Acesso à hierarquia superior.

N.º 2

Publicação Semestral da Junta Distrital de Aveiro

Dezembro de 1966 

 

Vária


Apontamentos para a

História do Asilo-Escola Distrital de Aveiro

Coligidos por H. Leitão

 

O problema da criança, no seu aspecto assistencial, sempre despertou nas gentes da região aveirense, quer particularmente, quer pelos organismos oficiais, todo o interesse que deve merecer o desprovido de amparo familiar como elemento humano que é.

Quando, num passado não muito longínquo, existiam as famigeradas e discutidas rodas, coube à Junta Geral do Distrito, pela publicação de regulamentos moralizadores e concessões de vultuosos subsídios, resolver o problema dos expostos, que, em 1879, chegaram a ser 294.

José Estêvão procurou solução para outro aspecto da protecção à criança, – o amparo à terceira infância e à adolescência, – lançando a ideia da criação em Aveiro de um asilo de âmbito distrital. Com esse fim, em 1857, obteve do Governo a cedência de um donativo de 1.263$400 réis, oferecido por compatriotas nossos residentes no Brasil, e fez nomear uma comissão instaladora, a que presidiu o pai do escritor Marques Gomes.

Do Ministério da Guerra, José Estêvão conseguiu ainda permissão para instalar o asilo em parte do antigo Convento de Santo António, mas surgiram dificuldades, sendo por fim aproveitado o edifício onde, de 1685 a 1854, esteve instalado o Hospital da Santa Casa da Misericórdia, e onde também, a título precário, esteve o hospital de coléricos, em Julho de 1855.

Este edifício, de acanhadíssimas proporções, situava-se na rua da Corredoura, nas traseiras da própria igreja da Misericórdia.

Foi com o nome de Asilo da Infância Desvalida que, solenemente, em 6 de Agosto de 1870, o governador civil, Fernando Afonso Geraldes Caldeira, inaugurou o almejado estabelecimento de assistência, para o qual a comissão instaladora havia granjeado um fundo de 7.000$000 réis, e reunido 12 internados provindos dos diversos concelhos do distrito, número que cinco anos depois era de 24.

Falecido em fins de 1862, não viu José Estêvão a obra que tinha sonhado, obra que sempre teve vida difícil e que, em 1888, morria à míngua de recursos, mantida apenas por um pequeno número de subscritores que, reunidos em assembleia geral em 3 de Junho, resolveram a fusão desta casa de beneficência com o recém-criado Asilo Escola Distrital, resolução sancionada por decreto de 16 do mesmo mês e ano.

Foi em sessão de 5 de Abril de 1888, – e em cumprimento das disposições dos arts. 54. n.º 4, e 62, § 1.º do Código Administrativo então em vigor, e dos arts. 43 e 44 do Decreto de 5 de Janeiro daquele ano, – que a Junta Geral do Distrito aprovou a proposta do seu presidente, Dr. José Maria Barbosa de Magalhães, para a criação do Asilo Escola Distrital.

No dia 30, e a título provisório, foi o Asilo instalado num prédio da antiga rua da Fábrica (actualmente denominada rua de Homem Cristo), e ficou constituído por 2 secções, sendo uma feminina, com o nome de Secção José Estêvão, e outra masculina, designada Secção Barbosa de Magalhães. A cada secção cabia um director e um subdirector, e assim, na Secção Feminina coube o desempenho desses cargos, respectivamente às senhoras D. Ester de Vilhena Torres e D. Maria José Maia. Na Secção Masculina foi director o Sr. Padre Lourenço da Silva, e subdirector o Sr. Jeremias da Conceição Lebre.

Os asilados tinham fardamento próprio, e eram-lhes fornecidos alimento e instrução.

Logo após a criação do Asilo-Escola começaram a funcionar as aulas de instrução primária, elementar e complementar, e pouco depois foi criada uma aula de música e canto / 78 / coral, a cargo do professor José Pinheiro Nobre. Sucessivamente foram instaladas as oficinas de carpintaria, marcenaria, sapataria e alfaiataria.

