Acesso à hierarquia superior.

N.º 7

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Junho de 1969 

Os Bispos de Aveiro e o culto de Santa Joana

Pelo Padre João Gonçalves Gaspar

 Quem se desloca a Aveiro para nos visitar não pode deixar de incluir no seu programa de viagem ou de excursão uma ida ao Museu de Aveiro, rico no recheio de arte barroca e em diversos pormenores de arquitectura; mas, se o turista ao desejo de conhecer alia um amor a quem tentou aproximar-se mais de Deus, então recolher-se-á por momentos junto dum precioso túmulo que, há séculos colocado no velho coro de baixo da igreja de Jesus, guarda os restos mortais duma Princesa de Portugal.

Dentro daquelas vetustas paredes, testemunhas de muita vida de sacrifício, de oração e de amor, o visitante rememora um pouco de história de Aveiro. Mas não só: o grande edifício cenobítico lembra e faz viver com emoção o exemplo de santidade de D. Joana, a filha do Rei Africano.

Não é, pois, rotineiramente que passamos junto do convento dominicano, sempre que subimos ao burgo que outrora foi muralhado. Afinal, reis da Pátria e bispos da Igreja, fidalgos da corte e nobres da cidade, membros do clero e pessoas do povo aí foram também muitas vezes para implorar a ajuda da Princesa, agradecerem o seu valimento, venerarem a sua virtude, admirarem e adaptarem para as suas a vida dela.

Assim, procuraremos hoje trazer ao leitor amigo a mensagem da nossa meditação de horas furtivas sob o tema que encima estas linhas – Os Bispos de Aveiro e o culto de Santa Joana. Também aqui, desta forma simples, ficará registado um capítulo da nossa história. 

1 – Santa Joana no Mosteiro de Jesus

O mosteiro de Jesus de Aveiro teve por fundadora D. Brites Leitão ou D. Brites Leitoa que, sendo de nobre linhagem, se criou em casa do Infante D. Pedro e casou com Diogo de Ataíde, cavaleiro fidalgo da mesma casa e guarda-mor de D. Isabel, esposa do filho de D. João I. Falecida esta, os cônjuges vieram para Ouca (Vagos), onde possuíam uma rica e vasta quinta.


Túmulo de Santa Joana Princesa, em Aveiro.

Entretanto, sobreveio uma peste. Apesar de terem retirado para Leiria, Diogo de Ataíde faleceu em 1453; um dos dois filhos também sucumbiu ao flagelo – o primeiro morrera aos oito meses de idade; D. Brites, viúva de 27 anos, regressou a Ouca, na companhia das duas filhas. Resolveu depois dar-se à vida religiosa e, de acordo com o prior do convento dominicano da Misericórdia, mandou construir uma pequena edificação no sítio onde mais tarde se ergueu o mosteiro de Jesus; entrava para lá a 24 de Novembro de 1458, com as filhas.

Em 1460, bateu à porta D. Mícia ou Mécia Pereira, senhora fidalga, que enviuvara havia dois anos. A sua presença no incipiente recolhimento foi útil e decisiva; trouxe bens que se empregaram na compra de terrenos, com que se alargaram os iniciais, e na construção do edifício.

Pela bula Pia Deo et Ecclesiae desideria, de 16 de Maio de 1461, o Papa Pio II autorizava a fundação conventual. (1) D. Brites e D. Mícia propuseram-se fazer a igreja e aumentar a habitação, em forma de mosteiro; a primeira pedra foi lançada por D. Afonso V e benzida, a 15 de Janeiro de 1462, pelo bispo de Coimbra, D. João Galvão. D. Brites deslocava-se para Ouca com o fim de dirigir o fabrico dos tijolos e das telhas e D. Mícia ficava em Aveiro a vigiar as obras. Esta última senhora, esgotada pelo trabalho, morreria a 3 de Outubro de 1464.

A primeira tomada de hábito foi a 25 de Dezembro de 1464 e, a 1 de Janeiro seguinte, realizava-se a cerimónia da clausura. Um ano depois professava D. Brites e mais duas religiosas; as restantes aguardaram o domingo após a Epifania, 12 de Janeiro, data em que, mais uma vez, esteve presente D. Afonso V.

A fundadora finou-se a 3 de Agosto de 1480. O mosteiro, cujo edifício sofreu através dos tempos / 29 / diversas ampliações e modificações, desde o início beneficiou material e moralmente com a estadia de Santa Joana, filha daquele monarca e de sua mulher, a rainha D. Isabel. Foi esse um facto extraordinário e de grande alcance na existência do cenóbio e do burgo, que ficou a marcar na história de ambos. O Príncipe Perfeito, que contrariaria a vocação da irmã, dar-lhe-ia finalmente as próprias rendas da vila de Aveiro. (2)

 

Santa Joana nasceu em Lisboa, no Paço de Alcáçova, a 6 de Fevereiro de 1452. Seu irmão mais velho morrera com meses de idade e, por isso, no meio do maior entusiasmo, foi jurada em cortes por Princesa herdeira do Reino, título que pela primeira vez se dava em Portugal; embora o tivesse perdido, passados dois anos, pelo nascimento do novo irmão, o futuro D. João II, nem por isso o povo e os cronistas deixaram de a tratar por Princesa. Órfã de mãe aos quatro anos, procurou sempre praticar a mais edificante virtude, apesar do fausto e do ambiente da corte; e assim foi crescendo.

Aos 19 anos, com a autorização de seu pai que voltava vitorioso de África, recolheu-se ao mosteiro de Odivelas. Desejando, porém, uma vida de mais austera penitência, mal decorridos sete meses, mudou para o pobre convento dominicano de Jesus, em Aveiro; a 25 de Janeiro de 1475, com o hábito da Ordem dos Pregadores, iniciaria o noviciado.

Conhecido este propósito, moveram-lhe grande oposição o pai, o irmão, os fidalgos, os procuradores de cidades e vilas, que viam na sua atitude um perigo para a sucessão do trono, visto o rei ter apenas aqueles dois filhos. Mas nada demoveu a Princesa que, apesar de não ter sido autorizada a fazer os votos perpétuos, ficou no convento, onde seria «freira sem profissão». (3)

Senhora de grande beleza, de firme carácter e de excelsa virtude, (4) vários príncipes a quiseram para esposa, ao que ela sempre resistiu. Finalmente, depois duma vida de perfeição, de humildade e de fervor espiritual, falecia no mosteiro de Jesus, a 12 de Maio de 1940, apenas com 38 anos de idade. (5)

Logo após a sua morte, o povo de Aveiro, antecipando-se ao julgamento da Igreja, começou a denominá-la por santa e a venerá-la. D. Pedro II alcançaria mais tarde do Papa Inocêncio XI o breve de 4 de Abril de 1693, no qual se confirmava o culto, sendo concedida à Princesa a designação de beata e o ofício e a missa próprios, para todo o País e para a Ordem Dominicana.

