixou de ser o editor a partir do número 93 de 15 de Julho de 1922, cargo que voltou a ocupar a partir do número 105 de 7 de Outubro de 1922: era administrador Manuel Ferreira d'Andrade Lima.

O padre Alexandre F. Milheiro era natural da freguesia de Oliveira do Douro, do concelho de Gaia, filho de Manuel Francisco Milheiro e de D. Maria Rosa Leite: faleceu no Porto em 22 de Abril de 1942 com cerca de 63 anos.

Foi capelão em Esmoriz, pároco de Travanca e de Souto, tendo escrito em diversos jornais, além deste «Vila da Feira», como seja no «Progresso da Feira», «Voz do Porto» e num jornal de Gondomar.

«Vila da Feira» manteve, durante toda a sua existência, a posição de semanário católico dizendo, o seu director, no primeiro número que, sendo católico e português, vinha tomar posição no campo da imprensa arvorando o lema «Deus e Pátria» e que em política, como órgão católico feirense, agiria «fora e acima dos partidos».

Teve como colaboradores – além de outros – os referidos padres Alexandre Milheiro, Crispim Gomes Leite e Augusto de Oliveira Pinto, Dr. Aguiar Cardoso, com Migalhas de História, crónicas brilhantes que tiveram início no número 50 de 14 de Abril de 1921.

A colaboração erudita com que este jornal se beneficiou deu-lhe um lugar de destaque na imprensa regional.

Além das secções reservadas aos estudos históricos, teve outras de interesse, como as «notas soltas» do director – padre Alexandre Milheiro, correspondências, agricultura, carteira, noticiário, folhetins, etc.

Encontram-se muitos números deste jornal na Biblioteca Municipal da Feira. 

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O ARRIFANENSE

Começou a sua publicação em 1 de Maio de 1924, na freguesia de Arrifana, deste concelho da Feira, e / 85 / teve o seu termo com o número 211 de 1 de Maio de 1937. Imprimiu-se em duas séries.

A primeira abrange os 182 primeiros números: nela incluiu-se um número único – em 1 de Janeiro de 1931, em homenagem ao seu director e editor Manuel José Pereira.

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O primeiro número da segunda série (184) foi publicado em 1 de Maio de 1936.

A razão de terem existido estas duas séries provém do facto de, em 3 de Setembro de 1935, ter sido assassinado este Pereira, do que resultou já não ter saído o número 182, suspendendo-se a publicação do jornal.

Em 3 de Dezembro de 1935 saiu o número (183) de homenagem a este seu director e fundador, com doze páginas, sendo a última de anúncios, aparecendo como director o Dr. Manuel Pereira de Oliveira, hoje ilustre Desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa.

Passados meses, amigos de Manuel Pereira, tendo à frente seu filho, hoje o engenheiro Manuel José Lopes Pereira, reuniram-se no Clube Arrifanense, fundado por aquele, resolvendo continuar o jornal, atribuindo a sua direcção a Vicente Rebelo de Sousa Reis, dando-se, assim, início à 2.ª e última série, mantendo-se a propriedade do jornal em nome daquele engenheiro Pereira, que se fazia representar por este Vicente Reis.

O jornal apresentou-se, a princípio, como quinzenário, saindo a 15 e no último dia de cada mês, mas, passado algum tempo, alternava entre quinzenário e mensal, sendo incerto o dia em que era dado à publicidade.

Normalmente tinha 4 páginas, cada uma com quatro colunas.

Até ao número 21 de 1 de Maio de 1925, teve o formato de 0,37 ou 0,36 x 0,26: no número 25 de 15 de Maio de 1926 já era de 0,43 x 0,30 passando, depois e até final, para 0,45 x 0,30. / 86 /

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Nos aniversários da sua fundação eram publicados números especiais, alguns com capas e todos com muitas páginas, grande ilustração e artigos de bons escritores, feitos especialmente para esses números: também se publicavam números comemorativos do Carnaval.

Conservou o mesmo aspecto gráfico até ao número 20 de 22 de Abril de 1925: depois modificou-se, com novo cabeçalho, conforme se reproduz em fotografia, modificando-o, para formato maior a partir do número 281 de Julho de 1925 até final.

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Começou a ser composto e impresso na tipografia Social, de Ílhavo, mas a partir do número 29 de 25 de Julho de 1925, passou a ser composto e impresso na tipografia Minerva Comercial Lda, de Évora e assim continuou até acabar a sua publicação: o número único, atrás referido, foi impresso na tipografia V.ª Batalha, da Avenida S. Carvalho, do Porto.