Entretanto, as alunas aprendiam trabalhos domésticos (cozinha, costura e bordados). Os rapazes eram iniciados na instrução militar, e, em breve, se organizou uma fanfarra que fez a sua apresentação pública por ocasião da inauguração da estátua de José Estêvão, em 1889.

Esta fanfarra, que durante muitos anos tomou parte em inúmeras solenidades com geral agrado, terminou a sua actividade em 1940, depois de ter recebido, desde 1908, todo o interesse e dedicação do professor de música e antigo asilado Sr. António dos Santos Lé.

Por decreto de 6 de Agosto de 1892, o Asilo ficou sob a alçada da Câmara Municipal, da presidência do Dr. Jaime de Magalhães Lima, a qual mandou construir um grande edifício para ali se instalar o Asilo, com 62,4 m. de frente por 42,6 m. de fundo, sem grandes ornatos mas com todos os requintes de segurança e higiene, de linhas alegres e bem traçadas, – padrão a assinalar a gerência municipal de 1905 a 1907. O referido edifício, junto do Jardim Público, ficou concluído em 1907, e logo ali se instalou o Asilo Escola.

Em 1914 voltou o Asilo a ser administrado pela Junta Geral, que se apressou a vender o prédio ao Ministério da Guerra para instalação do Regimento de Infantaria, que tinha sido colocado em Aveiro, e comprou o palacete e quinta que tinham pertencido a Sebastião de Carvalho e Lima, na rua do Carmo, onde hoje ainda o Asilo se encontra instalado.

   
 

Edifício onde foram instaladas as secções masculina e feminina do Asilo-Escola e que, posteriormente, foi ocupado pelo Regimento de Infantaria n.º 10.

 

Durante muito tempo o número de internados foi de 90 a 100 rapazes e de 60 a 70 meninas. Este número implicava, necessariamente, uma administração cuidada e um serviço de assistência médico-sanitária permanente.

Para o efeito foi contratado um guarda-livros (o Sr. João Maria Pereira Campos), e passou a haver um médico privativo, por Decreto de 18 de Abril de 1907, – atendendo ao pedido que foi formulado pela Câmara Municipal – mediante concurso, e com o vencimento anual de 216$000 réis, pagos em duodécimos.

Foi por determinação ministerial que ao Asilo-Escola coube a incumbência de recolher as crianças desvalidas, não só do concelho de Aveiro mas de todos os demais concelhos do distrito.

Em 31 de Maio de 1914, a convite de uma comissão composta por antigos alunos do Asilo, e da qual faziam parte António dos Santos Lé, Luís dos Santos Vaz, José Maria dos Santos Vitor, Francisco Matos Júnior e João Gamelas, houve uma reunião na qual foi resolvido quotizarem-se para a aquisição de uma bandeira para o Asilo, a entregar a quando duma festa de confraternização.

/ 79 / O jornal «Campeão das Províncias», de 3 de Junho de 1914, dizia, referindo-se ao Asilo-Escola: «De que aquele estabelecimento tem sido um modelo de educação onde se não deformam os caracteres mas antes se avigora e se fortifica o de cada um para o bem e para a virtude, prova-o exuberantemente a aludida reunião, onde se encontraram ex-alunos que disseminados por quase todos os pontos do Distrito ali compareceram e bem claramente demonstraram a maneira correcta e digna como se têm conduzido na sociedade. Ocupam alguns deles posições muito honrosas e quando for da sua projectada festa ali hão-de comparecer em grande número».

   
 

Bandeira do Internato Distrital de Aveiro.

 

A festa realizou-se em Agosto de 1915, tendo sido descerrado o retrato do Dr. José Maria Barbosa de Magalhães.

Em 1915 o Asilo ainda estava no edifício próprio, mas já de novo na dependência da Junta Geral, por motivo da remodelação administrativa de 1913. Posteriormente, o Regimento de Infantaria instalou-se na parte do edifício onde esteve a secção feminina, que foi transferida para o prédio anexo à igreja da Misericórdia, por cima do estabelecimento do Sr. Alberto Rosa.