O mesmo rei ordenou a renovação e o aformoseamento do coro de baixo, onde Santa Joana havia sido sepultada, e mandou substituir a urna, que continha os seus restos mortais desde 1577, pelo valioso túmulo actual. Precioso trabalho de mosaico de mármores polícromos, formando desenhos geométricos e emblemas sagrados nas faces, a sua traça é do arquitecto real João Antunes. (6)

O processo da canonização de Santa Joana, iniciado em Maio de 1746, nunca foi concluído, por desinteresse dos requerentes. (7)

Durou quatro séculos a vida conventual de Jesus, fortemente alentada pelo nome e pela santidade da Princesa e a 2 de Março de 1874 faleceria a última religiosa e, com o desenlace, fechar-se-ia o velho ciclo cenobítico. (8)

 

2 – Santa Joana, Protectora de Aveiro

Encontramo-nos em 1773. D. José I, em carta régia de 28 de Setembro, solicitava a Clemente XIV a criação da Diocese de Aveiro. O papa, após minucioso inquérito, deferiu o pedido do rei em breve de 12 de Abril do ano seguinte. Estava erigida uma catedral entre nós. (9)

A instauração da nova Diocese, na mente de D. José I e do Marquês de Pombal, obedecia a um plano de valorização local – tanto mais que Aveiro era também já um centro de piedade à volta das cinzas da Princesa Santa Joana. Com efeito, a vila fora elevada a cidade em 1759 e, no ano posterior, a sede da / 30 / provedoria ou corregedoria era transferida de Esgueira para Aveiro; o Governo mostrava ainda efectivo interesse pela melhoria da barra e pela instalação de indústrias de vidro e de seda. (10)

   
 

PRINCESA SANTA JOANA
(Retrato do quadro em trajo da corte da segunda metade do século XV, existente no Museu de Aveiro) - Versão a cores

 

 

Desde 1801 até 1813, esteve à frente da Diocese o bispo D. António José Cordeiro, figura que aliava à erudição, à energia, à firmeza de carácter e ao zelo apostólico, uma virtude invulgar e uma extraordinária piedade; mostrou-se ainda um insigne aveirense e um valoroso patriota na reacção e na luta contra as incursões napoleónicas. (11)

Já antes das invasões francesas, o Prelado se havia interessado pelo culto de Santa Joana. Efectivamente, a 29 de Abril de 1807, publicara o seguinte documento:

«Desejando Nós concorrer quanto de Nós depende para o culto e veneração da augusta Princesa de Portugal, a Bem-aventurada Santa Joana, cujas sagradas relíquias se conservam no real mosteiro de Jesus, desta cidade, e promover a solenidade da sua festividade, reconhecendo os muitos benefícios de que os Nossos diocesanos são devedores à mesma Santa Princesa;

Havemos por bem ordenar que os revs. párocos e eclesiásticos assistentes nesta cidade vão com cota ou sobrepeliz e barrete à solene procissão que se faz em cada um ano no dia da festa da mesma Santa Princesa, para o que se ajuntarão na catedral pelas três horas e meia da tarde, e daí sairão processionalmente debaixo da cruz da mesma catedral em direitura à igreja do dito real mosteiro para se encorporarem na referida solene procissão». (12)


Brasão de D. António José Cordeiro, Bispo de Aveiro.

Por seu turno, as dominicanas, «em fins de 1806 ou princípios de 1807, dirigiram ao Príncipe Regente, depois D. João VI, uma súplica, manifestando-lhe os desejos de que a festividade da Princesa Santa Joana, que elas anualmente mandavam celebrar, fosse feita com toda a pompa e luzimento». (13) O Príncipe, depois de ter a concordância do provedor da Comarca, da Câmara de Aveiro e do procurador da Coroa, e depois de o desembargador do Paço ter dado, a 27 de Janeiro de 1807, o seu despacho favorável, determinou, por provisão passada a 12 de Fevereiro seguinte, logo registada na Chancelaria a 17 do mesmo mês:

«... Hei por bem que a procissão que no dia da festividade da Princesa Santa Joana se costuma fazer na dita cidade [de Aveiro] seja considerada como real e que a ela assista e a acompanhe o senado da Câmara da mesma cidade, que nomeará as pessoas que deverão levar o pálio e insígnias principais, e determinará o giro regular e decente da mesma procissão assim como costuma praticar nas procissões reais, assistindo também com as suas insígnias à Missa da festa do referido dia na dita igreja [do mosteiro de Jesus] no lugar que lhe competir com decência e decoro segundo as minhas reais ordens». (14)

A Câmara Municipal de Aveiro começou, deste modo, a tomar à sua conta, entre as festividades que mandava celebrar com luzimento, também a de Santa Joana; e de tal forma a devoção à Princesa se avolumou, que o culto de Santa Ana, há séculos Padroeira de Aveiro, passou a segundo plano – para finalmente entrar no olvido. Os próprios missais romanos, no apêndice para Portugal, que nos anos de setecentos incluíam no calendário de Aveiro os textos litúrgicos para a Mãe da Virgem Maria, omitiram-nos nas edições do século XIX. (15)

Iniciara-se, contudo, o período difícil das lutas contra os franceses invasores. Formara-se mesmo em Aveiro uma Junta Provisional, à semelhança da que fora instituída no Porto e dela dependente, que era reconhecida pelas autoridades civis, militares e eclesiásticas; urgia defender a Nação. (16) Levado pela sua formação religiosa, D. António José Cordeiro rogava instantemente aos diocesanos que pedissem a ajuda divina, com a invocação de Santa Joana. A 5 de Agosto de 1808, durante a primeira invasão e já escolhido como presidente da Junta Provisional de Aveiro, escrevia em circular:

«Devendo Nós reconhecer que as calamidades que temos sofrido são um efeito da vingança de Deus Nosso Senhor pelos pecados com que temos ofendido e provocado a sua ira, é preciso, amados irmãos e filhos caríssimos, por meio de penitências / 31 / e de um perfeito arrependimento das nossas culpas aplacar a ira do Senhor e desarmarmos o braço da sua divina justiça, para que pela sua misericórdia ponha termo ao castigo, de que Napoleão e as suas tropas têm sido o instrumento, e proteja e auxilie as portuguesas e as dos nossos fiéis aliados para serem inteiramente desbaratadas as do inimigo e se concluir em todo o Reino a restauração da Monarquia Portuguesa; e é também preciso ao mesmo tempo desagravar os horríveis e sacrílegos desacatos que aquelas tropas francesas sem Fé nem Religião têm feito tão repetidas vezes ao Santíssimo e Adorável Sacramento do Altar, não só profanando os vasos sagrados mas também lançando por terra ímpia e sacrilegamente as sagradas partículas. Pelo que temos resolvido fazer, na tarde do dia 7 deste mês, uma procissão de penitência que sairá da Nossa catedral, sendo levada nela a devotíssima imagem do Senhor Ecce Homo, que se encaminhará à igreja do real mosteiro de Jesus, aonde se venera o corpo da Bem-aventurada Princesa Santa Joana, a quem já em princípio da nossa consternação havíamos tomado por medianeiro para com o Pai de Misericórdias, e outrossim, no dia 15 deste mês, expor o Santíssimo Sacramento por todo o dia à adoração dos fiéis e na tarde do mesmo dia fazer procissão de desagravo, da mesma forma que se faz a do Corpo de Cristo».