A redacção e administração estava instalada no largo da Feira, da mesma freguesia de Arrifana, hoje Praça Manuel José Pereira, na farmácia que este aí possuía; porém, durante a segunda série, embora localizada no Clube Arrifanense, funcionava, provisoriamente, na residência do seu director, no Porto.

No primeiro número do jornal figura como director José António Cardoso Teixeira, professor primário em Arrifana, servindo de editor Fernando de Melo Osório e administrador António Ribeiro Leite, que trocaram as suas posições a partir do número 44 de 1 de Maio de 1926.

Quem de facto, desde o princípio, dirigiu o jornal foi o seu fundador, referido Manuel José Pereira, que, a partir deste número 44, passou a figurar como director, o que se manteve até à sua morte, com excepção do mencionado número único, em que figura como director, editor e administrador, Vicente Rebelo de Sousa Reis.

Na direcção do Dr. Manuel Pereira de Oliveira acompanharam-no como editor, Anídio Nunes de / 87 / Azevedo e como administrador Ernesto Lopes de Carvalho. O corpo redactorial era composto por Dr. Leite da Silva, Dr. Francisco Gomes da Cruz, Ernani Silva, Eduardo Garcia, Américo Leão, António Ribeiro Leite, Bernardo Belino e Francisco Leite Soares Resende Júnior.

Mais tarde, quando Vicente Rebelo de Sousa Reis assumiu a direcção e administração do jornal, Francisco Leite Soares de Resende assumiu o cargo de editor e António Amaral o de redactor.

Devido a desinteligências com os serviços da censura, o último número que circulou foi o referido 211 de 1 de Maio de 1937.

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Manuel José Pereira
Director de «O Arrifanense»

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Chegaram a imprimir-se os números 212 e 213, respectivamente de 24 de Julho e 1 de Agosto de 1937, mas não foram distribuídos por não terem sido censurados: junta-se uma fotografia do cabeçalho deste último exemplar.

Existem provas até ao número 216 com data de 15 de Setembro de 1937.

José António Cardoso Teixeira, nasceu em Cabaços, Moimenta da Beira, em 1 de Março de 1883; casou com D. Maria Augusta de Andrade.

Foi professor primário na vila de Moimenta da Beira e em Arrifana e inspector escolar naquela vila de Moimenta, em Viseu e no Porto.

Desembargador Dr. Manuel Pereira de Oliveira
Director de «O Arrifanense»

Manuel José Pereira, nasceu em Mirandela a 7 de Junho de 1890, sendo filho de Francisco Augusto Pereira e de sua mulher D. Angelina Rosa Pereira.

Com o curso de farmácia pela Universidade de Coimbra, foi vereador da Câmara Municipal do Porto e proprietário da farmácia Pereira, antiga farmácia Santos, localizada no largo da Feira, que hoje tem o seu nome.

Foi barbaramente assassinado, naquela farmácia, na madrugada de 3 de Setembro de 1935.

Culto e inteligente, era dotado de muita vivacidade e dinamismo, faculdades que muito dedicou à sua profissão, na defesa dos seus ideais políticos e aos interesses de Arrifana.

O Desembargador Dr. Manuel Pereira de Oliveira nasceu no Pará, Brasil, em 13 de Fevereiro de 1904, filho de Joaquim Victorino de Oliveira e de sua mulher D. / 88 / Maria Emília Pereira de Oliveira: casou-se com D. Amália Corrêa Pereira de Oliveira.

Actualmente é distinto Juiz Desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa.

Vicente Rebelo de Sousa Reis nasceu em Arrifana em 17 de Março de 1893, filho de Domingos dos Reis Maia e de sua mulher D. Maria da Piedade Leal Rebelo de Sousa, tendo casado com D. Rute Gomes Faria Reis, dedicando-se à profissão de técnico de contas.

Foi presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Arrifana, corporação que muito lhe deve e também foi, durante muitos anos, presidente da Junta da mesma freguesia, para a qual muito trabalhou, dedicando-se apaixonadamente ao progresso da sua terra natal.

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Vicente Rebelo de Sousa Reis
Director de «O Arrifanense»

Tem escrito muitos artigos, nomeadamente nos jornais locais, destacando-se os que versam sobre Arrifana e história regional.