A secção masculina foi instalada, em 1932, no prédio da rua do Carmo, onde se conserva, e no qual foram construídos 2 pavilhões de 2 pisos, destinados a camaratas e salas de aula, refeitório, etc., e 1 barracão para a cozinha e anexos. (Vd. reportagem de 2008)

A situação administrativa tornou-se difícil, conforme se depreende da circular seguinte:

JUNTA GERAL DO DISTRITO DE AVEIRO

Asilo-Escola Distrital

Ex.mo Senhor:

Nova condição económica das sociedades determinou métodos novos de educação e ensino. Não podem ignorá-los, e muito menos deixar de praticamente os servir, todos aqueles que na plenitude da consciência das suas obrigações sociais conhecem as responsabilidades da geração actual com a robustez e a dignidade das gerações que nos sucederem. Em a nossa actividade, para cumprirmos cabalmente o nosso dever com a civilização e considerarmos em termos de dedicação e honestidade a parte que nos incumbe na prosperidade ou na ruina da gente que criarmos para aviltamento ou glória da nossa pátria, indispensável se torna que dotemos a criança com a cultura que o momento presente reclama, e na forma e termos que o ambiente actual exige, para que a educação constitua um princípio fecundo de eficácia e nobreza.

Ora sabido é, e manifesto, que hoje a educação passou de singular a comum, por virtude daquele mesmo impulso material e moral que faz que se viaje em comum e se fabrique em comum, e comum seja a água, a luz, a biblioteca, o museu e a escola e a arte, e até o próprio luxo, que vai a passar, do palácio senhorial reservado, ao paço da cidade aberto à frequência pública. O anseio de uma mais equitativa distribuição das riquezas, das do corpo como das do espírito, coincidindo com a revolução da mecânica e a concentração de energia que a caracteriza, para nos oferecer com o mínimo dispêndio e o menor esforço os seus benefícios e rendimentos, leva as sociedades a constituírem em toda a sua extensão largas agremiações e unidades, dentro das quais e pelas quais se tornará mais perfeito e útil o exercício das funções essenciais à vida e fortuna dos homens e das nações.

Assim é que a educação doméstica de algum dia, se não acabou nem é de acabar nos seus elementos mais profundos, foi reduzida a acanhadíssimos limites pela situação económica a que a família houve de sujeitar-se e singularmente lhe minguou as disponibilidades de tempo para efeitos de educação. E eis que a escola, e com a escola a creche e os jardins da infância e toda a instituição de educação em comum, assume uma importância primacial e significa para o futuro da criança um valor decisivo, quer em bem, quer em mal, conforme a ordem ou a desordem que a governar. Onde, de / 80 / manhã, pai, mãe e quantos sob o mesmo tecto pernoitam e são de idade de trabalhar, saem, este para a oficina, aquele para o escritório, aquele outro para a sua carreira, cada qual para a sua tarefa, a colher seu salário, e só à noite recolhem, terminada a fadiga, ávidos de repouso que lhes restaure as forças para repetir no dia seguinte o mesmo trilho e canseira, onde o simples ganha-pão é motivo da dispersão impreterível e cotidiana da família, a criança refugiou-se na escola e é da escola que respirará a atmosfera que a alenta e a forma. Em comum com as do seu grémio, ali fica e ali cresce, confiada ao zelo e à inteligência e ao escrúpulo de mestres e pedagogos, que serão, na realidade, mais que tutores, os seus verdadeiros pais. Para todos os efeitos, físicos, morais, religiosos e mentais, o mestre e o companheiro entraram a substituir os pais e os excedem como influência educativa.

Por vezes, porém, acontece que as relações do mestre e da criança se tornaram ainda mais assíduas e mais íntimas, porque a criança, por seu infortúnio, nem família tem fora da escola que à noite a agasalhe e lhe ministre o consolo de carinhos que lhe bafejem o coração; então, a escola terá de se mudar em asilo e à disciplina e ao estudo, de que é dispenseira habitual, terá de juntar o conforto de um lar que a caridade acenda e mantenha, e enquanto no mundo piedade houver e for sinal por excelência da qualidade humana, será dever de toda a alma bem formada voltar olhos atentos para esses casos de desamparo extremo e moderar-lhes a agrura onde não possamos suprimi-los totalmente.