Os párocos e clérigos seculares e regulares da cidade deveriam concorrer à Sé com os fiéis e fazer penitência, jejuns, esmolas, mortificações e orações; os pastores de almas nas suas freguesias fariam uma ou outra procissão num dos dias de preceito, logo que recebessem esta ordem, «que não demorarão na sua mão mais de duas horas». (17)

Todo o Reino estava levantado. O inimigo era vencido na Roliça (17 de Agosto) e no Vimeiro (21 de Agosto) pelas tropas anglo-Iusas; depois da Convenção de Sintra, realizada a 30, os franceses retiraram-se em navios ingleses, com armas, bagagens e riquezas roubadas. Acabara a primeira invasão. (18)

A 24 de Agosto, já D. António, em extensa circular, celebrava alegremente o facto. Tendo cessado o flagelo, convidava todos os fiéis a darem graças a Deus. Informava que, também por esse motivo, resolvera celebrar Pontifical na Sé no dia 8 de Setembro, com sermão, exposição do Santíssimo Sacramento, procissão eucarística até à igreja de Jesus, «aonde se venera o corpo da Bem-aventurada Princesa de Portugal Santa Joana, cuja intercessão para com o Pai das Misericórdias e o Deus de toda a consolação havíamos implorado», cantando-se aí um solene te-deum, e regresso em nova procissão para a sé; todo o clero, residente até à distância de uma légua, viria tomar parte nestes actos religiosos. Com as «devidas demonstrações de alegria» os párocos, «no primeiro domingo ou dia festivo com o seu respectivo clero e povo, ou ao menos uma pessoa de cada casa», cantariam o te-deum com as preces do Ritual, nas igrejas das freguesias. (19)

Entretanto, restabelecera-se a regência do Reino e o País organizava-se para resistir a qualquer novo ataque do inimigo. (20) A 24 de Janeiro de 1809, o bispo escrevia nova pastoral. Rogava a todos que impetrassem de Deus o seu valimento; pedia também, afora outras orações e penitências, que se implorasse, «com uma particular confiança e devoção, o patrocínio e intercessão da Santíssima Virgem Mãe de Deus, Protectora do Reino, e da Augusta Princesa de Portugal, Santa Joana». (21)

Inesperadamente, porém, dá-se a segunda invasão napoleónica nos princípios de 1809. Entrando por Chaves, os franceses chegaram ao Porto, que logo capitulou; estava-se nos fins de Março. Em Aveiro, aos primeiros rumores de guerra, o povo armou-se, assumindo a orientação o prelado, que mandou executar o plano de defesa do ano transacto. A tal ponto os aveirenses não foram dos menos aguerridos, que o inimigo não transpôs o rio Vouga para o sul; somando-se à divisão do coronel inglês Trant no início de Abril, aguentaram a defesa e depois, a 10 de Maio, atravessavam para o norte. O Invasor, surpreendido em Albergaria-a-Nova, nada mais teve a fazer do que retirar, pressentindo-se já na derrota. (22) A 19 do referido mês de Maio, o segundo bispo de Aveiro mandava que se cantasse um te-deum de acção de graças em todas as igrejas paroquiais. (23)

Mas, em Junho de 1810, surgia de novo o espectro da luta armada. Felizmente, marchando Massena para o sul vindo de Cidade Rodrigo e depois da derrota do Buçaco, Aveiro pôde respirar. Os seus habitantes, que se tinham refugiado nas areias de São Jacinto e da Gafanha e nas ilhas da ria, começaram a regressar e a retomar a vida normal. (24) A 18 de Abril de 1811, o prelado anunciaria a derrota definitiva dos franceses, possuído de intensa satisfação; por isso, mais uma vez prescrevia o canto do te-deum em todas as igrejas; anunciava que, na catedral, haveria a mesma cerimónia a 21 e, noutro dia a designar, celebraria Pontifical pela manhã e presidiria à tarde, após um sermão, a uma procissão eucarística até à «igreja do real mosteiro de Jesus aonde se venera o corpo da Santa Princesa, cuja intercessão havíamos implorado, e ali cantaremos outra vez o te-deum». Desde já D. António José Cordeiro convidava para essas solenidades todo o clero com domicílio dentro da área de uma légua e mandava que se fizessem actos de desagravo pelos «horrorosos / 32 / e sacrílegos desacatos» contra o Santíssimo Sacramento, as imagens e os templos, «além de outros muitos criminosos excessos» que cometeram os «bárbaros inimigos sem religião, sem fé e sem moralidade». (25)

Entretanto, ficava em Portugal, no rescaldo das invasões francesas, um certo descontentamento social e político. Em Aveiro, foi preponderante e decisiva a acção da loja maçónica dos Santos Mártires.


MOSTEIRO DE JESUS – (Hoje Museu de Aveiro)

O movimento revolucionário foi alastrando por todo o País; o regime liberal eclodiria em 1820. Promulgadas pelas novas Cortes as Bases da Constituição em Março de 1821, logo se procedeu ao seu juramento em toda a Nação. A cerimónia realizou-se em Aveiro no dia 29, presentes a Câmara Municipal, o prelado e as demais autoridades civis, militares e eclesiásticas. A 10 de Abril, foi o juramento das forças de linha, com parada em Santo António; a seguir, todos se dirigiram para o convento de Jesus, onde o vigário geral, Dr. Manuel Rodrigues de Araújo Taborda, presidiu à Missa Solene e ao te-deum. Também nesta ocasião não foi esquecida Santa Joana, junto de cujo túmulo se realizou a cerimónia religiosa.

Apesar de tão grandes festas pelo nascimento do liberalismo em Portugal, mesmo com a participação da autoridade diocesana, não deviam ser pequenas as apreensões do mosteiro de Jesus em face dos factos políticos que desde logo se viram ser de tendência anticlerical. O futuro dar-lhe-ia razão. (26)
 

3 – No declínio e na extinção do mosteiro de Jesus

Um decreto de 5 de Agosto de 1833, assinado por D. Pedro IV, que obedecia aos princípios do liberalismo, licenciava todos os noviços dos conventos e proibia a admissão de novos; nos anos seguintes, ficariam sob a sua alçada os mosteiros femininos. O País assistiria, então, durante dezenas de anos, à morte lenta da vida claustral: o mosteiro fechava-se, ao desaparecer a última professa, e os bens com o imóvel eram incorporados na Fazenda Nacional. Quanto aos conventos masculinos, a lei tornar-se-ia mais radical: seriam puramente extintos, em 1834, pelo célebre decreto de 28-30 de Maio, e os frades espoliados do que era seu, deixariam violentamente as casas. (27)

Embora os recursos das dominicanas se tivessem ressentido depois da extinção das Ordens Religiosas e consequente desamortização dos seus bens, a festa de Santa Joana continuava a ser a principal do mosteiro, entre as diversas que aí se realizavam; as irmãs não podiam, todavia, dar à solenidade a imponência do passado. Por tal razão, a Câmara Municipal não só continuaria a estar presente mas também tomava a seu cargo, a partir de 1844, as despesas da procissão, além do que lhe era devido pela provisão real de 1807. Uns anos com mais brilho e outros com menos, a festividade foi-se fazendo durante a progressiva decadência, tanto do mosteiro de Jesus como da diocese de Aveiro.

Não se pode, contudo, deixar de registar o facto de as festas de Santa Joana, celebradas em Maio de 1863, terem a presidência de D. Joaquim Moreira dos Reis, bispo resignatário de Angola, convidado para o efeito; houve Pontifical, pregando o Cónego Dr. José Joaquim de Carvalho e Góis, que seria vigário geral de Aveiro em 1868-1869. Estava à frente do bispado o Dr. José António Pereira Bilhano, por incumbência do arcebispo de Braga.