O jornal, até ao número 20 inclusive de 22 de Abril de 1925 intitulava-se «Quinzenário Independente» – Pela Grey: a partir do número seguinte de 1 de Maio de 1925, intitulava-se «Quinzenário Regionalista e Literário»; na segunda série, «Quinzenário Republicano, Regionalista e Literário».

No artigo de apresentação do seu número um, depois de exortar todos os arrifanenses à união, pedindo para acabarem as incompatibilidades e os ódios pessoais gerados nas intransigências políticas, diz: «O Arrifanense vem livre de influências e sugestões, estranho, alheio, indiferente às paixões políticas. A máxima correcção na destrinça de todas as questões. Eis singelamente explanado o nosso objectivo. O tempo o confirmará».

Tinha, no seu cabeçalho, como se vê na sua reprodução fotográfica, uma alegoria referente ao massacre que, durante a segunda invasão francesa, o exercício de Soult praticou na população arrifanense, com a data de 1810 encimando uma cruz, destacando-se o monumento comemorativo que, em Arrifana, lembra essa horrorosa carnificina, o que será referido no número único denominado «Tradição», comemorativo da inauguração deste monumento.

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O jornal tinha boa apresentação, era bem redigido, com boa colaboração, onde se destacaram, além dos seus referidos directores, o engenheiro José de Abreu, / 89 / tenente Nuno Reis, padres João Domingues Arêde e Miguel de Oliveira, Dr. Vasco Luiz, José Fernandes Pinto, Dr. Luiz Cândido Moreira do Cunho, Manuel José Lopes Pereira, D. Beatriz Moreira (Zita), capitão Barros Basto, professor José Campos Vaz, professor José Canelas, Doutor José Beleza dos Santos, D. Mário Albarram, D. Beatriz Augusta Pereira Paredes, Manuel Godinho, capitão Guilhermino Soto Maior, Joaquim Freitas Gonçalves, Dr. Francisco Gomes do Cruz Júnior, padre José Domingues Arêde, Dr. Bertino Daciano Guimarães, Hugo Rocha, professor Joaquim Teixeira Mendes e Lopes Gayo.

Tinha variadas secções: história e propaganda de Arrifana e dos seus lugares, defesa dos seus interesses e noticiário, artigos literários, históricos e sobre a vida escolar, social, desportiva, etc., com notas várias e muitos anúncios, sobretudo de casas comerciais e estabelecimentos industriais, de Arrifana. No número 193 de 15 de Setembro de 1935 iniciou o publicação do livro de Saul Eduardo Rebelo Valente – Terras da Feira – Notícias e Memórias da Freguesia de Arrifana de Santa Maria. / 90 /

19

TRADIÇÃO

Teve o seu início em 2 de Julho de 1932 (num sábado) e o seu fim, segundo me informaram, em 1947.

Saía em dias incertos da semana, com quatro páginas, a cinco colunas cada: as suas dimensões variaram de 0,45 x 0,33 a 0,51 x 0,35.

O seu cabeçalho e título mudaram muito de forma e tipo.

Assim, segundo creio, pois não me foi possível ver todos os números, teve um tipo desde o início até ao número 373 de 19 de Agosto de 1938, outro a partir do número seguinte até ao 387, inclusive, de 25 de Novembro de 1939, para, desde o número seguinte, até ao 412 de 19 de Maio de 1940, apresentar-se com outro. Porém, desde o 413 de 8 de Junho de 1940 até ao 451 de 1 de Março de 1941 voltou a usar o que adoptou a partir do número 374 de 26 de Agosto de 1938. Desde os números 648-649 de 4 de Fevereiro de 1945, aparece com outro tipo, que modifica nos números 657/658 de 11 de Maio de 1945.

Este jornal, a princípio, foi composto e impresso na tipografia do seminário do Couto de Cucujães, passando depois a ser composto e Impresso na tipografia – Minerva Central de Aveiro, como já se verifica no seu número 141 de 19 de Março de 1935.

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Mais tarde, como se vê dos números 349 de 4 de Março de 1939 a 387 de 25 de Novembro de 1939, aquela composição e impressão fazia-se na tipografia Gonçalves, da rua do Almada, da cidade do Porto: desde o número seguinte até ao 412 de 19 de Maio de 1940, passou a fazer-se na tipografia Popular, de Espinho.