Esta é a situação presente das sociedades em todo o mundo civilizado, e outras não podendo ser por urgência de circunstâncias, em certo modo fatais, alheias à nossa vontade, teremos de a dominar não só com a coragem e a prontidão próprias de todo o homem são, mas também com a previdência e a clareza de meios e fins, pelos quais se reconhece a presença de todo o homem inteligente.

Para nós, administradores do Asilo-Escola do distrito de Aveiro e signatários deste breve memorandum, as considerações que acabamos de apontar significam a instância de um encargo demandando solução prática imediata, para a qual a nossa melhor boa vontade não bastará, se não for amparada pelo auxílio de quantos, tendo a peito o interesse público e os seus deveres, em suas acções e propósito lhe guardam sempre o quinhão que da fortuna e da actividade particular naturalmente lhe pertence e lhe é pontualmente outorgada em toda a sociedade bem ordenada sobre uma base de justiça e previsão.

Modestíssima fundação em seu início, o Asilo-Escola do Distrito de Aveiro já tem hoje uma honrosíssima história, de todo o ponto meritória; em meio século de existência e apesar da míngua dos seus recursos materiais, pode orgulhar-se de ter roubado à indigência muita criança que sem a sua intervenção teria resvalado na miséria, da pobreza criou muitos e muitos homens a todos os respeitos capazes, mercê da compreensão e dedicação dos que por diferentes modos, todos igualmente nobres, têm dirigido e servido aquela instituição. A tal ponto, que do simples acto de caridade que em seu começo foi, destinado a acudir ao desamparo acidental dos poucos pobres e órfãos que podia recolher sob o seu tecto, eis que agora se mostra missionário e modelo da educação que o nosso tempo reclama e ali se aplica. A casa de beneficência que distribuía as parcas esmolas do seu pobríssimo mealheiro tornou-se agora na sede da apostolado de uma meditada preparação, a todos os respeitos conveniente, da gente nossa, particularmente da classe trabalhadora, que pelo vigor físico e moral e mental tanto como pelas habilitações técnicas nobilite o país e lhe assegure um futuro digno das suas gloriosas tradições.

Aquartelado em edifícios magníficos para os seus fins, havendo aproveitado em parte o antigo convento do Carmo em Aveiro, competentemente adaptado ao seu novo destino, com a disposição própria para manter uma disciplina rigorosa e lhe afeiçoar o espírito das crianças; isento de todo o luxo, singelo e chão em todas as suas instalações, mas simultaneamente preparado para satisfazer princípios da higiene moderna, incutindo nos asilados aqueles hábitos de asseio e mais cuidados do corpo, dos quais tão estreitamente depende não só a felicidade da saúde e robustez, mas também o rendimento e prosperidade de uma bem acautelada economia do trabalho – o Asilo-Escola do Distrito de Aveiro entrou francamente naquele período de expansão e alto desenvolvimento, no qual será, não só amparo e verdadeiro pai carinhoso para algumas dezenas de crianças salvas do desamparo, mas também uma escola prática de precursores, dali saindo aptos a criar e servir em a nossa região instituições idênticas, prontas a propagar a educação tal qual o nosso tempo a exige e a civilização no-la impõe.

São, todavia, muito limitados os recursos de que o Asilo-Escola dispõe, atido, como se acha, à dotação que o Estado lhe concede e obrigação nossa é mencioná-lo com tanto louvor como gratidão – acrescentada essa dotação apenas com a simpatia popular e as dádivas valiosas particulares, espontâneas, que essa simpatia e a sua piedade mandam, reconhecendo a utilidade daquele instituto.