/ 33 / A presença de um prelado, como era um facto insólito desde há dezenas de anos, atraiu muita gente a Aveiro e na procissão incorporaram-se os párocos da cidade e dos arredores, as autoridades civis e militares, as irmandades locais e a tropa aqui aquartelada. (28)

A agonia do convento de Jesus de Aveiro prolongou-se por quarenta anos, tudo se consumando a 2 de Março de 1874. Estavam à frente do governo do Bispado, como vigário geral efectivo o Dr. Manuel Augusto de Sousa Pires de Lima, quase sempre ausente por causa dos afazeres no parlamento, e, como vigário geral substituto, o Dr. Manuel Baptista da Cunha, mais tarde arcebispo de Mitilene e depois arcebispo de Braga. Era administrador apostólico da Diocese de Aveiro, nessa altura, D. José Joaquim de Azevedo e Moura, arcebispo de Braga, que nomeara aqueles vigários gerais. (29)

Já a 9 de Fevereiro daquele ano, o delegado do Tesouro Público no Distrito de Aveiro, António Leite de Sousa Reis, avisava a Direcção-Geral dos Próprios Nacionais de que a última professa do convento, D. Maria Henriqueta dos Anjos Barbosa Osório, se encontrava em perigo de vida; em face disso, perguntava qual o destino a dar às recolhidas que com ela viviam, se o desenlace surgisse. A 13 de Fevereiro, também o vigário geral substituto pedia instruções à Secretaria de Estado de Negócios Eclesiásticos e o delegado do Tesouro urgia cópia do inventário. (30) A 18, oficiava o director-geral dos Negócios Eclesiásticos ao Dr. Baptista da Cunha, solicitando informações sobre o destino das senhoras recolhidas no mosteiro, que, «não podem ali conservar-se depois de tomar posse [do edifício] a Fazenda Nacional». (31)


D. Manuel Correia de Bastos Pina
Bispo de Coimbra

O vigário geral respondeu, a 23, pedindo caridade para essas pobres senhoras, pois «seria grande dureza e violência expulsá-las do convento imediatamente após o falecimento da última freira». (32)

Morta a última religiosa, o Dr. Baptista da Cunha, logo no mesmo dia 2 de Março de 1874, expunha ao director-geral dos Negócios Eclesiásticos o que pensava sobre o futuro do edifício. Embora a Fazenda Nacional tomasse conta da casa, «maior utilidade pública resultaria de ele ser concedido para ali se estabelecerem as aulas e repartições públicas eclesiásticas deste bispado e a residência do prelado»; além disso, ainda aí haveria lugar «para a arrecadação dos objectos de maior valor pertencentes à mitra, que até agora tinham sido guardados no convento de Jesus, e para arrumação dos livros que escaparam à rapacidade e à voracidade do incêndio que, em 1864, reduziu a cinzas a maior parte do paço episcopal, parte dos quais estão a granel e mal acondicionados». O vigário geral lembrava, portanto, a conveniência de «ser entregue ao governo deste bispado o convento de Jesus, com alguns dos seus rendimentos e a sua mobília, para ali se formar um seminário, ou ao menos só o edifício com as suas dependências para ter o destino acima indicado». (33)


Madre Maria Inês Champalimaud Duff - Directora do Colégio de Santa Joana.

Contudo, surgiu imediatamente um movimento diferente na cidade, encabeçado pela Câmara Municipal e acarinhado pelas recolhidas, com o qual se pedia ao rei a conservação do mosteiro como recolhimento ou casa de educação e ensino. (34) O próprio vigário geral substituto, a 10 de Março, dava a sua opinião e fazia nova proposta, escrevendo ao mencionado director-geral:

«Com referência ao conteúdo no meu ofício de 2 do corrente, cumpre-me acrescentar que, tendo-me constado, depois de expedido o mesmo ofício, haver-se assinado nesta cidade uma representação pedindo a conservação do convento de Jesus como colégio de educação para o sexo feminino e parecendo-me ser de reconhecida utilidade pública a fundação de um semelhante estabelecimento, cuja falta é de há muito sentida no Distrito de Aveiro, entendo que a conveniência de ter aquele convento o destino indicado é superior à de ele ser dado para seminário diocesano. Assim, pois, é somente no caso de não se fundar no convento colégio para o sexo feminino que eu peço a concessão dele para seminário, ou ao menos para a instalação das repartições e aulas eclesiásticas e residência do prelado». (35) / 34 /

De facto, o Governo atendeu às instantes súplicas dos aveirenses e, por uma portaria de 22 ou 30 de Maio de 1874, autorizava a conversão do mosteiro de Jesus em colégio feminino, sob a orientação da pupila D. Leonor Angélica Cardoso de Lemos; a nova instituição passou a denominar-se Colégio de Santa Joana Princesa. (36) O colégio, todavia, a braços com graves diliculdades, mal iniciou então a sua acção benéfica; (37) anos mais tarde, já extinto o bispado em 1882 e incorporada a cidade de Aveiro no território do de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina teve mesmo de se

opor à aplicação do edifício a hospital ou às repartições do governo civil e conseguia que o Estado ordenasse a imediata reparação do que fosse mais urgente. (38)

O bispo de Coimbra recorreu depois à Congregação de Santa Catarina de Sena das Irmãs Terceiras Dominicanas, no sentido de melhorar o colégio; para o efeito entendeu-se com D. Teresa Saldanha de Oliveira e Sousa, irmã do Marquês de Rio Maior, que, embora ainda não tivesse professado, dirigia a Congregação que fundara. De facto, após algumas diligências, o colégio de Santa Joana reabriria com novo vigor a 10 de Novembro de 1884; as irmãs tomaram simultaneamente à sua guarda a casa e as relíquias da Padroeira de Aveiro. (39) Graças a Bastos Pina, assim se consolidara a existência do que, «sendo um dos primeiros do País, é o assombro de todos os que de longe e de perto o visitam». (40)

Durante vinte e cinco anos, centenas de meninas passaram pelo Colégio de Santa Joana, sob a égide da sempre recordada Madre Maria Inês Champalimaud Duff. D. João Evangelista de Lima Vidal escreveria mais tarde:

«A alma ardente de um bispo que por aqui passou – D. Manuel Correia de Bastos Pina – a um doce ninho de oração, de recolhimento e de penitência, que ali se abrigara em Jesus à sombra das velhas telhas dominicanas, fez suceder, sem lhe alterar em nada o seu ar celeste, mas abrindo-lhe horizontes mais largos, mais em conformidade com as condições e as exigências dos tempos, um colégio famoso de educação de meninas, que teve o nome, ainda hoje tão recordado, de Colégio de Santa Joana Princesa de Aveiro [...]. Só Deus sabe ao certo a soma exacta dos benefícios que espalhou pela cidade e pelo País inteiro o colégio de Santa Joana». (41)

A 5 de Outubro de 1910, foi a implantação da República em Portugal. O novo regime, embora pugnando pela liberdade total, a 8 de mesmo mês restabelecia plenamente as leis do Marquês de Pombal, de Joaquim António de Aguiar e de Anselmo José Braamcamp sobre a Companhia de Jesus e todas as demais Ordens e Congregações Religiosas. (42) A 18 de Outubro, saíram do mosteiro de Jesus as últimas religiosas e, a 21, foi transferido o Santíssimo Sacramento para a vizinha igreja da Glória. (43) O histórico edifício conventual, depois de entregue, a 11 de Julho de 1911, à Câmara Municipal, viu-se transformado em museu, na parte contígua ao claustro e à igreja. A nova instalação teve efeito pela portaria de 23 de Agosto. (44)

Assim a renascida diocese de Aveiro, restaurada em 1938, encontrou o convento de Jesus: museu belo mas morto, que guarda dentro das suas paredes preciosidades de história e de arte, onde se encontram também as cinzas vivas de santidade da Princesa, protectora de Aveiro.
 