Porém, a partir do número 648/49 – de 4 de Fevereiro de 1945, a 656 de 25 de Março de 1945, passa a fazer-se na tipografia Portuense Lda., da mesma cidade do Porto e, depois, desde o número 657/658 de 11 de Maio de 1945, a 697 de 9 de Fevereiro de 1946, na tipografia Artes e Letras, desta cidade.

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Foram seus fundadores Júlio César Alves Moreira, como director e editor e Alfredo de Oliveira, como / 92 / administrador e proprietário, mas a partir do número 438 de 30 de Novembro de 1940, passa a ser director e editor o Dr. António Sampaio Maia.

Júlio César Alves Moreira nasceu na Vila da Feira em 19 de Janeiro de 1899, filho do Dr. Gaspar Alves Moreira e de sua mulher D. Lúcia da Silva Alves Moreira: casou com D. Maria da Felicidade de Sousa Alves Moreira. Foi funcionário da Câmara Municipal da Feira, tesoureiro da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e chefe dos Serviços Municipalizados de Águas e Electricidade da Câmara Municipal da Feira.

Dr. António Sampaio Maia nasceu na freguesia de S. João de Ver, do concelho da Feira, em 1886, onde faleceu em 6 de Novembro de 1966. Formado pela faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, exerceu a sua profissão de médico na freguesia de S. João de Ver: foi combatente da grande guerra, fundador da tuna Orfeon da Vila da Feira em 1912, da qual foi regente e conselheiro Municipal da Feira.

A «Tradição» intitulou-se semanário nacionalista, tendo-se orientado pelos princípios da causa monárquica. / 93 /

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Teve como seus principais colaboradores: padre Augusto Oliveira Pinto, (destacando-se o seu estudo – Resenha Histórica da freguesia de Souto, S. Vicente de Pereira e S. Martinho da Gandra, publicado em folhetim – desde Maio de 1935), Arlindo de Sousa, padre Rufino Pinto de Almeida, Azevedo e Moura, Alfredo de Oliveira, professor António Augusto da Conceição, Dr. Sebastião de Resende (mais tarde Bispo da Beira), Adriano Meireles, A. Pinto Almeida e padre Tavares d'Almeida.

Tinha várias secções, como notas e comentários, correspondências do concelho, crónica desportiva, além de um longo folhetim da autoria de Arlindo de Sousa «Respigos da Toponimia Feirense».

Com data de 1938-1939 publicou-se um número especial deste jornal, de homenagem às instituições corporativas e de previdência, do comércio e indústria de Aveiro, com o formato de 0,47 x 0,32, composto e impresso nas oficinas Gráfica Editora, da rua Alferes Malheiro 117, da cidade do Porto, do qual se imprimiram 10000 exemplares.

No seu cabeçalho figura como director e editor o mencionado Júlio César Alves Moreira, como administrador / 94 / e proprietário o aludido Alfredo de Oliveira e como organizador – João Ribeiro.

Este número tem muito boa apresentação, sendo impresso em bom papel, com páginas dedicadas à Legião Portuguesa e às organizações corporativas de Aveiro e secções especiais para cada um dos concelhos deste distrito, e de algumas das suas freguesias, como Cacia, Angeja, Avanca, Cortegaça, Esmoriz e Gafanha.

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Publicou, ainda, outro número especial, sob a mesma direcção, editoria, administração e propriedade, sem indicação de data, mas que foi dado à publicidade em fins de 1940, intitulado – «Tradição – o Concelho da Feira na comemoração dos Centenários», cuja capa reproduz o Castelo da Feira e a cruz azul da bandeira da fundação.

É um trabalho muito interessante, com muitas fotografias e larga referência à história da sede e das freguesias do concelho da Feira, com anúncios dos estabelecimentos comerciais e industriais da mesma vila e concelho, exibindo, também, um mapa deste, com indicação das distâncias que separam a sede – de cada uma das suas freguesias.

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Colaboraram neste número, além de outros, Alfredo de Oliveira, Drs. Roberto Vaz de Oliveira e Domingos Caetano da Silva, ao tempo, respectivamente, presidente e vice-presidente da Câmara Municipal da Feira, Azevedo e Moura, Dr. Vaz Ferreira, Arlindo de Sousa, D. Fernando Tavares e Távora, padre Francisco Pinho Neves, então pároco desta Vila, Vicente Rebelo de Sousa Reis, D. Idalina Soares da Silva, Joaquim Tavares Adão, D. Sebastião Soares de Rezende, mais tarde Bispo da Beira, Manuel Ferreira Pinto, professor António Conceição, o padre José Inácio da Costa e Silva, abade aposentado, que foi da freguesia de S. Jorge, deste concelho, cónego António Ferreira Pinto, que foi reitor do seminário do Porto, Rogério Pinto Moreira, David Fernandes Coelho, José Maria Gaspar e Manuel José de Paiva Alferes.

