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N.º 6

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Dezembro de 1968 

Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás

O PAÍS viveu com profunda emoção e séria preocupação, horas dolorosas nas últimas semanas do mês de Setembro.

É que, o Timoneiro que guiava a Nação por mais de quatro décadas, jazia no leito de dor.

Quando há três anos Salazar saudava a reeleição de Sua Excelência o Presidente da República, Almirante Américo Tomás, com aquele talento da previsão que foi uma das suas clarividências políticas, previa então:

«Seja qual for a evolução dos acontecimentos, não pode haver dúvida de que é nos sete anos a seguir que, por imperativos naturais ou políticos, se não pode fugir a opções delicadas e, embora não forçosamente à revisão, à reflexão ponderada do regime em vigor.

E acrescentava:

«É nas mãos do Chefe do Estado que virão a pesar as maiores dificuldades e da sua consciência que dependerão as mais graves decisões.»

O Venerando Chefe do Estado, reeleito em 1965, anunciara e levara a cabo, com o sen­tido nacional que preside à inspiração de todos os seus actos, as árduas tarefas que lhe couberam. A sua mensagem à Nação, proclamando a «opção e a decisão», teve os dramáticos acentos da eloquente simplicidade e da majestade.

Transcrever a histórica mensagem é forma de homenagear o Egrégio Português.

«É num momento particularmente grave e difícil na vida da Nação que lhes dirijo as palavras breves, mas necessárias, que ela deve ouvir directamente do Chefe do Estado.

Adoeceu gravemente, no passado dia 6, o Senhor Presidente do Conselho e quando tudo parecia indicar, após feliz e oportuna intervenção cirúrgica, que a sua convalescença seria rápida e o reconduziria, em breve período de tempo, à sua vida normal, sobreveio­-lhe nova e muito mais grave enfermidade que o prostrou em estado de coma no prin­cípio da tarde do dia 16, donde ainda não saiu, apesar da sua excepcional resistência e dos desvelados e constantes cuidados dos seus competentíssimos médicos assistentes.

Um problema inesperado e de extrema gravidade surgiu assim para o País e passou a atormentar todos os portugueses, que, com a maior calma, patentearam ao Mundo uma maturidade e um civismo consoladoramente notáveis. E entre todos o mais atormentado é necessariamente o Chefe do Estado, que, de primeiro responsável pelos destinos da Nação, passou agora à situação indesejável de responsável único. Todos têm nele os olhares ansiosamente fixados, aguardando uma solução que mantenha Portugal na marcha firme que vinha trilhando através de inúmeras dificuldades.

Tem-se debatido o Chefe do Estado, há 10 dias, entre os seus sentimentos afec­tivos e de gratidão, que quanto maiores mais honram o homem, e aqueles que a razão e o dever lhe impõem neste momento crucial da vida da Nação. E não sendo já admis­sível, para os superiores interesses de Portugal no momento que vive, adiar por mais tempo a decisão a tomar, decisão que sei teria o pleno acordo do Senhor Presidente do Conselho se o pudesse manifestar, redigi e enviei para publicação no Diário do Governo de amanhã o seguinte diploma:...».

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SUA EXCELÊNCIA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Almirante Américo Deus Rodrigues Tomás

 

páginas 4 e 5

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