4 – Na Diocese de Aveiro, após a sua restauração

É interessante notar que, desde o início da campanha pelo ressurgimento do bispado, os aveirenses se voltaram piedosamente para aquela que, deixando Lisboa, viveu, morreu e foi sepultada entre eles; os católicos aveirenses confiaram em que Santa Joana não deixaria de ser a sua celeste Protectora.

Logo no dia 24 de Março de 1931, uma comissão foi à Nunciatura Apostólica, em Lisboa, e falou com / 35 / Mons. Giovanni Beda Cardinale, solicitando-lhe o valimento a favor da sua pretensão. (45) Na mesma altura confiaram ao Núncio Apostólico, para ser entregue ao Santo Padre Pio XI, uma exposição por escrito. Nela se historiavam os efeitos perniciosos da extinção da diocese, ao mesmo tempo que se apontavam as razões para o seu restabelecimento. Quase a terminar, dizia a referida exposição:

«Com a protecção da Princesa Santa Joana, cujas cinzas se guardam em precioso túmulo no convento de Jesus de Aveiro, da qual é patrona, [...] a coragem e a boa vontade jamais nos faltarão a favor deste nosso empreendimento.» (46)

O primeiro bispo de Aveiro, na segunda fase da diocese, foi D. João Evangelista de Lima Vidal, aveirense de nascimento e amigo entranhado da sua terra; tendo celebrado a Missa Nova na igreja de Jesus a 25 de Dezembro de 1896, levado pela devoção à Princesa e pelo agradecimento do que devia à sua intercessão e do que recebera do colégio quando criança, (47) aí pregou diversas vezes na festividade de Santa Joana. (48)

Restaurada a diocese de Aveiro em 1938, logo D. João Evangelista de Lima Vidal procurou incentivar o culto da Padroeira. É que, encerrados embora em precioso sepulcro, os seus restos mortais encontravam-se quase abandonados e sem a devoção daqueles que têm a honra de os possuir na sua cidade. Olhava-se para a beleza do cofre raro como peça de museu e não se reparava no fulgor que ainda vem do seu íntimo, rompendo a dureza do mármore, a lembrar virtude e santidade. A 15 de Janeiro de 1939, já em Aveiro se realizava a primeira grande peregrinação ao glorioso sepulcro de Santa Joana. (49) Nessa altura, escreveu e disse o arcebispo:

 

 
 

D. João Evangelista de Lima Vidal.
Arcebispo-Bispo de Aveiro

 

«Seja como for, o que me incumbe desde já, e ardentemente, é procurar, quanto em mim caiba, não deixar cair este nome nas sombras do silêncio e do sono, é limpar de uma primeira camada de poeira o manto da Santa Princesa; é acender uma lâmpada à beira do seu sepulcro; é fazer ouvir, aos quatro lados do seu mausoléu, o murmúrio suave das preces e dos corações dos fiéis; é dizer às aranhas e aos vermes, e a todos esses micróbios que se valem do esquecimento e da noite para viverem: para fora daqui, parasitas; o corpo de uma Santa não é pasto miserável para a vossa fome; para fora daqui, importunos, vós não sois coroa para a fronte imaculada da Santa; dai-lhe lugar à luz, à luz refulgente do meio-dia; dai-lhe lugar às flores, flores de fragrância, flores ele brancura; dai-lhe lugar à luz, à luz das velas, brilhantes como estrelas do céu; dai-lhe lugar ao incenso, que rola em espirais ao trono de Deus; dai-lhe lugar às preces, ao doce sussurro das almas; dai-lhe lugar ao amor, que é afinal a luz dos nossos olhos, a vida da nossa vida, a alma da nossa alma». (50)

No mesmo ano, verificar-se-iam mais duas peregrinações ao túmulo de Santa Joana: uma do arciprestado de Vagos, a 16 de julho de 1939; (51) outra, a 15 de Outubro, de Águeda e ílhavo com suas freguesias. (52) O povo, em grande número, concentrou-se na Avenida nas Tílias, no Parque. Celebrada a Missa, todos se dirigiram para a catedral e depois para a igreja de Jesus, em cortejos a que Aveiro não estava habituado.

Ainda em 1939, a 9 de Novembro, iniciou-se a celebração da Missa às quintas-feiras, na mencionada igreja de Jesus, que se prolongou durante algum tempo. (53) Mais tarde, a partir de 5 de Novembro de 1950, dar-se-ia continuação ao culto nesse histórico templo, com a liturgia dominical; (54) continua a haver concorrência de devotos que aproveitam essa ocasião para também prestarem veneração à Princesa que, deixando a corte, escolheu a pobre vila de Aveiro e fez nela a sua «Lisboa a pequena». (55)


Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro.

Em Junho de 1940, sob a presidência do cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, foram efectuadas invulgares festas em honra de Santa Joana, ainda como acção de graças pela restauração da diocese de Aveiro. Depois da novena preparatória, / 36 / realizou-se, na manhã do dia 15, uma Missa campal no Parque, seguida de pereginação ao túmulo; no dia 16, o cardeal patriarca celebrou Pontifical, segundo o rito joanino, e presidiu à procissão; e, no dia imediato, houve um sarau de gala no Teatro Aveirense. (56)

A 24 de Agosto de 1941, terceiro aniversário da assinatura da bula pontifícia da reconstituição do bispado, o prelado de Aveiro promoveu uma nova peregrinação diocesana, que se concentrou na igreja da Vera-Cruz e no largo fronteiriço, dirigindo-se depois para o túmulo. (57)

As festas de 1942, a 23 e 24 de Maio, tiveram uma circunstância que as assinalou: é que, no primeiro desses dias, na presença de autoridades e de muito povo, colocou-se oficialmente e solenemente se benzeu a primeira pedra do seminário diocesano de Aveiro, que tem o nome de Santa Joana. (58)

Em 1948, efectuaram-se as chamadas festas da cidade; também no programa foi inserida, a 23 de Maio, a festividade litúrgica da Padroeira, com as cerimónias do costume. (59) De igual forma em 1952 – ano do quinto centenário do seu nascimento (60) – e em 1959 – ano do milenário de Aveiro (61) – incluiu-se a mesma festa nas da cidade, respectivamente a 11 de Maio e a 28 de Junho.


Pormenor do Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro.

O feriado municipal em Aveiro, desde 1951, é o dia 12 de Maio, aniversário da morte de Santa Joana e seu dia litúrgico; nele se tem celebrado anualmente a festa religiosa da Princesa, pelo menos com Missa solene e procissão, sob a presidência do prelado diocesano.

Em 1964, completados os vinte e cinco anos da sua nova existência, a diocese agradeceu, a 12 de Maio, os primeiro cinco lustros cravejados de favores de Deus e perfumados pela protecção da Padroeira. Na verdade, Santa Joana tem estado presente na piedade dos crentes, quer nas horas de grande regozijo como em 1938, quer nos momentos perturbantes de aflitiva inquietação como nos princípios do século passado. A luz que lhe encheu os olhos é a mesma que, com o ar salgado do oceano e da ria, a todos nos irmana.