Júlio César Alves Moreira
Director da «Tradição»

À «Tradição» refere-se o Dr. Zagalo dos Santos, no seu mencionado trabalho, nada adiantando ao que acabamos de dizer.

A «Tradição» era um jornal muito cuidado, geralmente bem impresso com uma apresentação agradável e boa colaboração.

Existem alguns exemplares na Biblioteca Municipal da Feira. / 95 /

20

O POVO FEIRENSE

Iniciou a sua publicação em 1 de Abril de 1938 e teve o seu termo, segundo creio, com os números 259-260 (continuação da 2.ª série) de 22 e 30 de Agosto de 1953.

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Dr. António Sampaio Maia
Director das «Tradição»

Saía em dias incertos da semana, com quatro páginas, cada uma com quatro colunas a princípio e, depois, com cinco: a sua dimensão variou entre 0,34 x 0,225 e 0,50 – 0,51 x 0,35.

Teve vários formatos, no seu cabeçalho e título, correspondendo: um à primeira série; outro à segunda, ano IX, número 1 de Outubro de 1947; outro, que já usava no ano X número 135 de 15 de Julho de 1950 e ainda outro, durante a mesma série que já usava no número 158 de 1 de Agosto de 1953.

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A primeira série abrange os primeiros oito anos e parte do nono, pelo menos até ao número 326 de 14 de Setembro de 1946 inclusive; a segunda, desde o ano nono, a partir de 1 de Outubro de 1947, que recebeu o número um, assim se mantendo até ao número 134 de 9 de Julho de 1950.

Nesta série o título do jornal enquadra a reprodução das torres do Castelo da Feira.

A partir do número seguinte inclusive, de 15 de Julho de 1950, dá-se continuidade à numeração mas já sem designação de série, voltando a usar o cabeçalho adoptado na primeira série, o que ainda se verifica até ao número 259 de 29 de Novembro de 1952.

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Em 14 (?) e 22-30 de Agosto de 1953 surgem os números de pequeno formato, respectivamente 158 (?) e 259-260 (ano XI), numerações estas que, certamente estão erradas, o que não admira neste jornal tão mal cuidado na sua composição.

Por vezes agrupava, num só exemplar, dois números como aconteceu com o referido de 30 de Agosto de 1953.

Tinha a sua redacção, onde se fazia a composição e impressão, na tipografia de «O Povo Feirense», sita no lugar das Eiras de Baixo, desta Vila, mas a partir do número 137 (2.ª série) de 29 de Julho de 1950, a impressão passou a fazer-se na Gráfica Feirense.

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No primeiro número da primeira série de 1 de Abril de 1938, figura como director, proprietário e administrador o já mencionado Ernesto José Correia, aproveitando o prelo e demais material que pertencia ao / 97 / «Democrata Feirense» e como editor – Domingos Toscano.

No número seguinte de 10 de Abril de 1938, já aparece como director o Dr. Paulo de Sá, tendo como editor aquele Toscano e administrador e proprietário o Ernesto Correia.

No número 6 de 12 de Maio seguinte, toma conta do cargo de editor o Dr. Manuel de Azevedo Brandão.

No número um, da segunda série, de 1 de Outubro de 1940 já aparece como redactor o Dr. José Augusto da Conceição.

A partir do número 191, no seguimento da segunda série, de 11 de Agosto de 1951, o Dr. Paulo de Sá foi substituído por Dr. Manuel de Azevedo Brandão que tomou no jornal o lugar de director interino e editor.

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Ernesto José Correia nasceu na Vila da Feira, sendo filho de Domingos José Correia e de Margarida Emília Moreira.

Casou com Joaquina Gomes de Resende e faleceu, com 64 anos, na mesma vila, em 8 de Setembro de 1953.

O Dr. Paulo de Sá nasceu no lugar da Lavandeira, desta vila, em 5 de Março de 1891, sendo filho do escrivão-notário Manuel Maria Correia de Sá e de sua mulher D. Maria José de Pinho: casou com D. Isabel da Silva Correia de Sá.