Para que o Asilo-Escola funcione em plena actividade e fecundidade, necessita de receitas regulares que pelo volume supram a deficiência da sua dotação oficial e pela certeza da cobrança permitam executar programas que não corram o risco de ser bastas vezes estorvados ou interrompidos à míngua de meios económicos bastantes. Para que da instituição de caridade socorrendo a indigência o Asilo se converta em viveiro de educadores, reproduzindo e disseminando em as nossas terras a semente excelente que os criou e os manda em exemplo a todas as classes e profissões conscientes e diligentes na preparação de filhos seus que honrem a pátria e enriqueçam de todos os bens a nação para essa sua superior e legítima aspiração, necessita o Asilo da cooperação da boa vontade particular e do seu expresso e real apoio moral.

Foi pela instigação e urgência destas considerações, de cuja suprema importância a nossa experiência e o exercício das nossas obrigações nos convenceram, que nos lembrámos de promover a formação da «Sociedade dos Amigos do Asilo-Escola do Distrito de Aveiro», fundada nos termos que apontamos em a nota junta à presente e sumária exposição das condições daquela casa neste momento – certamente decisivo para o seu futuro de modelo e apostolado, se a coadjuvação que solicita lhe ouvir os rogos, ou de acanhamentos e marasmo, se a indiferença desprezar uma obra que conseguiu ser já grande, e preferir deixar atrofiar o que agora, no seu vigor, é uma grande esperança.

Do esclarecido critério e da liberalidade de V. Ex.ª aguardamos o julgamento do nosso propósito e a sua vida ou a sua morte, confiados, porém, em que por justiça e favor, que antecipadamente agradecemos, o seu aplauso nos ministrará os alentos necessários para juntos prosseguirmos nesta benfazeja jornada.

A Junta Geral,

aa) CARLOS BAPTISTA GONÇALVES GUIMARÃES, coronel comandante de Cavalaria n.º 8 e presidente da Junta Geral.

JOSÉ MARIA SOARES, major-médico de Cavalaria n.º 8 e provedor do Asilo-Escola

AUGUSTO MENDES MOREIRA, major de Cavalaria n.º 8

JOSÉ DA COSTA, major do quadro de reserva.

AMÍLCAR MOURÃO GAMELAS, capitão de Infantaria n.º 19.

 

Com a criação da Junta da Província da Beira Litoral o Asilo Escola entrou em franca decadência; em Janeiro de 1954 havia na secção feminina apenas 5 internadas, que acabaram por serem transferidas para a Casa de Educação e Trabalho D. Helena Quadros, em Sever do Vouga, estabelecimento dependente daquela Junta de Província.

Actualmente o Asilo Escola merece o maior interesse e carinho à Junta Distrital que nele recolhe 150 rapazes de todo o distrito de Aveiro, ministrando-lhes ensino primário e técnico, proporcionando-lhes e arranjando-lhes colocação a quando da sua saída e não esquecendo a sua cultura física e a sua formação artística, para o que fez reviver este ano a Banda do Asilo, a qual embora ensaiando ainda as primeiras / 82 / notas, já conquistou a simpatia de todos pelo aprumo e galhardia dos seus 38 jovens executantes, sob a competente batuta do Sr. Severino Vieira, antigo asilado.

A Junta Distrital adquiriu nos arredores de A veiro a Quinta do Forte, que foi pertença do Dr. Alberto Souto, e trabalha afincadamente para que num futuro próximo, e em instalações modernas mas sem luxos, os rapazes carecidos ali encontrem um ambiente acolhedor e digno.

Por deliberação da Junta Distrital em sua reunião de 11 de Outubro de 1960, e de harmonia com o parecer do Instituto de Assistência aos Menores, foi determinado que a partir desta data, o Asilo Escola Distrital de Aveiro passe a usar a designação de Internato Distrital de Aveiro.

   
 

Banda do Internato Distrital de Aveiro

 

Nomeação do Director do Internato Distrital de Aveiro

Com precedência de concurso, foi nomeado Director do Internato Distrital de Aveiro o Sr. Professor António Caetano Moutinho, que no dia 5 do corrente mês de Dezembro entrou no exercício das respectivas funções.