Decorreram com dignidade as cerimónias habituais; nessas horas, todos estiveram presentes, mortos e vivos, os de perto e os de longe, a agradecer dons recebidos e a rogar novos favores. Após o Pontifical da manhã, cantou-se à tarde o te-deum, na presença das autoridades; Santa Joana foi piedosamente evocada. Sempre sob a presidência de D. Manuel de Almeida Trindade, actual bispo de Aveiro, seguiu-se a procissão, entre o repique dos sinos, no meio de alas de povo, com aprumo, devoção e amor. Assim terminaria um dia grande para a cidade e para a diocese, que souberam ajoelhar diante de Deus em oração reconhecida. (62)
 

5 – Finalmente... Padroeira de Aveiro

A 21 de Junho de 1959, em documento público dirigido aos seus diocesanos, o bispo de Aveiro, D. Domingos da Apresentação Fernandes, manifestava o desejo de impulsionar mais o culto da Princesa e de envidar os esforços para que fosse retomado o processo da / 37 / sua canonização, suspenso desde os meados do século XVIII; nesse sentido, nomeou uma comissão para tratar das questões referentes, de colaboração com o postulador da Ordem Dominicana. (63) Criava ainda, na mesma data, a associação dos Pagens de Santa Joana Princesa, destinada a jovens de ambos os sexos, com sede na igreja de Jesus, (64) onde também – canonicamente erecta já desde 1877 – existe a Real Irmandade de Santa Joana Princesa. (65)


D. Manuel de Almeida Trindade
(actual Bispo de Aveiro)

Em Aveiro, como se disse, «a excelente Infanta e singular Princesa» (66) começou a ser considerada pelo povo como sua celestial Padroeira, a partir do início do século XIX, aquando das invasões francesas. Todavia, a confirmação ou o reconhecimento da Santa Sé apenas se daria passado mais de século e meio.

Com efeito, a 17 de Julho de 1964, D. Manuel de Almeida Trindade dirigiu ao papa uma petição, requerendo que Santa Joana, embora apenas beatificada, fosse daclarada Padroeira da cidade e da diocese de Aveiro, um vez que nunca havia sido reconhecida como tal. (67)

Ouvida a Sagrada Congregação dos Ritos, Paulo VI assinava, a 5 de Janeiro de 1965, um breve em que determinava:

«Nós, portanto, de muito bom grado resolvemos atender ao pedido, no desejo de premiar condignamente tão piedosa devoção popular. [...] Com conhecimento certo e prudente deliberação e pelo Nosso poder apostólico, por este breve perpetuamente confirmamos ou constituímos e declaramos a Bem-aventurada Joana, Princesa de Portugal, como principal Padroeira junto de Deus para a cidade e para toda a diocese de Aveiro, / 38 / com todos as honras anexas e privilégios litúrgicos que legalmente competem aos padroeiros principais dos lugares». (68)

A 13 de Março seguinte, o referido dicastério romano autorizava que, na diocese de Aveiro, a festa litúrgica de Santa Joana, decorrente a 12 de Maio, fosse de segunda classe, com missa e ofício próprios. (69)

Em nota pastoral de 7 de Abril, D. Manuel de Almeida Trindade deu então aos seus diocesanos a «feliz notícia» do bom termo das diligências efectuadas, depois de ter seriado resumidamente as manifestações de culto à volta da figura de Santa Joana e de haver aludido a trabalhos de investigação sobre a sua vida. O actual prelado de Aveiro também augurava: – "Oxalá este facto venha despertar ainda mais, não só na cidade mas ainda em toda a diocese, a devoção a Santa Joana e em breve possamos ver concluído o processo da sua canonização». (70)

Na Assembleia Nacional, um dos deputados do distrito, o Dr. Belchior Cardoso da Costa, referiu-se ao jubiloso acontecimento na sua intervenção de 23 de Abril. Num discurso cheio de ponderação falou da devoção dos povos de Aveiro a Santa Joana e dos predicados humanos e virtudes cristãs da Princesa e fez votos por que um dia se alcance a suprema glorificação da Igreja para a Filha de D. Afonso V; «penso mesmo – disse – que caberá bem aos nossos representantes oficiais junto da Santa Sé tomar partido por esta nobre causa e auxiliar o insigne prelado nos altos propósitos que o orientam e o dominam em matéria de tanta sublimação e da mais importante transcendência para o progresso espiritual do nosso povo». (71)

Também a Câmara Municipal de Aveiro, representante autorizada das gentes da sua jurisdição, não podia faltar com o seu aplauso. Na reunião ordinária de 26 de Abril, aprovou por unanimidade a proposta do presidente, Dr. Artur Alves Moreira, para que se exarasse na respectiva acta «um voto de congratulação e regozijo pelo facto de Sua Santidade o Papa Paulo VI [..,] ter constituído Santa Joana Princesa Padroeira principal da cidade e da diocese de Aveiro» e se formulasse «o veemente desejo de que o processo da sua canonização se conclua o mais brevemente possível». (72)


 Aspecto de uma procissão de Santa Joana.

Falando da augusta Filha de D. Afonso V, escreveu o historiador Frei Luís de Sousa: – «E não ficaram só encerradas nos claustros do mosteiro as virtudes desta Senhora; passavam fora e chegava o zelo em que ardia da honra de Deus a procurar com eficácia que / 39 / não houvesse na vila quem vivesse com escândalo ou em mau estado; e, tendo notícia de algum, dava-lhe remédio com seu poder e cuidado». (73)

Pois agora, volvidos cinco séculos sobre a sua vida, pela mesma cidade que ela amou e por esta diocese marinha e lagunar continua a velar e a rezar junto de Deus a Princesa Real que piedosamente invocamos. Convencidos da verdade da sua fé, que sempre desejaram viver e transmitir, os nossos bispos têm procurado estimular a devoção a Santa Joana, como ajuda para todos no caminho do bem e no culto da virtude, de que ela é modelo.

Aveiro possui diversos luminares de primeiro plano em vários campos de actividade; também pode legitimamente orgulhar-se desta sua filha adoptiva que, trocando corajosamente o fausto da corte pela pobre vila de então, escolheu a nossa terra para aqui viver com humildade e serenamente morrer.

As gentes da beira-ria, no meio de quem a Princesa ficou sepultada, não querem ter as relíquias venerandas da sua Padroeira como simples objecto de frio museu, guardadas embora em carinho e cuidado; mais do que isso, desejam constantemente rodeá-Ias com o incenso de religioso amor e com o murmúrio de íntima prece. É que as personagens heróicas do passado serão tanto mais úteis no presente, quanto mais as inserirmos na vida de todos os dias.

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NOTAS:

(1) – A bula pontifícia, cujo original reapareceu em 1967, foi reproduzida em gravura e transcrita pelo Dr. António Gomes da Rocha Madahil na revista ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, 1967, VoI. XXXIII, n.º 130, pgs. 81-92; o Dr. Francisco Ferreira Neves, na mesma revista – 1958, XXIV, n.º 95, pgs. 207-210 – já a havia transcrito e traduzido sobre o treslado de 1769. O Padre Dr. Domingos Maurício Gomes dos Santos, S. J., em O MOSTEIRO DE JESUS DE AVEIRO, VoI. II/2, Lisboa, 1967, pgs. 363-364, também a publicou e traduziu.