Dr. Paulo de Sá
Director de «O Povo Feirense»

Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu o cargo de Delegado do Procurador da República na comarca de Mondim de Bastos, vindo, depois, a ocupar o lugar do seu pai nesta vila – de escrivão-notário do 5.º ofício.

Suspenso do exercício das suas funções por motivos políticos, exerceu, então, a advocacia nesta vila.

Foi chefe da Secretaria Judicial desta comarca da Feira, de onde transitou para igual cargo do 4.º Juízo Cível da comarca do Porto, falecendo, nesta cidade, em 26 de Abril de 1952.

Fez parte do Orfeão Académico, da regência do Dr. António Joice.

Grande guitarrista, foi o autor dos conhecidos fados da "Saudade», com letra do Dr. Fernando Martins e do das «Fogaceiras» (em homenagem à sua terra e à festa que, anualmente, nela se realiza em 20 de Janeiro) com letra do poeta de Espinho – Carlos Morais.

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Dr. Manuel dos Santos Azevedo Brandão
Director de «O Povo Feirense»

Muito culto e inteligente deixou, em muitas publicações, escritos muito distintos, alguns de crítica literária, como foram os referentes às obras teatrais do Dr. Alfredo Cortês, assinando, alguns dos seus primeiros artigos, com o pseudónimo de Rafeal Semarte.

Interveio em muitos serões de arte, na companhia de António Menano e outros cantores célebres do seu tempo.

Muito bairrista, expressou o amor à Feira, sua terra natal, deixando à sua Biblioteca Municipal, a sua valiosa biblioteca: embora tenha falecido sem testamento, mas tendo manifestado este seu desejo, a sua viúva, honradamente, deu-lhe cumprimento. / 98 /

À memória de ambos aqui presto a devida homenagem de consideração e de respeito, na certeza de que, assim, interpreto o sentir de todos os meus conterrâneos, lembrando que ele se devia tornar expressivo, em breve tempo, por uma pública manifestação de apreço e de gratidão.

O Dr. Manuel dos Santos Azevedo Brandão nasceu na nobre e brasonada casa de Rio Maior, da freguesia de Paços de Brandão, deste concelho, em 23 de Agosto de 1899, filho do comendador José de Azevedo Brandão e de sua mulher D. Margarida Ferreira dos Santos Brandão: casou com D. Maria Pereira do Couto.

Dedica-se à vida industrial.

O Povo Feirense, a princípio, intitulava-se «jornal nacionalista» e depois, «semanário nacionalista»: foi fundado para defender a doutrina e princípios do Estado Novo, o que cumpriu até final.

Os principais colaboradores do jornal foram, além do seu director Dr. Paulo de Sá, Dr. Henrique Vaz Ferreira com o seu «Ferro Velho», «Dois contos por mês», e diversos artigos, nomeadamente sobre o castelo e concelho da Feira, Dr. José Augusto da Conceição, hoje administrador do Banco do Fomento, padre Manuel Ferreira de Sá, erudito investigador da história regional, Carlos A. Ribeiro, industrial de Paços de Brandão, Dr. António Ferreira Soares, brilhante escritor e autor do famoso romance – «Casa Abatida», da freguesia de Nogueira da Regedoura, deste concelho, António Augusto da Conceição, antigo e distinto professor primário, de Duas Igrejas, deste concelho, Dr. Gouveia Durão.

A. Carneiro da Silva, no seu citado trabalho no Arquivo do Distrito de Aveiro, refere-se a este jornal: por lapso acrescenta ao nome de Ernesto Correia o apelido de Garcia.

O «Povo Feirense» distinguiu-se pelo valor e brilho dos seus colaboradores, mas teve uma impressão defeituosa e desagradável nos números que foram impressos na tipografia das Eiras, apresentando muitos erros de datas, quer quanto às da sua publicação, quer quanto às da sua numeração, falta de cuidado que também se estendia ao seu texto.

Nas fotografias que aqui se publicam, claramente se distingue a do número 135 (continuação da segunda série) de 15 de Julho de 1950 (Ano X), da das restantes: aquele já foi impresso na Gráfica Feirense embora no cabeçalho ainda se faça referência à tipografia das Eiras de Baixo, ao passo que as anteriores reproduzem números impressos nesta última tipografia.

Existem muitos exemplares deste jornal na Biblioteca Municipal da Feira.

21

NOTICIAS

Teve o seu início em 18 de Novembro de 1957 e acabou com o número 363, em 30 de Novembro de 1964.