Plano de actividade e bases do orçamento

PLANO DE ACTIVIDADES PARA 1967

Dando cumprimento ao que determina o n.º 3.º do art.º 320.º do Código Administrativo, elaborámos, de acordo com a Junta Distrital, o PLANO DE ACTIVIDADES PARA O ANO DE 1967.

A – INSTALAÇÃO DOS SERVIÇOS

Tendo em vista que a obra de construção se encontra já em fase adiantada, julga-se que a respectiva inauguração terá lugar no primeiro trimestre do próximo ano.

B – INTERNATO DISTRITAL DE AVEIRO

Por sugestão do Instituto de Assistência aos Menores a designação de Asilo-Escola Distrital de Aveiro foi substituída pela de Internato Distrital de Aveiro.

O ante-projecto elaborado pelos Serviços Técnicos de Fomento sofreu profundas alterações, em resultado das sugestões preconizadas pelo Instituto de Assistência aos Menores. Trabalha-se, presentemente, na elaboração de novo ante-projecto, esperando-se que no decurso do próximo ano tenha início a respectiva obra de construção.

 FOMENTO

I SERVIÇOS TÉCNICOS DE FOMENTO

O número de estudos e projectos, mandados elaborar pelas Câmaras Municipais do Distrito é cada vez mais acentuado, o que motivará o aumento do quadro do pessoal. No entanto, o assunto só poderá ser objecto de estudo após a instalação dos Serviços na nova sede, dada a exiguidade das actuais instalações.

IIPARQUE DE MÁQUINAS

Adquirida uma britadeira, que já se encontra ao serviço dos Municípios, outras máquinas serão compradas desde que os respectivos Corpos Administrativos nas mesmas se mostrem interessados e, para tanto, haja disponibilidades.

CULTURA

Está já publicado o primeiro número da Revista «Aveiro e o seu Distrito», envidando esta Junta Distrital todos os seus esforços no sentido de melhorar aquela publicação semestral.

Continuará este Corpo Administrativo empenhado na recolha de material para O Museu Etnográfico.

/ 83 / As Associações e Institutos culturais do nosso Distrito continuarão a merecer o apoio moral e financeiro que a Junta possa prestar-lhes.

ARQUIVO DISTRITAL

O Decreto-Lei n.º 46350, de 22 de Maio de 1965 criou, entre outros, o Arquivo Distrital de Aveiro, de cuja instalação nos vamos ocupar, em colaboração com a Inspecção Superior das Bibliotecas e Arquivos.

Nos termos da lei orgânica respectiva serão incorporados neste novo estabelecimento:

a) - Os cartórios paroquiais;

b) - Os cartórios notariais;

c) - Os cartórios das Sés, colegiadas e cabidos;

d) - Os processos cíveis, crimes e orfanológicos findos;

e) - Os papéis dos extintos mosteiros, existentes nas inspecções e repartições de finanças;

f) - Os papéis das repartições extintas e serviços cessantes;

g) - Os documentos das congregações religiosas extintas em 1911, ainda em poder das comissões locais de administração dos bens das igrejas;

h) - Todos os outros documentos que, nos termos da lei geral do País, devem recolher aos arquivos do Estado;

i) - Os documentos das câmaras municipais, salvo quanto aos concelhos em que existirem arquivos municipais com instalação e organização que pela Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes, forem considerados satisfatórios.

Afigura-se-nos dispiciendo salientar o interesse que resultará da instalação do Arquivo Distrital, pensando este Corpo Administrativo que no decurso do próximo ano poderá promover a respectiva instalação.

ASSISTÊNCIA

Na construção do novo Internato Distrital de Aveiro assenta, fundamentalmente, a acção que a Junta Distrital se propõe desenvolver.

Julgamos poder iniciar no próximo ano a respectiva obra de construção para o que contamos com a imprescindível comparticipação dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde e Assistência.