(2) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/1, Lisboa, 1963, pgs. 3-115; Rangel de Quadros, AVEIRO (APONTAMENTOS HISTÓRICOS) – Mosteiros e Conventos – II – Mosteiro de Jesus.

(3) – Frei Luís de Sousa, HISTÓRIA DE S DOMINGOS, VoI. III, Livro V, 3.ª edição, Lisboa, 1866, pg: 404.

(4) – Margarida Pinheiro, na CRÓNICA DA FUNDAÇÃO DO MOSTEIRO DE JESUS DE AVEIRO E MEMORIAL DA INFANTA DONA JOANA, existente na biblioteca-arquivo do Museu de Aveiro, fI. 56 r a e b (Leitura, revisão e prefácio de Rocha Madahil e ed. de Ferreira Neves – Aveiro, 1939, pg. 89), escreveu: – «E ainda que de tão nova idade fosse, quantos a viam e ouviam julgavam ser de vinte cinco ou trinta anos per sua grande prudência e saber. Era no rosto e corpo mui aposta, a fronte muito graciosa, os olhos verdes mui fremosos, o nariz meão e de boa feição, a boca grossa e revolta, rosto redondo, o carão alvo com alguma quanta quer cor bem posta, muito fremosa garganta e mãos mais do que se pudesse achar e ver a nenhuma outra mulher, alta e grande de corpo direito, mui aposto e airoso à vista e representação de grande senhora e estado». A cronista a seguir alude à sua «vida angélica» e depois, sobretudo nas disputas com D. João II, à sua firmeza de carácter.

(5) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/1, pgs. 36-114; Margarida Pinheiro, ob. Cit. (CRONICA...).

(6) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/2, pgs. 185-223; no Vol. II/3, pgs. 602-603, publicou este autor o breve da beatificação equipolente de Santa Joana.

(7) – Ibid., pgs. 224-246.

(8) – Vd. à frente, n.º 3.

(9) – J. G. Gaspar, A DIOCESE DE AVEIRO, Aveiro, 1964, pgs. 40-47.

(10) – Ibid., pg. 39; Eduardo Cerqueira, O Milenário de Aveiro e o Bicentenário da sua elevação a cidade – ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, 1959, Vol. XXV, n.º 100, pg. 252.

(11) – J. G. Gaspar, ob. cit., pgs. 69-1O2.

(12) – Biblioteca – Arquivo do Museu de Aveiro – Livro das Pastoraes dos Ex. Bispos d'Aveiro – Liv. I (1776-1836), fls. 254-255.

(13) – Rangel de Quadros, AVEIRO (APONTAMENTOS HISTÓRICOS.) – III – Festividades Municipais – XI – Festa e Procissão da Princesa Santa Joana.

(14) – Dos livros da Câmara Municipal, n.º 3, fls. 164, transcrito no jornal aveirense CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS, ano 49, n.º 25, de 11-5-1901; Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Chancelaria de D. João VI, Livro XI, fls. 9-v.; Maurício dos Santos, ob. cit., I/3, pg. 356 e II/3, pg. 608.

(15) – Com efeito, hoje já ninguém em Aveiro lembra Santa Ana como sua Padroeira. Rangel de Quadros, em AVEIRO (APONTAMENTOS HISTÓRICOS) – III – Festividades Municipais – II – Festa da Gloriosa Santa Ana, escreveu sobre a origem desta antiga devoção entre pôs: – «Em Aveiro houve uma terrível peste, que muitas vítimas causou e muito assustou os habitantes da localidade. Diversos escritores se referem a este facto, mas não lhe assinalam a época. É possível que fosse nos princípios da Monarquia. Sabe-se que o povo, aterrado com tal acontecimento, recorreu ao patrocínio da gloriosa Santa Ana, tomando-a desde então como Padroeira de Aveiro e prometendo prestar-lhe culto e festejá-la muito especialmente no dia em que dela reza a Igreja, 26 de Julho».

 

              De 1807 a 1874 inclusive, sempre a Câmara Municipal de Aveiro deu luzimento à procissão de Santa Joana, excepto nos anos de 1834-1843, em que apenas houve festa no interior da igreja, a que o Senado Municipal assistiu. Em 1875 e 1876, a solenidade realizou-se por iniciativa de comissões particulares, não estando presentes nem as autoridades civis nem a Câmara. Em 1877 foi criada a Irmandade de Santa Joana que tomou à sua conta a festa e a procissão, em que se incorporou a Câmara até 1910. Os novos Estatutos da Irmandade de Santa Joana Princesa de Portugal, datados de 1-6-1924, impõem à respectiva Mesa (art.º 10.º, n.º 4.º) a obrigação de «dar conhecimento à Câmara Municipal de Aveiro do dia e hora em que devem ter lugar a solenidade e procissão da Santa Princesa, a fim de assistir àquelas solenidades e procissão e de concorrer, querendo, para as despesas da mesma procissão, segundo a antiga prática da mesma Câmara». Actualmente, esta é convidada e voluntariamente participa nas cerimónias. Vd. Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/2, pgs. 247-2.19.

(16) – Marques Gomes, SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DE AVEIRO. Aveiro, 1899, pgs. 548-549, citando o Lívro n.º 3 do Regulamento da Câmara de Aveiro.

(17) – Livro das Pastoraes dos Ex. Bispos d'Aveiro cit., fls. 256-259.

(18) – HISTÓRIA DE PORTUGAL, Barcelos, VoI. VI, 1934, pgs. 337-339.

(19) – Arquivo de Igreja Paroquial da Vera-Cruz (Aveiro) – Livro da freguesia de Nossa Senhora da Apresentação da Vila de Aveiro aonde se registam, copiam e ajuntam as Pastorais do ilustríssimo e Reverendíssimo Senhor Bispo Conde da Cidade e Bispado de Coimbra. (Contém também as dos Bispos de Aveiro) , fls. 125-126, v.; Biblioteca-arquivo do Museu de Aveiro, Livro das Pastoraes cit., fls. 259-268.

(20) – HISTÓRIA DE PORTUGAL cit., pgs. 339-340.

(21) – Arquivo da Igreja Paroquial da Vera-Cruz (Aveiro) – Livro cit. fls. 127-127, v.

(22) – HISTÓRIA DE PORTUGAL cit., pgs. 339-343; Marques Gomes, CENTENÁRIO DA GUERRA PENINSULAR (1808-1908) – NOTAS E DOCUMENTOS, Aveiro, 1908, pg. 28; Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/3, pg. 375.

(23) – Arquivo da Igreja Paroquial de Eixo, – Livro das Pastorais do Bispado de Aveiro (1803-1881), fls. 29, v.-30, v.

(24) – HISTÓRIA DE PORTUGAL cit. pgs. 346-351; Marques Gomes, ob. cit., pg. 28; Maurício dos Santos, ob. Cit., Vol. I/3, pg. 378.

(25) – Arquivo da Igreja Paroquial da Vera-Cruz (Aveiro) – Livro cit., fls. 133-134.

(26) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/3, pgs. 386-387; Marques Gomes, CENTENÁRIO DA REVOLUÇÃO DE 1820 – INTEGRAÇÃO DE AVEIRO NESSE GLORIOSO MOVIMENTO, Aveiro, 1920, pgs. 22 e 55.

(27) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/3, pg. 402, CHRONICA CONSTITUCIONAL DE LISBOA, n.º 127, de 31-5-1834.