Publicou-se em três séries e com as seguintes dimensões: a primeira, até ao número 158 de 21 de Novembro de 1960, 0,52 x 0,35; a segunda, desde o número seguinte até ao 335 de 18 de Maio de 1964, 0,44 x 0,33; e a terceira, desde o número seguinte, até ao último, 0,44 x 0,32.

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Era um semanário que saía às segundas-feiras, normalmente com seis ou oito páginas, a cinco colunas cada uma.

Até ao número 335 de 18 de Maio de 1964, inclusive, abrangendo, assim, a primeira e a segunda série, designava-se «Notícias – Semanário das Terras de Santa Maria – órgão de Divulgação e Propaganda – Informação – Cultura – Turismo e Desporto» e durante todo o período da terceira série – «Notícias – das Terras de Santa Maria».

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Os números que iniciavam cada um dos anos, com excepção do primeiro e último, revestiam-se de um carácter festivo, com muitas páginas e eram enriquecidos por uma vistosa capa.

Na primeira série teve dois tipos no seu título: um maior desde o número 1 a 52 de 10 de Novembro de 1958 (1.º ano) e outro do número 53 de 17 de Novembro de 1958 a 335 de 18 de Maio de 1964 (2.º a 6.º ano) e outro que acompanhou todo o 7.º ano – desde o número 336 de 25 de Maio de 1964 até ao fim.

No decorrer da primeira e segunda série, teve a sua redacção e administração na rua do Dr. Vitorino de Sá, desta vila, no edifício da Empresa Gráfica Feirense, Lda, onde se compunha e imprimia e, na terceira série, continuou a compor-se e a imprimir-se aí, mas a redacção e administração mudou para o edifício do mercado municipal, na rua da Índia Portuguesa, número seis.

Durante as duas primeiras séries foi seu director e editor João Correia de Sá e seu administrador Luís Rainho e, na terceira série, foi seu director e editor Dr. António Rezende dos Santos e redactor Manuel Moreira de Paiva.

Desde o número 2 de 25 de Novembro de 1957, figurou como proprietário do jornal a referida «Empresa Gráfica Feirense, Lda.» e a partir da terceira série a propriedade passou para Marcolino de Castro.

João Luís de Pinho Correia de Sá nasceu na casa das Mestras, da freguesia de Sanfins, deste concelho, / 100 / filho de Hermenegildo Correia de Sá e de sua mulher D. Minervina Amélia Tavares de Pinho e Sá. Casou com D. Maria Teresa Cardoso Peres Correia de Sá.

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Foi presidente da direcção da corporação dos Bombeiros Voluntários da Vila da Feira, exercendo agora os cargos de gerente do Grémio da Lavoura da Feira e S. João da Madeira e de director da Biblioteca – Museu Municipal desta vila, da qual já tinha sido sub-director durante o tempo em que foi director o Dr. Vaz Ferreira.

É sócio honorário da Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria, do Rio de Janeiro.

Há muito que se dedica, com inteligência, ao estudo da história regional, com publicação de valiosos artigos em diversas revistas e outras publicações, entre as quais destacamos as suas crónicas para este jornal e para o «Correio da Feira», para onde ainda escreve.

João Luís de Pinho Corrêa de Sá
Director do «Notícias»

Muito culto, os seus escritos despertam grande interesse, pela forma espirituosa e graciosa como são redigidos e pela actualidade e proveito dos seus temas.

Dr. António Rezende dos Santos nasceu em 5 de Janeiro de 1933, na freguesia de Souto, do concelho da Feira, filho de António Alves de Oliveira Santos e de D. Ana Jorge de Resende: casou com D. Maria Adelaide Neves Tavares de Oliveira Resende dos Santos. Licenciado na faculdade de Direito, pela Universidade de Coimbra, exerce a advocacia na Vila da Feira e foi presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários da Feira.

Na apresentação, no seu primeiro número, com o título – «Um Novo Jornal», traça, de modo inteligente e com relevo literário, a sua orientação que, em abono da justiça, cumpre-nos dizer que foi cumprida.

Dispensamo-nos de transcrever esta peça literária por estar reproduzida na fotografia que publicamos.