Quanto às Casas da Criança (Águeda, Albergaria-a-Velha e Mealhada), continua a aguardar-se a aprovação solicitada Superiormente para o projecto de ampliação da Casa da Criança da Mealhada, contando-se, também, levar a cabo as obras de conservação nos estabelecimentos assistenciais de Águeda e Albergaria-a-Velha.

São estas as realizações em que vamos ocupar a nossa actividade, no próximo ano, contando-se, para tanto, com as imprescindíveis comparticipações do Estado, com o precioso conselho dos Srs. Procuradores e, também, com a leal colaboração de todos os Membros da Junta Distrital que, no exercício das suas funções têm sido inexcedíveis em zelo, dedicação e espírito de unidade.

Aveiro, 23 de Novembro de 1967

O PRESIDENTE,

Dr. Aulácio Rodrigues de Almeida

 

BASES DO ORÇAMENTO PARA 1967

Atendendo a que ao Presidente da Junta compete preparar as BASES DO ORÇAMENTO ORDINÁRIO;

Considerando que pertence ao Conselho do Distrito discutir e votar aquelas Bases, nos termos do n.º 4.º do art.º 295.º do Código Administrativo;

No uso da competência que me confere o n." 5." do art.º 320.° do citado diploma, atendendo ao que preceitua o art.º 757.°, aplicável por força do disposto no art.º 787.º do Código Administrativo, tenho a honra de propor à discussão e votação do Digno Conselho do Distrito as seguintes BASES DO ORÇAMENTO ORDINÁRIO DA JUNTA DISTRITAL PARA O ANO DE 1967 :

BASE I

          CÔMPUTO APROXIMADO DAS DESPESAS A EFECTUAR

Com a manutenção dos serviços existentes, a realização de obras novas e a efectivação de certas despesas, calcula-se em cerca de 9.000.000$00 a despesa a efectuar por esta Junta Distrital no ano de 1967.

/ 84 /

BASE II

DISCRIMINAÇÃO DAS OBRAS DE INTERESSE PÚBLICO E SUA DOTAÇÃO APROXIMADA

No próximo ano propõe-se a Junta efectuar as seguintes obras novas:

1 - Melhoramentos urbanos;

a) Conclusão da obra de adaptação do edifício anexo ao Internato Distrital de Aveiro à sede dos serviços desta Junta Distrital – – – – – – – – – – – – –1.500.000$00 ;

b) Construção do novo Internato Distrital de Aveiro – – – 4.000.000$00:

c) Ampliação da Casa da Criança da Mealhada – – – – 250.000$00

2 - Outras obras e melhoramentos:

Prevê-se, também, obras de conservação nos edifícios onde estão instalados os estabelecimentos assistenciais, administrados por este Corpo Administrativo.

A fim de poder fazer face às obras já mencionadas, a realizar no próximo ano de 1967, conta esta Junta com as comparticipações do Estado nas percentagens habituais, com o saldo que transitará em 31 de Dezembro do ano em curso e ainda com as receitas gerais deste Corpo Administrativo.

BASE III

NOVOS LUGARES A CRIAR

Este Corpo Administrativo ,continuará a dedicar especial atenção aos pedidos de elaboração de estudos e projectos, feitos pelos Municípios do Distrito. Em ordem a possibilitar a respectiva elaboração, tanto quanto possível urgente, poderão vir a ser criados novos lugares nos respectivos quadros do pessoal dos Serviços Técnicos de Fomento.

Verificando-se em todos os Serviços acentuado aumento de trabalho, estudar-se-á, também, na altura que for julgada conveniente, a criação dos lugares indispensáveis, em ordem a obter-se o aperfeiçoamento nos respectivos Serviços.

BASE IV

Procurando-se dotar todos os Serviços dos meios indispensáveis à sua actuação proveitosa, envidaremos os nossos esforços no sentido de que estejam sempre presentes os princípios de economia e de sobriedade inerentes à sua finalidade de interesse público.

Junta Distrital de Aveiro, 23 de Novembro de 1966.

            O PRESIDENTE,

Dr. Aulácio Rodrigues de Almeida

 

páginas 77 a 84

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