(28) – Maurício dos Santos, ob. cit., VoI. I/3, pgs. 412-413. (29) – J. G. Gaspar, ob. cit., pgs. 193-210.

(29) – J. G. Gaspar, ob. cit., pgs. 193-210

(30) – Maurício dos Santos, ob cit., Vol. I/3, pg. 448.

(31) – J. G. Gaspar, ob. cit., pg. 199.

(32) – Arquivo da Cúria Diocesana de Aveiro, Registo de Ofícios do Dr. Manuel Baptista da Cunha como vigário geral substituto, Livro I, fls. 33-33, V.

(33) – Ibid., fls. 34, v.-35, v.

(34) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vai. 1/3, pg. 452; Rangel de Quadros, AVEIRO (APONTAMENTOS HISTÓRICOS) – Mosteiros Conventos – IV – II – Mosteiro de Jesus.

(35) – Arquivo da Cúria Diocesana de Aveiro, Registo cit., fls. 37-37, v.

(36) – Maurício dos Santos, ob. cit., Vol. I/3. pg. 457; Arquivo da Congregação das Irmãs Terceiras Dominicanas, Crónica, III, pg. 108.

(37) – Ibid.

(38) – Marques Gomes, D. MANUEL CORREIA DE BASTOS PINA – ESBOÇO BIOGRÁFICO, Porto, 2.ª edição, 1898, pg. 95; Maurício dos Santos, ob. cit., I/3, pg, 458; INSTITUIÇÕES CHRISTÃS (revista), Coimbra, 2.ª série, n.º 3, de 5-8-1883, pg. 72.

(39) – Maurício dos Santos, ob. cit., I/3, pgs. 459-462; Arquivo da Congregação das Irmãs Terceiras Dominicanas, Crónica, III, pgs. 113-117.

(40) – Marques Gomes, ob. cit., pg. 96.

(41) – CORREIO DO VOUGA (semanário diocesano), n.º 1178, de 30-1-1954, pg. 1.

(42) – DIÁRIO DO GOVERNO, de 10-10-1910.

(43) – Maurício dos Santos, ob. cit., I/3, pg. 490.

(44) – Ibid., pgs. 490-491; Marques Gomes, Museu Regional de Aveiro, em ALMANAQUE ILUSTRADO DE A LIBER­DADE PARA 1913, pgs. 214-222.

(45) – CORREIO DO VOUGA cit., n.º 19, de 29-3-1931, pg. 2.

(46) – Ibid., n.º 57, de 17-1-1932, pg. 4.

(47) – ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO cit., Algumas notas biográficas de D. João Evangelista de Lima Vidal, 1938, VoI. IV, n.º 16, pgs. 257-258.

(48) – Dos seus sermões, mandou imprimir o PANEGYRICO DE SANTA JOANNA PRINCEZA, recitado na Egreja de Jesus, em Aveiro, no dia 15 de Maio de 1898; Coimbra, 1899.

(49) – Referido em CORREIO DO VOUGA cit., n.º 1089, de 10-5-1952, pg. 13 (Efemérides).

(50) – CORREIO DO VOUGA cit., n.º 413, de 12-2-1939, pg. 1.

(51) – Ibid., n.º 435, de 22-7-1939, pg. 2.

(52) – Ibid., n.º 448, de 21-10-1939, pgs. 1-3.

(53) – Ibid., n.º 452, de 18-11-1939, pg. 2.

(54) – Ibid., n.º 1014, de 11-11-1950, pg. 2

(55) – Margarida Pinheiro, ob. cit. (Leitura de Rocha Madahil), pg. 177; «ao qual [mosteiro] chamava minha Lisboa a pequena»; no manuscrito, fls. 105 v b.

(56) – CORREIO DO VOUGA cit., n.º 478, de 25-5-1940, pg. 1, e n. º 482, de 22-6-1940, pgs. 1-3.

(57) – Ibid., n.º 543, de 30-8-1941, pg. 1.

(58) – Ibid., n.º 581, de 30-5-1942, pg. 2.

(59) – Ibid., n.º 888, de 29-5-1948, pg. 2.

(60) – Ibid., n.º 1090, de 17-5-1952, pgs. 1, 4, 5 e 10. A 14-5-1953 foi posto a circular no país um selo de correio de dois valores – 1$00 e 3$50 – comemorativo do V Centenário do nascimento de Santa Joana; reproduzia a tábua quatro­centista existente no Museu de Aveiro (Vd CORREIO DO VOUGA, n.º 1140, de 9-5-1953, pg. 12).     .

(61) – Ibid., n.º 1455, de 4-7-1959, pgs. 14 e 4.

(62) – CORREIO DO VOUGA cit., n.º 1697, de 8-5-1964, pg. 4; e n. º 1698, de 15-5-1964, pg. 7.

(63) – Ibid., n.º 1454, de 27-6-1959, pgs. 1 e 4.

(64) – Ibid., pg. 4.

(65) – O documento comunicando a aprovação civil na ses­são de 23 tem a data de 26 de Março de 1877; a aprovação canónica é de 7 de Abril (Vd. Estatutos da Real Irmandade do Santa Joanna Princeza de PortugaI Filha de El-Rei D, Afonso V, Coimbra, 1877, pgs. 15-16). Por decreto de 5 de Maio do mesmo ano foi-lhe permitido usar o título de Real.

(66) – Margarida Pinheiro, ob. cit., pg. 79, na «leitura» cit.; no manuscrito, a fls. 50 v a.

(67) – Existe cópia do documento no Arquivo da Cúria Dioce­sana de Aveiro; foi publicado por Rocha Madahil no ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, 1966, VoI. XXXII, n.º 127, pgs. 161-176 (Princesa Santa Joana – Do Senhorio Temporal da Vila ao Padroado Espiritual da Cidade e da Diocese de Aveiro).

(68) – ACTA APOSTOLICAE SEDIS (Órgão oficial da Santa Sé), 1965, Ano e VoI. 57, n.º 10, pgs. 716-717; CORREIO DO VOUGA, n.º 1744, de 9-4-1965, pg. 1; ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, Rocha Madahil, art. cit., pgs. 169-170.

(69) – Arquivo da Cúria Diocesana de Aveiro; CORREIO DO VOUGA, n.º 1744, de 9-4-1965, pg. 5; ARQUIVO DO DIS­TRITO DE AVEIRO, art. cit. de Rocha Madahil, pg. 174. Já a 23 de Maio de 1959, a Santa Sé autorizara que a Prin­cesa fosse Padroeira secundária do Seminário que, desde o início, tem o seu nome (Arquivo da Cúria Diocesana de Aveiro).

(70) – CORREIO DO VOUGA, n.º 1744, de 9-4-1965, pgs. 1 e 10; ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, Rocha Madahil, art. cit., pgs. 170-174.

(71) – CORREIO DO VOUGA, n.º 1747, de 7-5-1965, pgs. 1 e 5; ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO, Rocha Madahil, art. cit., pg. 175; DIÁRIO DAS SESSÕES da Assembleia Nacional, de 24-4-1965, n.º 203, pgs. 4862-4864.

(72) – Arquivo da Cúria Diocesana de Aveiro; CORREIO DO VOUGA, n.º 1747, de 7-5-1965, pg. 2.

(73) – Frei Luís de Sousa, HISTÓRIA DE S. DOMINGOS, Vol., Liv. e Ed, cit., pg. 399

 

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