No artigo de fundo do último número da 2.ª série (335 de 18 de Maio de 1964) intitulado «Uma explicação e uma despedida» – afirma-se – «Como todos já viram «O Notícias» sofreu de há certo tempo para cá, embora silenciosamente, uma viragem na sua orientação. Na verdade o último exemplar, saído por conta da sua anterior proprietária e sob a responsabilidade do antigo director, foi o n.º 312. Desde aí são outros os seus dirigentes e embora legalmente tivesse continuado a correr com o primitivo cabeçalho, na realidade desde aquele referido número nunca fomos ouvidos sob qualquer das alterações feitas. Esta transferência teve, assim, um aspecto que até pareceu sub-reptício».

Mas acrescenta-se: «isso aconteceu contra a vontade de todos, devido a demoras burocráticas que só agora atingiram o seu termo».

Por sua vez, ao iniciar a terceira série com o número 336 de 25 de Março de 1964, a sua direcção esclareceu sobre o seu programa: «Alheios a tendências políticas a todos abre os braços, a todos procurará levar um pouco da terra natal e a todos pede que o / 101 / deixem crescer de acordo com os princípios que adoptou».

No seu último número declara: «se agora somos obrigados a suspender a publicação do «Notícias» por razões graves de deveres profissionais, ficamos ainda numa esperança de que um dia surja alguma alma grande que queira continuar a sua marcha na história para que «Notícias» viva».

«Notícias» foi um jornal de feição moderna, com boa impressão e apresentação, muito atraente e com uma direcção inteligente. Propondo-se ser a voz das «Terras de Santa Maria» deu acolhimento, no seu seio, à dos concelhos que a formaram e de outras mais terras do distrito, proclamando os seus anseios, reivindicando os seus direitos e defendendo os seus interesses, o que tudo se processou sempre com elevação e elegância de processos.

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Dr. António Resende dos Santos
Director do «Notícias»

Assim, teve correspondência de muitos concelhos do distrito, como Espinho, Ovar, Murtosa, S. João da Madeira, Arouca, Castelo de Paiva, Vale de Cambra, Aveiro, Ílhavo e Sever do Vouga, além de muitas outras localidades como Couto de Cucujães, Branca, Cacia, etc., o que concede a este jornal uma distinção única nos anais da imprensa periódica da nossa vila e concelho.

Ao «Notícias» se devem iniciativas de grande valor e que tiveram grande projecção não só local, mas regional, motivadas pela iniciativa, dinamismo e grande visão de jornalista do seu director João Correia de Sá.

Entre elas contam-se:

a) – montagem da cerimónia da recolha da terra da praça de armas do Castelo da Feira que, encerrada num pequeno cofre de filigrana de prata (com a miniatura do mesmo castelo) e perante numerosa e muito distinguida assistência, foi oferecida à Casa da Vila da Feira e Terra de Santa Maria, do Rio de Janeiro e entregue ao presidente da sua direcção, comendador Sílvio António da Silva, que a transportou para o Brasil;

b) – promoção das comemorações do centenário natalício do professor Doutor Guilherme Alves Moreira, com descerramento de uma lápide na casa onde nasceu, na freguesia de Milheirós de Poiares, deste concelho da Feira, sessão solene no Salão Nobre da Câmara Municipal, presidida pelo Ministro da Justiça de então, Doutor João de Matos Antunes Varela, com a presença, além de outras individualidades, do magnífico Reitor da Universidade de Coimbra e professores da faculdade de Direito da mesma Universidade e inauguração do busto do homenageado, no largo do conselheiro Dr. Abel de Pinho – fronteiro ao edifício do Tribunal Judicial, o que constituiu uma manifestação de grande brilho e de excepcional importância;

c) – montagem de diversas voltas de bicicleta nesta vila, com o concurso dos principais corredores do país;

d) – incentivou a realização, no salão nobre da Câmara Municipal, pelo menos, de duas exposições de arte, designadamente de pintura, de autores feirenses, nos quais se distinguiu, de modo especial, o pintor António Joaquim.

Este jornal teve como colaboradores, entre outros, os seus directores e ainda Manuel Laranjeira, neto do grande poeta feirense de igual nome, José Augusto Vasconcelos Vale, A. Carlos Ribeiro, Arlindo de Sousa e professor António Cabral.

Além do concurso das correspondências a que atrás referimos, o «Notícias» teve secções muito variadas, como estudos de assuntos históricos, desportivos, agrícolas, etc.

Deste jornal ainda existem colecções e muitos números dispersos, na Biblioteca Municipal e em mão de particulares.

(Continuação no número seguinte)
 

páginas 65 a 101

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